Vitrine
Com 92 mil visitantes e uma comercialização direta de R$ 2 milhões e 200 mil, a 4ª edição da Feira do Artesanato Mundial (FAM) e a 3ª Feira Estadual do Artesanato Paraense (Fesarte) superaram as expectativas da organização do evento. Além dos números, as duas feiras serviram como vitrine para a divulgação da cultura produzida por populações tradicionais do Estado, como indígenas e quilombolas, que dividiram com artesãos de 23 países e 17 cidades brasileiras a atenção do público que visitou o Hangar entre os dias 23 e 31 de agosto.
Os dois eventos, juntos, geraram 2100 empregos, sendo 1300 diretos. Somente a Fesarte mobilizou 350 expositores, gerando R$ 1,2 milhão em vendas diretas e mais os lucros futuros que serão gerados até o final do ano por conta da Rodada de Negócios. Segundo Atenilda Alencar, da Charph Eventos, organizadora da FAM e Fesarte, ao lado da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), "o grande diferencial das duas feiras é a oportunidade de divulgação e negociação”. Para Glória Pereira, da Seter, o artesanato paraense 'roubou a cena', no bom sentido, superando as estimativas e dobrando os números do ano passado. “Este ano trouxemos 63 municípios e duplicamos os valores nas vendas diretas, mas o diferencial foi a participação dos quilombolas e indígenas. Eles foram o grande chamariz”, constatou.
Entre os beneficiados com essa repercussão estão os representares da etnia Munduruku. Só do município de Itaituba foram trazidas 193 peças, das quais 80% foram comercializadas. “Mas o que nos surpreendeu foi o interesse do público pela pintura corporal. Cinco indígenas trabalharam com o jenipapo - corante natural - e, juntos, faturaram mais de R$ 1.500,00. Todo o lucro será revertido para a própria comunidade”, disse Delival Batista, técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) de Jacareacanga, que trouxe os indígenas.
O casal Antônia e Geraldo Souza, do município de Capitão Poço, também atendidos pela Emater, comercializaram toda a produção trazida à feira e ainda voltam para casa com dezenas de encomendas feitas. Eles venderam 300 garrafas de mais pura andiroba, processada manualmente – um serviço que leva mais de 15 dias para envasamento de única garrafa – e também 150 garrafas de mel puro. “Estou com uma encomenda grande para mandar para São Paulo e Santa Catarina. Chegando em casa, já temos mais trabalho para atender nossos novos clientes”, comemorou Antônia.
Para Ângela Aquino, coordenadora do Grupo de Mulheres da Associação dos Agricultores do Gleba Guajará do Curuçambá, em Ananindeua, o apoio da Emater foi essencial para a participação da comunidade, que expôs a produção de licores artesanais, alguns com sabores inusitados e até exóticos, ao público das feiras. “Os sabores de jambu, gengibre, menta e maracujá cremoso foram os que mais tiveram saída. Ter essa chance de mostrar nossa produção foi incrível. Além do conhecimento que adquirimos, fizemos excelentes contatos. O bom dessa programação é que aqui tem espaço para todos”, comemorou a artesã.