Inovação
Foto: ASCOM NGTM
Já iniciaram os trabalhos para a implantação dos “jardins filtrantes” na obra de prolongamento da Avenida João Paulo II. Além de ter uma finalidade paisagística, os jardins vão oferecer um ganho ambiental ao tratar águas poluídas, que hoje são lançadas no Parque Ambiental do Utinga. Na manhã desta sexta-feira (29), a obra foi inspecionada pelo engenheiro, arquiteto e urbanista, Thierry Jacquet, responsável pelo projeto, acompanhado por Marilena Mácola, diretora executiva do Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano NGTM, e equipe técnica.
A tecnologia ambiental chamada de “jardim filtrante” permite tratar águas provenientes de esgotos de municipalidades e efluentes industriais. Trata-se de uma técnica, com patente internacional, para despoluição com o uso de plantas. A água é absorvida pelo jardim e passa por uma série de filtros plantados, nos quais diversas reações acontecem no solo, estimuladas pela atividade das plantas e dos micro-organismos da rizosfera (região onde o solo e a raízes das plantas entrem em contato). Posteriormente, a água passa por um filtro vertical, e depois por outro filtro horizontal, que a despeja em um reservatório plantado, onde as impurezas são filtradas.
“O projeto conta com um eficiente sistema de captação e tratamento de águas provenientes das seis bacias de contribuição, que hoje estão sendo lançadas diretamente no Parque do Utinga. Isso eliminará a contaminação dos mananciais da cidade e reduzirá o índice de doenças causadas por mosquitos, trazendo mais qualidade de vida para a comunidade”, explicou Cesar Meira, diretor geral do NGTM, sobre os benefícios que os “jardins filtrantes” trarão para os Lagos Água Preta e Bolonha, que abastecem Belém. Segundo ele, a nova via funcionará como uma barreira física e sanitária para a Área de Preservação Ambiental (APA) Belém.
Os trabalhos de implantação do sistema iniciaram nesta sexta-feira, e a previsão de entrega da obra é abril de 2015. Um dos destaques do projeto é a possibilidade de integração dos jardins à cidade, por não ocasionar mau cheiro. Dessa forma, é viável a sua integração em parques ou áreas ambientais dentro das cidades, já que as plantas tratam as águas usadas do bairro. Todos esses benefícios são aliados ao paisagismo que proporciona à cidade.
Credibilidade - O coordenador do projeto em Belém, Thierry Jacquet, é também o fundador, presidente e idealizador da Phytorestore, empresa francesa detentora do sistema. Ele também é responsável por projetos urbanísticos voltados para as plantas e a gestão de água.
“A vinda do Thierry a Belém foi de extrema importância para a consolidação da proposta, frente à constante preocupação de protegermos o Parque Estadual do Utinga. Com a via João Paulo II completamente já aberta, foi possível ao Thierry ter a clareza do volume e velocidade com que as águas de esgoto estão chegando ao Parque e, com isso, ajustar o projeto desenvolvido”, destacou Marilena Mácola.
A Phytorestore foi fundada em 2004, e desde então concebe e realiza os jardins filtrantes. A empresa já implantou cerca de 200 projetos no mundo, em países como França, Marrocos, China, Tunísia, Alemanha, Argélia, Singapura, Antilhas Francesas e Venezuela. Entre os projetos de maior destaque, que receberam premiações, estão: Despoluição do Rio Sena, em Paris, em 2006 – concurso internacional; Projeto do Pavilhão Francês na Exposição Universal de Shangai, China, em 2010; Prêmio, em 2008, com o bairro ecológico de Wuhan, na China, e Prêmio Pollutec com o Club Med, nas Ilhas Maurício, em 2009.
A equipe técnica do NGTM conheceu a tecnologia em uma exposição realizada pela Phytorestore na cidade. “A implantação dos jardins filtrantes é fácil e a manutenção pode ser feita por empresas locais, sem a intervenção de especialistas internacionais, e também com a utilização de materiais e plantas locais. Além disso, a composição estética e a integração na paisagem do sistema de tratamento permitem uma recomposição vegetal do local e sua valorização”, detalhou Marilena Mácola.
Desenvolvimento- O prolongamento da Avenida João Paulo II compreende o trecho entre a Passagem Mariano e a Rodovia Mário Covas. A nova via possuirá acostamentos, ciclovias e calçadas, respeitando os preceitos legais de acessibilidade. Também contará com sistema de drenagem, iluminação pública e monitoramento de segurança. Sete passarelas para pedestres serão implantadas ao longo da via, às proximidades dos seis pares de pontos de ônibus urbanos. Toda a obra terá 4,7 quilômetros.
A avenida contará com duas pontes, uma com 220 m, a 60 metros da Passagem Mariano, transpondo a ponta do Lago Bolonha, e a outra (com 232 m), a 200 m da Rua da Pedreirinha, transpondo a ponta do Lago Água Preta. A nova avenida será uma via metropolitana de duas pistas para tráfego geral, cada uma com 10,50 metros de largura, dividida em três faixas de tráfego com 3,50 metros cada, 2,50 metros de acostamento, 2,50 metros para ciclovia bidirecional e 2 metros de calçada do lado esquerdo, e 1,20 m do lado direito, no sentido Passagem Mariano/BR-316, separada por canteiro central.