A construção do texto e as exigências no que diz respeito ao que vinha sendo aplicado nos últimos anos mudou a partir da edição 2022 do Enem?
Não. Como um todo, a prova segue a diretriz da Grade de Competências e Habilidades que norteia a projeção da prova seja na parte objetiva com as questões seja na parte subjetiva da redação. Como divulgado na Cartilha do Participante e no Manual da Redação de 2022 pelo INEP, não há alteração na estruturação e nas recomendações para os alunos. Mantém-se o modelo tradicional de dissertação-argumentativa.
Com o que o estudante que vai fazer o Enem esse ano tem que se preocupar mais? Há uma fórmula infalível para uma redação acima da média?
Para garantir uma nota acima da média, o aluno não pode esquecer de três elementos básicos fundamentais: compreensão e discussão do tema na sua integridade, ou seja, o aluno não pode fazer o tangencialmente parcial, em que se discute o eixo, porém as palavras-chave são deixadas de lado. Além disso, vejo que a estruturação e delimitação das partes do texto - introdução, desenvolvimento e conclusão - precisam estar bem divididas, com atribuição de tradicionais quatro parágrafos, bem dividido em períodos. Por fim, o participante não pode deixar de trazer as informações de mundo, tradicionalmente conhecidos como os repertórios socioculturais, a fim de demonstrar conhecimento adquirido ao longo da formação acadêmica básica.
Como está a estrutura da redação do Enem hoje? Algo mudou ao longo dos últimos anos?
Tradicionalmente, a tipologia textual não é alterada, isto é, novos gêneros são criados, mas o que já existem se mantêm e são cobrados pelos vestibulares no país. Com isso, o participante deverá replicar essa estrutura atendendo às temáticas, informações e argumentações que sejam pertinentes. Pautando-se na originalidade, legitimidade e defesa do ponto de vista.
Como o número de inscritos mais uma vez mais baixo para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio, é possível que o número de notas 1000 despenque também?
Não vejo que a quantidade de inscritos influi decisivamente nessa questão. Por números totais, ainda que haja o decréscimo, não seria capaz qualitativamente de justificar. Se os professores sabem a estrutura, se temos alunos com muito acesso informacional, o motivo vai muito além da quantidade de inscrições. Trata-se ao meu ver de uma sequência de acontecimentos que geraram obstáculos principalmente no que diz respeito à habilidade de leitura e interpretação, associado também aos anos de pandemia que trouxeram lacunas do plano de ensino-aprendizagem que, infelizmente, traduzem-se em diversos resultados de provas de avaliação nacional.
Que dica você daria para os estudantes mais ansiosos? Há alguma forma de driblar toda essa ansiedade, nesse período cada vez mais próximo da realização das provas?
Àqueles que proferem sua fé, é uma semana em que a paz interior deve ser manifestada e, com isso, os alunos devotos às mais diversas religiosidades devem se apoiar nos seus credos para rogar pela paz e maturidade emocional. Além disso, tanto aos que creem e àqueles que não, o seio da família é fundamental nessa jornada final. O afago dos pais, irmãos, avós e até os membros da família estendida são um repouso ao estresse e cobrança. Acho que os alunos devem compreender sobre as possibilidades que foram feitas e foram suficientes, pois o ano de vestibular é decisivo e complexo, somado a muitas vezes às pressões sociais e pessoais, muitos alunos precisam agora reconhecer suas próprias vitórias e conquistas e não apenas projetar isso com a aprovação.