Missão de Fé
É impossível ficar indiferente à maior festa do povo paraense, que, além do caráter religioso, já faz parte da cultura do Estado. O Círio de Nazaré exige um esforço coletivo para ser realizado. São centenas de pessoas envolvidas na organização, além de serviços nas áreas de saúde, segurança e prevenção de acidentes. Alguns funcionários do Estado unem o trabalho à devoção, e prestam suas homenagens auxiliando os fieis que vão cumprir suas promessas.
A história pessoal e profissional do Tenente-coronel Reginaldo Pinheiro, chefe de Planejamento de operações do Corpo de Bombeiros, está intimamente ligada com o Círio. Desde criança o devoto de Nossa Senhora de Nazaré participa do Círio. A partir do início da vida acadêmica, como cadete, essa ligação com a festa ganhou outros contornos. Ele passou a acompanhar de perto toda a movimentação da procissão azarena do posto onde ficava destacado, na Praça Santuário.
Vinte e um anos depois, o oficial comanda as duas romarias rodoviárias de Belém para Ananindeua e de Ananindeua para Icoaraci. “Por eu estar envolvido com a chefia do planejamento é um trabalho que me exige mais. Para se ter uma ideia, são dias em que saio daqui do quartel bastante tarde, por volta de nove da noite, me dedicando para este planejamento. São várias atividades que exigem uma organização detalhada para que tudo saia no horário e conforme o previsto”, explica.
Entretanto, a preparação para o esperado segundo final de semana de outubro não é apenas técnica. O profissional dedica-se também fisicamente. “No dia do Círio, os militares acordam muito cedo e precisam estar bem alimentados e preparados para essa missão. Venho me condicionando fisicamente porque no momento das operações do Círio vamos encontrar algumas situações que vão exigir um esforço a mais da gente. Há uma grande concentração de público e os casos daquelas pessoas que passam mal e precisam de um auxílio imediato e técnico”, explica.
E mesmo quando a vida pessoal é sacrificada, em virtude do trabalho, o bombeiro relata que a família é bastante compreensiva, pelo o que ele se sente recompensado. “No dia do Círio a gente tem um prazer a mais, eu me sinto revigorado e posso estar 24 horas, o dia todo, trabalhando que não sinto o cansaço. Já teve ano em que o Círio coincidiu com o aniversário da minha filha e eu fui privado de estar com ela para servir à população e a Nossa Senhora. A sensação que tenho quando trabalho no Círio é de como se fôssemos uma bateria de automóvel, recarregando as energias. Aquele momento da procissão pra mim é também um momento de agradecimento de todas as vitórias, de todas as conquistas, de tudo que passei no ano anterior para o ano atual”, diz.
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