Celebração








Foto: Eliseu Dias/Ag. Pará
Uma missa presidida pelo arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, em frente ao Colégio Gentil Bittencourt, deu íncio à Trasladação, quinta procissão oficial do Círio de Nazaré, neste sábado, 11. A berlinda com a Imagem Peregrina chegou à Catedral da Sé pouco antes da meia-noite, encerrando um percurso de quase cinco horas. E como nos anos anteriores, registrou centenas de homenagens e manifestações de fé ao longo do trajeto.
Sentada em uma cadeira estrategicamente colocada na esquina da Avenida Nazaré com a Rui Barbosa, dona Amélia Fonseca, 62, ressaltou o privilégio de poder assistir a procissão tão de perto. “Cheguei cedo com a minha filha e estou achando lindo demais. Conseguimos colocar nossas cadeiras, mesmo com tanta gente passando. Não tivemos nenhum problema, até porque tem muita segurança próximo da romaria”, contou.
Na Avenida Presidente Vargas, o espetáculo produzido pelo Grand Coral, sob uma chuva de papel picado, marcou as homenagens a Nossa Senhora de Nazaré, em frente ao Banpará. Ao mesmo tempo, no palco instalado em frente à Estação das Docas, outro coral, formado por internos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), embalava a multidão que se dirigia lentamente à Sé com canções como “Maria, Maria” e “Vós Sois o Lírio Mimoso”.
Os internos integram o Grupo Timbres, composto por homens e mulheres reinseridos socialmente por meio do canto e da música. O projeto mudou a forma como cada um deles encarava a vida dentro e fora dos Centros de Recuperação. “Eu era dependente química e foi a oportunidades de fazer parte do coral que me fez deixar o vício. Hoje eu percebo que esta foi uma porta muito grande que Deus me abriu”, relatou Jenifer Hellen de Almeida, hoje soprano do Timbres.
Carmem Botelho, diretora do CRF e coordenadora do projeto, explica a origem do grupo.” Hoje o coral tem uma composição de homens e mulheres, mas logo no início, ainda no Tribunal de Justiça, era apenas feminino e se chamava ‘Do Re Mi Faz Melhor’. E nós tínhamos, também na Susipe, um grupo composto por homens que se chamava ‘Acordes Livres’. Em outubro do ano passado decidimos reunir os dois grupos e criar o Timbres. Com essa nova formação já nos apresentamos em vários eventos públicos", relatou.
Antes de integrá-lo ao grupo musical, a Susipe faz uma seleção do perfil musical e da conduta do preso. “Fazemos uma seleção a partir da voz, sob a supervisão da nossa maestrina. Depois da aprovação vocal, passamos à análise do comportamento e da vida de cada candidato. Todos recebem apoio técnico com psicólogos, assistentes sociais e terapeuta, para que entendam como funciona e a importância do projeto", detalhou.
Eu já tinha uma experiência musical, isso já estava no meu sangue. E quando surgiu a oportunidade, primeiramente de fazer parte do Acordes, lá no CRC, eu não pensei duas vezes. Depois de algumas apresentações do grupo, onde eu toco violão e tambem sou corista, fomos convidados a nos reunir com as meninas do CRF no Timbres. A vida mudou desde então. Além do entretenimento, temos melhores relacionamentos, somos vistos com bons olhos. Tudo isso motiva a gente a dar continuidade nesse trabalho do coral”, explica o detento e músico Josimar Ferreira de Oliveira.
Além do Grupo Timbres, o palco da Estação também recebeu as cantoras Liah Soares, Nanna Reis, Núbia de Freitas e Banda Agnus, além da soprano Patrícia Oliveira.