Cultura
Será lançado durante a XVIII Feira Pan-Amazônica do Livro, um resgate dos instrumentos musicais produzidos pelos indígenas da Amazônia brasileira. Trata-se do livro “Instrumentos Musicais Indígenas: a arte e a Coleção Etnográfica Curt Nimuendaju do Museu Paraense Emílio Goeldi”, realizado em parceria entre a Fundação Carlos Gomes, o Museu Paraense Emílio Goeldi e a Imprensa Oficial do Estado. De autoria dos pesquisadores Edir Lobato Duarte e Maria das Graças Santana da Silva, a sessão de autógrafos será no dia 2 de junho, às 19h, no estande da Imprensa Oficial.
O livro apresenta uma seleção de 36 instrumentos musicais de diversos povos indígenas da região citada, e conta que os primeiros estudos sobre música brasileira remontam a relatos de viajantes naturalistas e etnógrafos como Spix e Martius, Alfred Russel Wallace, Theodor Koch-Grünberg, Curt Nimuendaju durante os séculos XIX e XX. Nessa época, segundo os pesquisadores, foram constituídos os primeiros arquivos fonográficos, como os de Berlim, por exemplo. No Brasil, instituições dessa natureza também se formaram, a exemplo do Museu Paraense Emílio Goeldi.
O livro descreve instrumentos como os maracás, das etnias Tukano e Tiriyó; a buzina de taboca das etnias Urubu Kator e Munduruku; o chocalho de casco da etnia Machacai; a Flauta de Taboca da etnia Aruá; a flauta de osso, de etnia não identificada, entre outros. Segundo os pesquisadores, Curt Nimuendaju foi o primeiro a organizar a coleção etnográfica do Museu Goeldi em um catálogo, em 1921.
Os instrumentos foram classificados em: aerófonos, que dependem da interferência do ar; aerófonos livres, onde o som é produzido em contato direto com o ar; idiófonos, instrumentos de percussão; e cordófonos, instrumentos de corda. Alguns deles têm nomes bem curiosos como: ocarina de cabaça, pião sonante, tubo de imbaúba, buzina de barro, instrumento de casco de jabuti, tambor de carapaça de tracajá, flauta de osso de veado, buzina de envira, flauta tocada pelo nariz, apito de unha de caranguejo, entre outros.
Edir Lobato observa que o estudo dos objetos etnográficos “leva a nos defrontar com elementos representativos da memória dos povos, dos aspectos simbólicos, produtivos e das técnicas, usos e funções de que são dotados em seu lugar de origem”. Segundo ele a relevância do projeto “justifica-se por se tratar de um trabalho inédito e inovador”, que tem o objetivo de contribuir para o conhecimento e divulgação do patrimônio brasileiro.
“Com publicações dessa natureza, abrimos um leque de oportunidades para os pesquisadores da região e valorizamos o ensino da música, permitindo que os autores regionais tenham um maior conhecimento sobre a produção artística, acadêmica e científica na área musical na Amazônia”, explica o superintendente da Fundação Carlos Gomes, Paulo José Campos de Melo.
Para Claudia Leonor López Garcés, antropóloga e curadora da Coleção Etnográfica Curt Nimuendaju, “o rico e complexo universo da Coleção Etnográfica Curt Nimuendaju, do Museu Paraense Emílio Goeldi, abre diversas perspectivas de ação no campo da pesquisa e nas atividades de curadoria, visando à conservação, estudo e divulgação dos patrimônios culturais dos diversos povos indígenas e populações tradicionais da Amazônia”.