
Órgãos municipais e estaduais localizados nos municípios de Colares e Vigia de Nazaré, ambos no nordeste paraense, sofrem, desde o início de março, com interrupções na transmissão do sinal de internet, o que têm gerado perdas não apenas para os órgãos públicos, mas, principalmente, para a população. Isso por causa de seguidos furtos dos cabos e equipamentos do cluster (contêiner onde ficam os equipamentos que ligam a cidade digital) do Navegapará no município.
Só este ano, a cidade digital de Vigia foi alvo de vandalismo quatro vezes, deixando sem internet também os municípios vizinhos de São Caetano de Odivelas e São João da Ponta, que são imediatamente atingidos quando Vigia fica fora do ar. “Desde baterias estacionárias, no-break, malha de aterramento, até ar condicionado, cadeados, fiação elétrica e cabeamento do contêiner já foram furtados”, conta Arlene Siqueira, gerente de Produção e Serviços da Empresa de Processamento de Dados do Pará (Prodepa).
O gestor regional da Unidade de Negócios do Nordeste da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Neuton Castro Gonçalves, cita que sem internet o atendimento ao público fica bastante prejudicado. “Se o cliente estiver com o abastecimento de água cortado e quiser ver seus débitos para regularizar a situação, não tem como. Só é possível solicitar ligação nova ou religação de forma manual, já que não é possível emitir a ordem de serviço, o que diminui muito a agilidade do atendimento”, diz. Outras instituições, como escolas e infocentros, também tem sido afetadas pela dificuldade de comunicação.
Em Vigia, além da Cosanpa, estão ligados à rede do Navegapará: o Instituto Federal do Pará (IFPa), a Universidade Federal do Pará (UEPa), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a delegacia da Polícia Civil, o 12º Batalhão da Polícia Militar, o Ministério Público, a Oitava Zona Eleitoral, a Escola Estadual Antônio Teodoro Leal, Escola Estadual Castilho França, Escola Estadual Presidente Kennedy, Escola Estadual Bertoldo Nunes, o Infocentro da Associação dos Trabalhadores de Pesca de Vigia (Atapavi), o Infocentro Colônia dos Pescadores Z 3, a Prefeitura Municipal de Vigia, as Secretarias Municipais de Educação, Meio Ambiente, Saúde e Ação Social, o Centro de Saúde, o Telecentro Santa Rita e ponto de acesso livre à internet que atende a população.
Por causa da série de furtos, a Prodepa já gastou, só no primeiro semestre de 2014, quase R$ 60 mil em mão de obra e equipamentos novos. O valor corresponde ao que foi gasto para a substituição de equipamento nos 14 casos de vandalismo registrados até junho, em cinco municípios diferentes. A cidade campeã é Colares (com cinco vezes), seguida de Vigia (4 vezes) e Marituba (3 vezes). Bragança e Quatipuru foram furtadas uma vez este ano.
Cada nova ocorrência de vandalismo inviabiliza o acesso à rede de dados corporativa a todos os órgão do Governo do Estado naqueles municípios e em municípios vizinhos, com consequências para as áreas de segurança, saúde e educação. É preciso que as prefeituras cumpram as obrigações previstas nos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados, ou seja, manter vigilância nas estações rádio base localizadas em cada município, além de manter parceria nas despesas decorrente de manutenção corretiva e preventiva dos equipamentos nas áreas de acesso público. “A Prodepa, juntamente com a área de segurança pública, está tomando providências para minimizar os furtos de equipamentos”, assegura Fernando Nunes, diretor de Tecnologia e Comunicação da Prodepa.