Saúde



Foto: Carlos Sodré /Ag. Pa
Motoristas em carros particulares, ônibus e motociclistas que passaram pela Rodovia BR-316 nesta sexta-feira (25) receberam orientações e alertas para evitar acidentes. A preocupação com as estatísticas dos atendimentos no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência mobilizou cerca de 60 voluntários na campanha de educação no trânsito e prevenção de acidentes. Com o tema “Pare, salve vidas!”, os voluntários fizeram a ação das 16 às 20 horas na faixa de pedestre próxima ao hospital, com o objetivo de sensibilizar especialmente os motoristas que saíram da Região Metropolitana de Belém (RMB) rumo às praias.
Além dos funcionários, participaram da ação o diretor geral do hospital, Rogério Kuntz, e o diretor de Urgência e Emergência, José Guataçara, além do secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco. A ação teve a participação de servidores do Hospital Público Estadual Galileu, que dá retaguarda de leitos ao Metropolitano, e ainda teve apoio do Serviço Móvel de Urgência e Emergência (Samu 192), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento de Trânsito do Estado (Detran-PA).
Somente este mês, na atual temporada de férias, já foram registrados pela PRF 228 acidentes, com seis vítimas fatais e 222 feridos. “Os números são graves e representam um impacto muito grande na saúde pública e até na economia, e por isso é tão importante mostrar para condutores, motociclistas, ciclistas e pedestres que esta deve ser uma preocupação coletiva, de toda a sociedade”, disse Hélio Franco.
Rogério Kuntz frisou que os números do Metropolitano são preocupantes, porque, em média, dos acidentes registrados pela PRF, a parcela de sobreviventes que chega ao hospital representa quase 30% dos atendimentos, e isso somente só nos acidentes de automóveis. Nos acidentes envolvendo motocicletas, o quadro é ainda mais grave, representando 52,5% dos internados só neste ano. Em números absolutos, de janeiro a junho, o trânsito foi responsável pelo atendimento de 4.018 pacientes, que resultaram em 2.461 internações. Desse total, as internações que envolveram motociclistas somaram 1.291 casos, mais da metade dos registros.
O diretor do hospital disse que a preocupação com o quadro é uma realidade que exige atitude permanente de toda a sociedade, que precisa reagir diante das consequências, dos acidentes. “Nossa intenção é mostrar que, tanto na estrada quanto na cidade, os acidentes causam um grande impacto na saúde pública, afetam diretamente a vida das pessoas na família e até nas empresas e na economia dos municípios. A mensagem da nossa campanha é direta, de que os motoristas podem salvar vidas também se dirigirem com prudência, respeito ao pedestre, se forem obedientes à legislação e, sobretudo, se não beberem álcool quando estiverem ao volante”, ressaltou.
A campanha – que também ocorre no próximo fim de semana – é um pontapé inicial, que não vai se restringir ao período das férias. “A intenção é que se faça uma ação por mês, abordando questões pontuais, como os acidentes com motos; em novembro, o hospital vai participar novamente do Dia Mundial em Memória das Vítimas do Trânsito”, acrescentou o diretor.
O quadro dos motociclistas atingidos no trânsito também é um reflexo nacional, e as ocorrências percorrem escalas crescentes e desafiam as autoridades do trânsito e da saúde em geral. O médico José Guataçara disse que, em percentuais, as vítimas de acidentes com moto representam a maior parcela dos atendimentos no hospital. “Isso é gravíssimo, e não é exagero dizer que é assustador, porque as estatísticas sempre apontam tendência de crescimento. É por isso, também, que precisamos investir em informação direta e campanhas de alto impacto, para que as pessoas acordem para o problema. Só quem dirige um veículo pode, em grande parte, evitar um acidente”, aferiu.
Impactos – Os números gerais também seguem uma tendência do que ocorre no Brasil, com 46 mil brasileiros mortos no trânsito todo ano, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicados recentemente pela revista “Exame”, que apontam que o custo dos acidentes também repercute na economia. Só os acidentes com vítimas fatais representam 5% do Produto Interno Bruto (PIB), considerando custos hospitalares, danos materiais e perdas em consequência dos óbitos, já que quase sempre as vítimas estão em plena fase produtiva da vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou, recentemente, que as perdas com as vítimas da violência urbana no Brasil, incluído o trânsito, seriam ainda mais custosas financeiramente, equivalendo a 7% do PIB.
Um dado dos dados gerados pelo Hospital Metropolitano ilustra com perfeição o que diz o Ipea sobre o impacto dos acidentes na economia nacional: das vítimas internadas ano passado, 31,3% eram da faixa etária de 20 anos a 29 anos, e as da faixa de 30 anos a 39 anos representaram o segundo maior número de internados. Somados, os dois segmentos de pessoas com plena capacidade produtiva representaram mais de 50% das internações em 2013.
Esses dados provocam muitas discussões no âmbito da saúde, tal o custo que representam na operação do Metropolitano. “Temos que computar, também, os custos pós-alta hospitalar, pois o paciente continuará o tratamento ambulatorial e quase sempre na fisioterapia”, explica o diretor geral, Rogério Kuntz. (Texto da Ascom Hospital Metropolitano)
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