Economia
Foto: Ascom Seicom
A terceira edição da Feira do Artesanato Paraense (Fesarte Pará), realizada junto com a IV Feira do Artesanato Mundial (FAM), registrou a comercialização de 44.100 peças, oriundas de 63 municípios, 17 Estados e 23 países. No último dia (31), o volume das duas feiras ultrapassou R$ 2,2 milhões em vendas diretas. A estimativa dos organizadores da Fesarte Pará é de cerca de R$ 1,2 milhão, e da FAM, R$ 1 milhão. Mais de 90 mil pessoas visitaram as feiras, realizadas no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, nos dez dias de evento. A Fesarte também proporcionou a geração de cerca de 2.200 empregos diretos e indiretos.
Segundo o artesão Francisco Meneses, do estande do Festival da Cobra Grande, que trabalha com biojoias, o movimento foi intenso, principalmente nos três últimos dias de evento. “A visibilidade é grande, e o movimento torna tudo lucrativo. As pessoas são curiosas e procuram saber da história dos produtos também”, disse ele.
“Em comparação à primeira feira, na qual o lucro foi de quase R$ 265 mil, e à segunda edição, de 550 mil, a terceira edição foi um sucesso nas vendas diretas. E os artesãos vão continuar lucrando até o fim do ano com as encomendas da Rodada de Negócios”, ressaltou Glória Pereira, uma das coordenadoras do Programa Estadual de Artesanato, da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter). A organização ficou a cargo da Chapp Eventos e da Seter, que só nos oito meses de 2014 já capacitou cerca de 1.600 artesãos.
Instalada em um espaço de 8,5 mil metros quadrados, a Fesarte é uma das principais vitrines para divulgação da produção regional. Junto com a FAM, o evento reuniu a cultura de diversos municípios, estados e países, em torno do tema “Do tradicional ao contemporâneo: O artesanato está no dia a dia”, para mostrar, em 70 estandes, a beleza, a tradição e a funcionalidade do trabalho artesanal.
“Participei das três edições. Meu estande a cada ano é mais visitado, e o lucro também é cada vez maior. Cerca de 100 pessoas passam para conhecer o meu trabalho, vindo do município de Abaetetuba”, disse a artesã Gilda Brandão, que trabalha com frutos do miriti, junto com mais três artesãos.
As Ilhas Indígenas, um dos diferenciais da feira, mostraram produtos tradicionais da biodiversidade dos povos das etnias Tembé e Munduruku, apoiados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) e da etnia Wai-Wai, com o apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Os produtos artesanais foram comercializados diretamente pelos indígenas presentes na feira. Também foram montadas as Ilhas Quilombolas, que retrataram o cotidiano social das comunidades remanescentes de quilombos.
Homenagem - A artesã Páscoa Alves Macedo, quilombola da comunidade Camiranga, no município de Cachoeira do Piriá (nordeste paraense), teve seu trabalho premiado pela qualidade, criatividade e valor cultural. “Minhas peças são vendidas em várias regiões do Brasil, pois já fiz negócios com diversos lojistas através da Rodada de Negócios. O artesanato é uma arte, e esse dom nasceu comigo”, disse ela.
Participando do evento pela primeira vez, o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) apoiou os Estados que mandaram representantes ao evento em Belém. “Além da oportunidade, a feira tornou-se um espaço de socialização, valorização e integração cultural de diversas expressões da cultura amazônica e de outras regiões. Nessa edição, a quantidade de municípios participantes foi maior”, informou Glória Pereira.
Uma pesquisa realizada durante o evento constatou que o público já aguarda pela feira. “Todos os anos acompanho a feira. Espero ela começar para comprar produtos que são muito mais caros em outras lojas. Notei que a cada ano está até maior. Espero que ela continue, pois fico encantada com as novidades que aparecem em cada edição”, disse a empresária Ana Paula Carvalho.
Na Rodada de Negócios, representantes de 12 Estados brasileiros, que trabalham com produtos específicos, negociaram com os artesãos. Entre os pedidos estavam peças rústicas para ambientação de casas e hotéis, arte plumária, arte ribeirinha, sacra e indígena, peças em barro, bijuterias com semente, objetos de miriti e cestos de palha e fibras.
A comercialização na Rodada de Negócios ficou em torno de R$ 500 mil, mas encomendas ainda estão sendo feitas. A Fesarte deve gerar mais R$ 1 milhão em negócios até dezembro de 2014.
O artista plástico Matheus Veloso disse que, na feira, conseguiu “uma grande visibilidade de minhas obras. Na feira consigo vender, encomendar e divulgar”. “O fluxo de pessoas que entram e conhecem meu trabalho é maior a cada edição do evento”, reiterou Francisca de Araujo, artesã que trabalha com bordados, tapetes e redes em Santarém, no oeste paraense.
No final da feira, todos os expositores e artesãos do Pará que participaram das oficinas receberam um certificado de qualificação da Seter.
Cadastro - Segundo pesquisa no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro, o Pará possui 3.200 artesãos cadastrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), ligado ao Programa do Artesanato Brasileiro, mantido pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República.
Do total de artesãos cadastrados, 22% são do sexo masculino e 78% do feminino. Desses, 61% possuem renda familiar abaixo de um salário mínimo; 33% possuem renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, e 6% têm renda familiar acima de 3 salários mínimos.