Economia
Foto: Antônio Silva/Ag. Pará
O governador Simão Jatene participou, junto com a presidente Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (25), em Barcarena, no nordeste do Estado, da cerimônia de inauguração do complexo portuário Miritituba–Barcarena, iniciativa da multinacional Bunge, considerada hoje uma das maiores empresas de agronegócio e alimentos em atuação no Brasil. O investimento, de cerca de R$ 700 milhões, incluiu a construção de uma Estação de Transbordo, em Miritituba (em Itaituba, no sudoeste do Estado), e do Terminal Portuário Fronteira Norte (Terfron), localizado em Barcarena. Com isso, fica estabelecida uma nova rota de escoamento de grãos que vem do centro-sul para serem exportados via Norte do país.
Simão Jatene, o secretário de Estado de Educação, José Seixas Lourenço, e a diretora-presidente do Instituto Synergos, Wanda Engel, assinaram, com a Fundação Bunge – braço social da empresa – um termo de compromisso que assegura a participação da empresa no Pacto Pela Educação do Pará, um esforço integrado, liderado pelo governo do Estado, que visa aumentar gradativamente os índices da educação básica do Estado pelos próximos anos.
O governador agradeceu à Fundação Bunge pela iniciativa e reiterou os esforços que vêm sendo feitos pelo governo para superar os grandes desafios existentes no Pará, entre eles, a melhoria na qualidade da educação pública. “Costumo dizer que precisamos fazer uma tripla revolução: pelo conhecimento, pela produção e por novas formas de gestão e governança, e o Pacto pela Educação demonstra exatamente o esforço dessa caminhada”, destacou Jatene.
O governador do Estado também fez uma ampla reflexão sobre o grande potencial da região, que, paradoxalmente, sofre com questões como o perverso pacto federativo em vigor hoje no país. “Estamos em uma região que representa 60% do território brasileiro, que abriga 10% da população e que gera ainda pouco mais de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Ela apresenta enormes desafios, mas também é uma fantástica janela de oportunidades a todos aqueles que se determinam a construir uma sociedade melhor”, pontuou.
Para Simão Jatene, é fundamental que o país comece a enxergar o Norte como “a grande saída desse país”, especialmente no que se refere à questão da logística, que envolve, por exemplo, a exportação de grãos para o exterior. “No Pará, por volta dos anos 90, a mineração representava em torno de 3% do PIB e contribuía para arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com algo próximo a 16%. Em 2010, a mineração saltou para 27% do PIB, mas contribui hoje com apenas 4% do ICMS. Nesse sentido, uma rediscussão que envolva o sistema tributário e fiscal brasileiro não é desafio deste ou daquele governo, mas de toda a sociedade brasileira, incluindo aí as empresas”, asseverou o governador.
“Claro que queremos ser um grande porto exportador, mas também desejamos que esse porto se transforme em uma porta de desenvolvimento, de agregação de valor àquilo que aqui for produzido, para que o Pará continue contribuindo com o Estado brasileiro, como sempre fez historicamente, mas que possa fazer isso da forma mais ética, mais justa e mais correta, que é o seu próprio desenvolvimento”, completou.
Expansão – A presidente Dilma Roussef disse que “agora é a hora do Norte e do Centro-Oeste, pois Sul e Sudeste já construíram sua infraestrutura”. Segundo ela, o país passou um longo tempo sem investir de forma sistemática e planejada em infraestrutura, o que só fez com que aumentasse o desafio de organizar a cadeia logística.
“Temos que sair da matriz centrada em rodovias para outra que combine todos os modais, em especial enfatizando o ferroviário e o hidroviário. Para isso, precisamos do investimento privado, das parcerias público-privados e dos investimentos públicos. Queremos, junto com o setor produtivo, estabelecer as melhores bases para ampliar a competitividade da economia brasileira, primordial para o nosso desenvolvimento. Esse é o nosso compromisso, pois é assim que continuaremos gerando empregos e oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”, enfatizou.
Nesse sentido, segundo a presidente, obras como a conclusão da ferrovia Norte-Sul, o derrocamento do Pedral do Lourenço, as hidrovias dos rios Tapajós e Madeira, entre outras, como a expansão dos portos, são fundamentais para aproveitar a vocação da região, “que é deslizar pelas águas dos seus rios”. “O empreendimento que viemos inaugurar está bem na encruzilhada do desafio que é o fato e a necessidade de termos uma estrutura logística adequada ao tamanho da nossa produção, da nossa produtividade e do nosso potencial”, considerou Dilma Rousseff.
“Precisamos de esforços privados, públicos e de parcerias público-privadas para que possamos fazer uma grande mudança na atual logística de escoamento da produção brasileira, hoje concentrada no Sul e no Sudeste. Por isso, o governo vem fazendo vários investimentos, para desenvolver uma nova rota exportadora pelo Norte do país, o que não só é uma exigência econômica, como lógica. Além disso, o Norte e o Centro-Oeste são regiões que, nas últimas décadas, tornaram-se os principais polos de produção agrícola do país, que precisam de um sistema de transporte que proporcione menor custo e mais rapidez para o embarque das safras para exportações”, concluiu.
A cerimônia de inauguração do complexo portuário foi acompanhada por ministros, deputados federais e estaduais e prefeitos de vários municípios da região, além de produtores rurais e empresários do setor do agronegócio.
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