Muito se ouve falar sobre a enfermagem e muitas vezes surgem ideias culturais preconcebidas sobre essa profissão. Como você vê essas percepções comuns e quais são os principais estereótipos que precisam ser desmistificados?
É importante compreender que a enfermagem é frequentemente alvo de estereótipos que não refletem a realidade da profissão. Frases como "enfermagem por amor" ou "auxiliar do médico" refletem ideias culturalmente impostas que não levam em consideração a autonomia e a regulamentação da enfermagem como profissão independente, conforme estabelecido pela Lei nº 7.498/1986. Precisamos desmistificar essas ideias e reconhecer a enfermagem como uma parte essencial da equipe de saúde. Atualmente, a enfermagem é a maior categoria da área da saúde no Brasil, com mais de 2,5 milhões de profissionais, incluindo técnicos e enfermeiros.
Quais são as principais diferenças nas atribuições desses profissionais e como eles contribuem para a assistência à saúde?
Tanto os técnicos quanto os enfermeiros desempenham papéis cruciais na assistência à saúde, porém, suas atribuições variam. Os técnicos cuidam de tarefas que envolvem higiene, conforto e cuidados de saúde intermediários. Já os enfermeiros têm responsabilidades mais amplas, como sondagens, avaliação do estado do paciente, gestão da equipe e dos recursos, entre outras. Ambos desempenham papéis complementares na equipe de saúde.
A pandemia de COVID-19 trouxe um destaque adicional à enfermagem nos últimos anos. Como essa profissão tem sido afetada pela pandemia e quais foram os principais desafios enfrentados pelos profissionais?
A pandemia de COVID-19 trouxe à tona a importância da enfermagem, destacando o papel essencial que os profissionais desempenham na linha de frente. Enfrentamos desafios como escassez de recursos, longas jornadas de trabalho, riscos à saúde e emocionais. Essa experiência intensificou a luta pela implementação do piso salarial e por condições dignas de trabalho.
Você mencionou a luta pela implementação do piso salarial na enfermagem. Poderia explicar por que isso é fundamental e quais são os principais argumentos em prol de salários justos para os profissionais de enfermagem?
A subordinação da enfermagem à equipe médica tem suas raízes em um contexto histórico, no qual a medicina é vista como profissão desde 1220 e a enfermagem, desde 1860. É fundamental estabelecer regulamentações e parâmetros para os valores a serem pagos aos profissionais de enfermagem. A enfermagem desempenha um papel crucial na promoção da saúde e bem-estar, alinhando-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Salários justos são necessários para reconhecer o valor dessa profissão e garantir a qualidade dos serviços de saúde prestados. É uma questão de equidade e justiça.
Atualmente, a enfermagem está sendo associada a possíveis fechamentos de hospitais devido a questões salariais. Como a senhora enxerga essa situação e qual é a responsabilidade dos profissionais de enfermagem nesse contexto?
É preocupante que a enfermagem esteja sendo associada ao possível fechamento de hospitais devido a questões salariais. No entanto, é importante questionar se é justo que a enfermagem pague essa conta. Os profissionais de enfermagem merecem salários condizentes com sua importância para a sociedade, e essa discussão não deve recair sobre eles. Devemos buscar soluções que garantam a sustentabilidade dos hospitais sem penalizar a enfermagem.
Para encerrar, qual é a mensagem que você gostaria de transmitir sobre a enfermagem e seus desafios atuais?
A enfermagem é uma profissão essencial para a saúde e bem-estar da população. Devemos reconhecer o valor do trabalho dos profissionais de enfermagem e garantir que eles recebam salários justos e condições dignas de trabalho. É importante compreender que o amor pela profissão não pode ser usado como desculpa para a falta de valorização. A enfermagem merece o devido reconhecimento por seu papel fundamental na assistência à saúde.
Com informações da ascom da Estácio.