
Foto: Cláudio Santos/ Ag. Pará
Segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro e divulgada no ano passado, o número de leitores no País vem crescendo. Enquanto em 2011 o percentual da população que lia era de 50%, em 2015 esse número passou para 56%. E para incentivar a população a essa prática o Governo do Pará lança a campanha de incentivo à leitura “Ler pode mudar a sua história”.
A partir de uma ação integrada e coordenada pelas Secretarias de Estado de Educação (Seduc), de Cultura (Secult) e de Comunicação (Secom), juntamente com o Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC), Fundação Cultural do Pará (FCP) e Imprensa Oficial do Estado (IOE), a iniciativa vai unir forças para reforçar a importância da leitura como ferramenta de transformação.
Aliado ao Pará 2030 e ao Pará Ambiental, o Pará Social compõe o tripé de um programa macro, o Pará Sustentável, que busca um novo padrão de desenvolvimento para a Amazônia alicerçado na geração de conhecimento, produção e novas formas de gestão e governança. O Pará Social reúne todos os programas, projetos e ações desenvolvidas pelo governo do Estado promovendo um diálogo com os municípios para o fomento de políticas de promoção e proteção social. Políticas essas que incluem ações nas áreas da habitação, saúde, direitos humanos, segurança pública, esporte, lazer, arte, cultura e assistência social, sendo que nesta última concentra sua principal linha de atuação, especialmente na proteção e nos cuidados com a família, pela garantia dos direitos fundamentais e como incentivo ao protagonismo deste núcleo social.
Nesta entrevista, Heitor Pinheiro fala sobre as diretrizes do Pará Social e também sobre a campanha integrada de incentivo à leitura abraçada pelo governo do Estado como forma de incluir e integrar socialmente o indivíduo, dando a ele os instrumentos necessários para transformar a sua realidade.
De que forma as ações do Pará Social podem contribuir para o que o indivíduo desenvolva a cidadania plena?
Para preencher um pouco dessa lacuna que existe entre os serviços públicos e o acesso da população à informação sobre esses serviços, o governo do Estado adotou como estratégia a realização de campanhas, ao longo do ano, que trabalhem temas transversais na área social obedecendo a um cronograma com datas comemoradas nacional ou mundialmente. Por exemplo, no mês de março se trabalhou a questão da violência contra a mulher, e agora, no mês de abril, decidiu-se por colocar em prática uma grande campanha de incentivo à leitura.
Qual a importância desse tema no âmbito do combate à pobreza e à desigualdade?
A leitura é uma importante ferramenta de transformação social e de emancipação. Fazer com que as pessoas possam refletir, desenvolver nelas um senso crítico para que acompanhem as constantes mudanças pelas quais passa o mundo em redor delas, é acreditar que é possível transformar realidades a partir do acesso à informação. Quando falamos de conhecimento, estamos falando de informação. E o que vemos hoje é que ainda há situações em que as pessoas deixam de acessar os serviços por não terem conhecimento deles.
Nisso estão incluídas as novas tecnologias?
Entendemos que hoje, em função das múltiplas plataformas tecnológicas, promover o acesso à informação por meio da leitura implica em ir para além do livro tradicional. O livro ainda é simbólico, mas hoje existem outros meios que podem e devem ser disponibilizados para garantir o acesso, principalmente do público mais jovem, à informação.
O governo do Estado conta com uma rede de informação, que passa pelas escolas e bibliotecas públicas, para garantir ao cidadão o acesso aos serviços essenciais e, por conseqüência, a uma qualidade de vida melhor. Como o Pará Social se encaixa nesse contexto?
Escolhemos a leitura como eixo transversal de comunicação por acreditamos que ela pode transformar o mundo e também as pessoas. E para propagar essa ideia, o governo do Estado colocou toda a estrutura organizacional – órgãos, fundações, autarquias – para trabalhar de forma articulada e alcançar o maior número possível de pessoas, fazendo chegar até elas a mensagem da campanha
A leitura constitui então a grande ferramenta da campanha para o combate às desigualdades sociais?
O momento é de repensarmos conceitos. Quando o governador declara de forma contundente que precisamos combater a pobreza e a desigualdade é por entender que o acesso à informação hoje está dentro de um conceito multidimensional onde pobreza não significa apenas a ausência ou insuficiência de renda. Pobreza é também ter pouco ou nenhum conhecimento, é deixar de acessar serviços básicos de saúde, educação, assistência, habitação, cidadania e tantos outros que poderiam assegurar melhorias sociais pela falta de conhecimento acerca deles. Falar de desigualdade é ir muito além do conceito econômico de pobreza e dos índices perversos de violação de direitos - seja contra a criança, a mulher, o idoso, os indígenas ou qualquer outro grupo socialmente vulnerável - que nós temos o dever de combater. E isso começa com a conscientização do cidadão sobre os seus direitos. Nesse sentido, a leitura é, incontestavelmente, uma ferramenta de combate a qualquer tipo de violência contra a dignidade humana.