Inclusão
Foto: Sidney Oliveira/Ag. Pará
A primeira cooperativa do Brasil formada exclusivamente por detentas fica no Pará. O registro da Cooperativa de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) foi feito esta semana na Junta Comercial do Estado (Jucepa). A iniciativa da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) conta com 21 cooperadas. Na manhã desta terça-feira (1º), as presas tiveram um encontro com o governador Simão Jatene, que, na ocasião, entregou o registro formalizado da Coostafe.
“Foi uma enorme caminhada no sentido de encontrar o ponto jurídico necessário para construir essa cooperativa. É com muita satisfação que podemos afirmar que mulheres que estão com a liberdade condicionada nesse momento poderão, de forma cooperativa, produzir com CNPJ, concorrendo e vendendo para o mercado”, disse o governador.
A presidente da Coostafe, Risoneide Pereira, disse que as internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) sentem-se orgulhosas em serem as primeiras detentas do Brasil a receber o registro. “É muito bom saber que a partir de agora seremos um exemplo para outras presas, outras mulheres, que podem continuar em busca de seus sonhos, não importa a condição em que se encontram”, afirmou.
Hoje, o Centro de Recuperação Feminino abriga cerca de 600 presas, a maioria na faixa de 40 anos, sendo que 70% delas cumprem pena por tráfico de drogas. A diretora do CRF, Carmen Botelho, relembra quando tudo começou. “A cooperativa surgiu quando percebemos que havia no centro uma grande quantidade de mão de obra feminina ociosa. Resolvemos criar alguns cursos na unidade, em que elas mesmas eram as instrutoras. Chamamos mulheres que sabiam fazer crochê, fuxico e outros tipos de artesanato. O resultado foi uma grande quantidade de produtos. Foi então que decidimos montar uma cooperativa, e hoje receber o nosso CNPJ é um sonho realizado”, observou.
O presidente da Jucepa, Paulo Sérgio Pinheiro, parabenizou a criação da cooperativa pela responsabilidade social do projeto e, principalmente, pelo pioneirismo da ação. Na opinião do superintendente da Organização de Cooperativas do Brasil (OCB) no Pará, Manoel Teixeira, o registro da cooperativa das detentas do CRF é considerado um marco histórico. Segundo ele, o movimento cooperativista no Estado já existe há 43 anos, mas somente agora a Lei de Apoio e Incentivo ao Cooperativismo Estadual foi aprovada. A lei assegura convênio com a Jucepa, a criação de um vogal e suplente conselheiros da Jucepa e a possibilidade de implantar a disciplina do cooperativismo nas escolas.
“Poder acompanhar hoje o registro das cooperativas das presidiárias é algo inovador e estimulante, por se tratar da primeira cooperativa no Brasil criada dentro de um presídio”, afirmou Manoel Teixeira, informando que o que existe em outras regiões são parcerias que o poder público-privado faz com os detentos, mas sempre pelo lado de fora. “Essas mulheres foram capacitadas para o cooperativismo, negócio que tem de dar resultados tanto para elas, quanto para os cooperados e para a sociedade”, finalizou.
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Primeira cooperativa do Brasil formada por detentas fica no Pará