Trabalho
Foto: ASCOM EMATER
Sueli Hinze, de Balneário Camboriú (SC), confecciona sabonetes e cremes feitos à base de leite de cabra, arroz e outros componentes. Randall Félix, de Brasília, produz luminárias e outros itens de decoração feitos a partir da fibra do sisal e ainda de alumínio e tecido. Em comum os dois artesãos têm o fato de estarem pela primeira vez em Belém, divulgando e vendendo seus produtos na Feira do Artesanato Mundial (FAM), que é realizada até domingo, 31, no Hangar Centro de Convenções, paralelamente à III Feira do Artesanato Paraense (Fesarte).
Dezesseis estados de todas as regiões do Brasil estão expondo e comercializando seus produtos artesanais na FAM, por meio do programa do Artesanato Brasileiro (PAB), fruto da parceria entre a Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter) e o governo federal e organizado pela Charph Eventos.
Participam da feira, por meio do PAB, artesãos de Goiás, Paraíba, Maranhão, Ceará, Amazonas, Tocantins, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Santa Catarina, Amapá e do Distrito Federal.
“Até então, a região Norte estava inacessível para os artesãos das outras regiões, por conta da logística, principalmente. Nós entramos em contato com o governo federal e elegemos o Pará como porta de entrada, pois aqui, em comparação aos outros estados nortistas, há mais suporte de infraestrutura”, diz Hilda Alves, da Charph Eventos. A expectativa é fortalecer e manter essa parceria e na próxima edição da FAM trazer os 26 estados.
Expansão de mercado
André Franco, gerente de artesanato da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás, destaca a facilidade que a parceria entre o programa e o evento proporciona ao artesão. “Trouxemos do Programa de Artesanato Goiano, 2.500 peças de cerâmica, madeira e fibra vegetal e o artesão, por si, não teria como comercializar essas peças no mercado de Belém”, ressalta. A comercialização, segundo Franco, é um dos principais “gargalos” da atividade e está sendo trabalhado nas coordenações estaduais do programa.
Para muitos artesãos, em especial das regiões mais distantes geograficamente, comercializar no Pará, em Belém, era antes, um sonho impossível. “Sem essa oportunidade eu não teria como ter acesso ao mercado paraense”, enfatiza Randall, que participa do PAB desde 1997 e atualmente produz cerca de 200 peças por mês.
Já para Sueli, além de poder vir a Belém, mostrar às paraenses seus cosméticos, a ocasião também é de troca. “Aproveitei o momento para conhecer os óleos de copaíba e andiroba. Essa participação na FAM me ajudou em 100%, nunca pensei antes em vender aqui”, exalta a artesã, que participa do programa há quatro anos e tem uma produção mensal de 500 cosméticos.
Além de visitantes, as grandes empresas, como o segmento da hotelaria, também encontraram itens artesanais nas feiras. Do Ceará, O Programa de Artesanato e Economia Solidária, trouxe artigos de decoração como potes de argila, de 1,50m, panelas de argila e ainda cadeiras, sofá e estante fabricadas com cipó de fogo, uma raiz de mangue, muito comum na região. “Em Fortaleza, comercializamos para o ramo de hotéis e aqui em Belém esperamos conquistar uma nova clientela”, diz Beth Freitas, da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará.
Programa do Artesanato Brasileiro
O PAB está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, conforme o decreto nº 1.508, de 31 de maio de 1995, e atua na elaboração de políticas públicas envolvendo órgãos das esferas federal, estadual e municipal, além de entidades privadas, priorizando a geração de ocupação e renda, e o desenvolvimento de ações que valorizem o artesão brasileiro.
O programa é representado em cada uma das 27 Unidades da Federação por meio das Coordenações Estaduais do Artesanato, visando a geração de trabalho e renda e a melhoria do nível cultural, profissional, social e econômico do artesão.
As feiras, que têm a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), seguem até o próximo domingo, 31, a partir das 15h, com uma programação que inclui desfiles, degustações, apresentações de dança e música, palestras e oficinas. Entrada a R$ 6 (com direto a meia).