Quando o senhor teve contato com as Ostras?
A convivência com as ostras vem desde a juventude, há 50 anos, quando conheci o manuseio ainda em Santa Catarina, no balneário de Camboriú em uma localidade chamada Laranjeiras, em um cultivo de ostras.
Qual a diferença de trabalhar com a ostra em relação a outros mariscos?
- Trabalhar com a ostra é trabalhar com a natureza, de sol a sol, é a vida real. Sinto um enorme prazer em acompanhar desde a colocação da semente até o crescimento total. É uma experiência diária trabalhar com o manejo do cultivo, as peculiaridades da influência do meio ambiente e o comportamento de ostras, tudo isso são ensinamentos constantes e aguçam a nossa capacidade de observação, é isso que lhe traz o conhecimento e acabam se transformando em momentos de grande felicidade.
Então é um estudo constante?
- Com certeza, mudou a minha vida e de minha esposa, porque tivemos que tomar a decisão de aprender, empreender, organizar, criar e se reinventar.
São muitas etapas da cadeia produtiva?
- São, passa pelo cultivo, pela reunião e trabalho de parceiros, pelo talento criativo, pelas receitas criadas na cozinha, pela comercialização e pela divulgação do resultado da culinária gourmetizada e harmonizada.
Quando o senhor se estabeleceu no Pará?
Em 2009 adquirimos a terceira barraca na praia do Atalaia, eu e minha esposa ficamos encantados com a cor do mar que se destacava no horizonte no meio da imensidão do mar aberto, então colocamos o nome de Verde Mar na barraca.
E como vocês começaram a comercialização das ostras?
Teve um fator decisivo foi quando conhecemos o Fernando Mariano, consultor do Sebrae, em 2015, que nos apresentou ao projeto de ostreicultura do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, chamado “Ostra da Amazônia”, da Rede Nossa Pérola, que reunia produtores de ostras dos municípios de Curuçá, Maracanã, Salinópolis e Augusto Correa, formando uma cadeia de oito (8) associações que representavam o segmento econômico no estado do Pará. A Rede Nossa Pérola, naquela época, estava entrando em Salinópolis. Estimulado por Fernando Mariano, começamos a comercialização das ostras in natura e logo tomamos a decisão em incluir ostras em nosso cardápio.
Quais foram os desafios enfrentados pra ter regularidade nessa comercialização?
Para garantir o produto, fomos apresentados aos produtores Carlos Jorge Reis Cruz e Miguel Edson Silva Reis e passamos a comprar o molusco da Associação de Nova Olinda, em Augusto Correa, entidade com farta oferta de ostras de qualidade. Mas com o aumento da comercialização de ostras vieram os problemas de logística que refletiram na aquisição continuada do molusco em municípios mais distantes.
E como vocês resolveram esse problema de logística?
Foi quando a Ana Abreu, gestora do projeto “Ostras na Amazônia Negócios Sustentáveis” pelo Sebrae, percebendo a nossa dificuldade em se deslocar constantemente para comprar as ostras, sugeriu que a gente se tornasse um ostreicultor em Salinas. Eu e minha esposa tomamos um susto com a ideia, mas tomamos a decisão de assumir um novo desafio de o nosso próprio cultivo próprio de ostras para vender em nosso restaurante e garantir o atendimento da nossa demanda. Fomos integrados na Associação de Aquicultores e Pescadores de Salinópolis (ASAPAQ) e assim nos tornamos produtores de ostras da região do Salgado, em Santo Antônio de Urindeua.
E como foi essa experiencia como produtor?
No centro o protagonista ostra e a frente, a condução das mãos e do amor pelo trabalho do senhor Carlos Marlicheschi junto com sua esposa e parceira, Ivone Teresinha Oliveira. Trabalhar com a ostra é trabalhar com a natureza, de sol a sol, é a vida real. “Sinto um enorme prazer em acompanhar desde a colocação da semente até o crescimento total”, disse Carlos Malicheschi, produtor, empreendedor, comerciante e, atualmente, chefe de cozinha especializado em ostras.
É uma experiência diária trabalhar com o manejo do cultivo, as peculiaridades da influência do meio ambiente e o comportamento de ostras, tudo isso são ensinamentos constantes e aguçam a nossa capacidade de observação, é isso que lhe traz o conhecimento e acabam se transformando em momentos de grande felicidade. A convivência com as ostras na vida de Carlos Marlicheschi vem desde a juventude, há 50 anos, quando conheceu o manuseio com o molusco ainda em Santa Catarina, no balneário de Camboriú em uma localidade chamada Laranjeiras, em um cultivo de ostras.
No mesmo balneário também trabalhou em um restaurante de origem japonesa que mantinha nos pratos do cardápio a ostra.
Em 2009 adquirimos a terceira barraca na praia do Atalaia, eu e minha esposa ficamos encantados com a cor do mar que se destacava no horizonte no meio da imensidão do mar aberto, então colocamos o nome de Verde Mar na barraca.
Do sul para o Norte, depois de muitas empreitadas e já estabelecido no município de Salinópolis, no Pará, adquiriu no ano de 2009, a terceira barraca na praia do Atalaia que chamou de “Verde Mar”. O nome foi definido por conta da cor do mar que se destacou ao olhar para o horizonte em meio a imensidão do mar aberto. O colorido encantou o casal.
Teve um fator decisivo foi quando conhecemos o Fernando Mariano, consultor do Sebrae, em 2015, que nos apresentou ao projeto de ostreicultura do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, chamado “Ostra da Amazônia”, da Rede Nossa Pérola, que reunia produtores de ostras dos municípios de Curuçá, Maracanã, Salinópolis e Augusto Correa, formando uma cadeia de oito (8) associações que representavam o segmento econômico no estado do Pará. A Rede Nossa Pérola, naquela época, estava entrando em Salinópolis.
Estimulado por Fernando Mariano, começamos a comercialização das ostras in natura e logo tomamos a decisão em incluir ostras em nosso cardápio.
Para garantir o produto, fomos apresentados aos produtores Carlos Jorge Reis Cruz e Miguel Edson Silva Reis e passamos a comprar o molusco da Associação de Nova Olinda, em Augusto Correa, entidade com farta oferta de ostras de qualidade. Mas com o aumento da comercialização de ostras vieram os problemas de logística que refletiram na aquisição continuada do molusco em municípios mais distantes.
Foi quando a Ana Abreu, gestora do projeto “Ostras na Amazônia Negócios Sustentáveis” pelo Sebrae, percebendo a nossa dificuldade em se deslocar constantemente para comprar as ostras, sugeriu que a gente se tornasse um ostreicultor em Salinas. Eu e minha esposa tomamos um susto com a ideia, mas tomamos a decisão de assumir um novo desafio de o nosso próprio cultivo próprio de ostras para vender em nosso restaurante e garantir o atendimento da nossa demanda. Fomos integrados na Associação de Aquicultores e Pescadores de Salinópolis (ASAPAQ) e assim nos tornamos produtores de ostras da região do Salgado, em Santo Antônio de Urindeua.
E como foi essa experiencia como produtor?
Foi incrível, começamos a vender mais do que conseguíamos produzir, o que nos obrigou a voltar a comprar ostras fora de Salinas. A demanda foi um estímulo para decidimos pela compra de terras a fim de atender a nossa produção própria. Ai tomamos a decisão de nos associar ao produtor José Adriano Fonseca da Costa em 2018, adquirimos mais um sítio de 74 hectares, banhados pelo rio São Paulo na comunidade de Santo Antônio e colocamos o nome de “Santuário das Ostras”.
Qual a produção hoje de Ostras depois de todo esse investimento?
Começamos com 100 mil sementes; em 2019, a colocação de sementes de ostras atingiu 500 mil unidades; em 2020, 600mil, em 2021, aproximadamente 800 mil e para 2022 a expectativa é atingir 1,5 milhão de sementes de ostras colocadas para crescimento. O cultivo do santuário das Ostras é visto como um dos mais promissores no Estado.
É preciso entender, no entanto, que apesar do crescimento relacionado ao número de sementes, existe uma perda natural entre 30% a 35% por conta da presença de predadores como o peixe pedra e peixe tipo baiacu, a sapecuara e o mexilhão, entre outros parasitas, todos predadores naturais. Outro item que contribui para perda de ostras está relacionado ao excesso de lama. Por conta da perda natural, a produção real de ostras vivas da propriedade Santuário das Ostras, em 2021 atingiu o quantitativo aproximado de 450 mil.
Quantas pessoas trabalham com vocês nessa propriedade?
Atualmente, geramos trabalho direto para 10 famílias da região e estimulamos os trabalhadores do “Santuário das Ostras” a terem seus próprios cultivos como opção de rendimento a mais todo fim de ano.
Existe classificação das ostras?
Sim, quanto maior a ostra maior valor agregado. As ostras passam por uma classificação. As ostras gordas, são as bem cheias e quanto maiores ficam, menor quantidade de ostras por “travesseiros”. De 70 a 100 mm as ostras estão em tamanho adequada para o consumo. Acima de 100 mm são consideradas como ostra máster – uma casca maior e uma carne mais espessa. Os produtores da região trabalham vislumbrando o valor agregado das ostras balizado pelo crescimento.
Com o crescimento do mercado o que tem de novidade na cadeia produtiva?
Com o apoio do Sebrae acompanhado do cenário favorável ao crescimento; uma produção de origem conhecida; a busca pela certificação artesanal em andamento e ainda com o incentivo de instituições como o Rotary 4720 e o Rotary Internacional, há um estimulo para a implantação da Cooperativa de Ostreicultores do Estado do Pará, fato que aconteceu em outubro de 2021, reunindo, inicialmente mais de 20 cooperados. Aí acabei me tornando o primeiro presidente da Cooperativa recém criada em Salinas.
Que benefícios essa cooperativa traz?
Entre os benefícios da organização dos produtores, destaco a saída da informalidade. Assim os produtores se tornam empreendedores do próprio negócio. Um exemplo de empreendimento que gera melhoria da qualidade de vida às famílias envolvidas e o crescimento da economia baseada no desenvolvimento de uma cadeia produtiva sustentável, ambientalmente correta e socialmente justa.
Em breve, os cooperados poderão se utilizar do beneficiamento do produto ostra a partir da aquisição de material, implantação do frigorífico de uso coletivo aos produtores, do acesso ao crédito e entre outras facilidades.
Como se faz o MANEJO DE OSTRAS?
Coloca-se as sementes em quantidade dentro das telas de 1 metro por 50 cm (travesseiro) e a cada 45 dias faz-se o manejo que implica na limpeza, retirada de ostras mortas e de invasores e a substituição de telas conforme o tamanho das ostras.
É comum começar o cuidado das ostras em travesseiros com telas de 4 mm, 6 mm, 8mm, 14 mm podendo chegar a utilização de travesseiros com telas com até 21 mm, estágio, este, que as ostras já cresceram, portanto, espaçamento maior é necessário para uma lavagem adequada que garantirá a qualidade das ostras vivas.
Conforme o crescimento da ostra, vai diminuído a quantidade de ostras nos travesseiros onde elas crescem e engordam (travesseiros).
A ostra para ser comercializada deve ter de 40 a 70 mm, chamada de ostra baby; de 70 a 100 mm as ostras estão em tamanho adequada para o consumo. Quanto maior a ostra maior valor agregado. Acima de 100 mm são consideradas como ostra máster. Ganham valor.
Como o senhor se tornou Chefe especializado em ostras?
O cultivo logo cresceu e a demanda também. Acabei tendo que seguir em busca de mais qualificação, assim fui em 2018 para Santa Catarina (SC) a fim de fazer um estágio dentro do Ostradamus, um dos melhores e mais famosos restaurantes do mundo especializados em ostras. Com isso consegui me especializar como mestre de cozinha em ostras
O que significa para o senhor hoje servir esses pratos?
Cozinhar é a arte de inventar e exige acima de tudo simplicidade, conhecimento e criatividade para transformar. Aliás, deliciosa arte! Uma verdadeira alquimia que precisa de energia para enfeitiçar e encantar diariamente aqueles que provam de suas criações gastronômicas. Quero fazer valer essa arte todo santo dia.
Da onde nasceu essa alcunha reis das ostras?
Acho que veio primeiro por conta da grande produção que temos, acho que por todo empenho em trabalhar em toda cadeia produtiva e também pela própria cozinha e especialização quando divulgamos mais de cem receitas criativas, harmonizados e gourmetizados a base de ostras.
Essas receitas estão disponíveis onde?
No livro Amor e Ostras de autoria de autoria de Edson Coelho de Oliveira e Christina Hayne, que teve projeto gráfico e diagramação de Tuxaua e fotografia e edição do fotógrafo João Ramid. Essa publicação destaca a nossa estória, minha e da minha esposa Carlos Ivone Teresinha Oliveira e a relação com as ostras e o sucesso alcançado por meio da mistura de produtos e sabores que resultou em mais de 100 receitas com o produto, No livro são apresentadas 51 dessas receitas hoje disponibilizadas no cardápio da Barraca Verde Mar- O Rei das Ostras em Salinópolis.