Cultura




Foto: Carla Fischer/ Ascom Seter
Turbantes, tranças, roupas e pinturas corporais. Esses são alguns dos elementos representativos do cotidiano de comunidades quilombolas e indígenas do Pará que estão sendo mostrados ao público de Belém na III Feira do Artesanato Paraense (Fesarte Pará) que acontece no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia simultaneamente com a Feira do Artesanato Mundial (FAM). Os eventos reúnem a cultura de diversos municípios, Estados e países, com o tema “Do tradicional ao contemporâneo: O artesanato está no dia a dia”. As feiras têm 70 estandes decorados com traços da identidade, beleza e funcionalidade das tradições de cada município.
“Um dos destaques da Fesarte é a venda de produtos das comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas, e a interação com o público. As mulheres quilombolas estão fazendo tranças e turbantes, e mostrando o vestuário aos visitantes. Já os indígenas estão lotando suas barracas com as demonstrações de pinturas corporais, pinturas de cuias e cestarias”, conta Glória Pereira, coordenadora do Programa de Artesanato da Secretaria de Estado de Trabalho Emprego e Renda (Seter).
Na entrada da feira, o visitante recebe um brinde das mulheres quilombolas, uma abayomi - boneca negra feita de pano amarrado e nós, que significa aquele que traz paz, felicidade ou alegria. Segundo elas, as mães africanas passavam meses em um navio negreiro com seus filhos, e rasgavam a barra de suas saias para fazer uma abayomi, e assim dar um pouco de felicidade às crianças.
Simbologia - “As abayomis possuem a simbologia de desejar tudo de bom a quem se dá. Os escravos capturados para o Brasil vinham no navio em um espaço que media no máximo um metro. Os adultos não conseguiam ficar eretos. Muitos chegavam doentes ou morriam durante a viagem. As crianças conseguiam correr livremente pelo local, mas naquele cenário a única distração e motivo de felicidade era brincar com suas abayomis”, conta a quilombola Eurídice Santos, arquiteta e artesã.
“Acho essa feira muito interessante. É uma miscigenação de culturas num único e ótimo espaço, onde podemos andar com calma e apreciar muita coisa bela, com qualidade e preços acessíveis. E as apresentações culturais são indescritíveis”, disse a assistente social Jandira Silva, visitante da feira. Além das demonstrações do cotidiano dessas comunidades, todos os dias são apresentadas danças típicas dos 63 municípios, envolvendo crianças, jovens e idosos.
A Fesarte e a FAM prosseguem até domingo, sempre a partir das 15 h, com uma vasta programação, incluindo desfiles, degustações, apresentações de dança e música, palestras e oficinas abertas ao público. “O objetivo principal da Feira do Artesanato Mundial, em parceria com a Feira do Artesanato Paraense, é fortalecer a identidade cultural do Estado. E como o público também gosta de conhecer um artesanato diferenciado, demos esse apoio aos Estados e países que estão expondo seus produtos na feira”, disse Ilda Alves, coordenadora da FAM.
Números - Só nos quatro primeiros dias dos dois eventos 25 mil pessoas visitaram o Hangar, movimentando R$ 480 mil com a comercialização de 32 mil produtos. A meta da organização do evento, a cargo da Charph Eventos e da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), é atingir a marca de R$ 882 mil em vendas até o encerramento da programação, no domingo (31).
Um dos atrativos da edição deste ano é a liberação de entrada gratuita ao público das 15 às 18 h, até esta quinta-feira (28). Os visitantes que não conseguirem ir ao Hangar hoje pagarão ingresso de R$ 6,00 (com meia-entrada para estudantes). A renda dos ingressos será revertida para os artesãos participantes da feira.
Serviço: A Feira do Artesanato Paraense prossegue até 31 de agosto, das 15 às 22 h, no Hangar.