Josué, a questão da alfabetização é fundamental para a equidade no Brasil. Recentemente, o IBGE divulgou dados que mostram uma redução na taxa de analfabetismo, mas ainda temos desafios significativos. O que você pode nos dizer sobre esses números?
Josué Viana: Certamente, os números recentes do IBGE são um indicativo importante, mas não podemos nos dar por satisfeitos. A redução da taxa de analfabetismo de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022 é um passo na direção certa, mas ainda estamos longe de atingir as metas estabelecidas no Plano Nacional da Educação. A taxa mais alta de analfabetismo continua sendo no Nordeste, com 11,7%, o que evidencia as disparidades regionais em nosso país.
E quanto às desigualdades sociais relacionadas à alfabetização?
Josué Viana: A taxa de analfabetismo no Brasil é, sem dúvida, um marcador das desigualdades sociais. Basta observar a distribuição entre as unidades federativas, gênero, cor da pele e idade. Os números são alarmantes em estados como Piauí, Alagoas e Paraíba, onde as taxas de analfabetismo são bem mais elevadas do que a média nacional. Além disso, a diferença entre brancos e pretos ou pardos é significativa, especialmente entre os mais velhos. Isso reflete a necessidade de políticas específicas para grupos mais vulneráveis.
O Ministério da Educação apresentou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada como uma política pública. Como você vê essa iniciativa e quais são os desafios?
Josué Viana: O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada é um passo importante, pois foca na alfabetização das crianças na idade certa. A colaboração entre União, estados, municípios e Distrito Federal é crucial para o sucesso dessa iniciativa. Os cinco eixos propostos, como gestão, formação, materiais, infraestrutura, avaliação e monitoramento, são fundamentais para garantir que as crianças tenham as condições necessárias para aprender a ler e escrever.
E em relação aos jovens e adultos, o que podemos fazer para erradicar o analfabetismo?
Josué Viana: É crucial que mais políticas públicas sejam direcionadas aos jovens e adultos que ainda são analfabetos. A erradicação do analfabetismo é um esforço conjunto que deve envolver a sociedade civil organizada, incluindo a iniciativa privada. Devemos encarar a alfabetização como um pacto social que todos devemos cumprir. A equidade e a redução das desigualdades são metas que tornam possível a construção de uma sociedade melhor e mais justa, e a alfabetização é um passo fundamental nesse processo.
Com informações da ascom da Estácio