Religiosidade
Na manhã deste domingo (23), cerca de 130 mil fiéis participaram do 62º Círio de Nossa Senhora das Graças, na vila de Icoaraci, distrito de Belém. Com o tema “Maria, a mãe da evangelização”, a procissão percorreu um trajeto de aproximadamente 06 quilômetros, entre as principais ruas da vila. Durante a romaria, que partiu da frente da Igreja de São Sebastião, a padroeira recebeu várias homenagens, como a tradicional queima de fogos, feita pelos artesãos e comerciantes locais, e a prestada pelo Governo do Pará.
Ainda na Igreja de São Sebastião foi celebrada uma missa pelo monsenhor Raimundo Possidônio, que já foi pároco da vila. “É uma alegria, como icoraciense, estar aqui, embora não seja mais da paróquia, e participar dessa grande festa, que expressa a devoção e o amor que o nosso povo tem por Nossa Senhora das Graças. É um dia de atrair muitas bênçãos de Deus. O próprio ícone dela representa isso, a expressão das graças que se derramam de suas mãos sobre aqueles que as pedem. E assim, com certeza, ela hoje está do céu olhando, de modo muito carinhoso para este povo, e atendendo tantas preces e tantas súplicas que brotam dos corações das pessoas, a partir de suas necessidades. e que sobem aos céus”, disse o monsenhor.
Entre os fiéis estava Maria de Fátima Brito, que há 31 anos mora em Icoaraci e participa da festividade. “Pra mim é uma devoção que nunca se acaba, e nem quando eu partir deste mundo para o Senhor acabará. Umas das muitas graças que recebi está fazendo seis anos. Meu filho bebia, fumava, e um dia eu dobrei meus joelhos, derramei minhas lágrimas, entreguei meu filho para o Senhor e disse que ia pagar o voto à Maria Santíssima. Hoje, ele está afastado dos vícios”, contou Maria de Fátima.
Raimundo Nonato da Silva, 25 anos, aproveitou o Círio como devoto, mas também como comerciante, vendendo tolhas coloridas com desenhos da Virgem. “Sou católico, tenho muita fé em Nossa Senhora. Estou aguardando há seis meses uma cirurgia, e decidi trabalhar vendendo as toalhas para ajudar a pagar as despesas, os remédios. Vou rezando, pedindo a graça a Nossa Senhora e trabalhando também pra isso”, disse ele.
Aos 67 anos, Maria Jovita Pureza fez questão de participar de toda a romaria. “Em 92 eu sofri um acidente de trabalho, fiquei dois anos sem andar e fiz uma promessa a Nossa Senhora. Hoje eu ando, sem muita firmeza, mas ando e vou devagarzinho até o final, com fé”, afirmou.
Música e emoção - Também participaram da festividade religiosa o governador Simão Jatene e a primeira dama, Ana Jatene. Eles assistiram a homenagem feita pelo Governo do Estado, com a apresentação da cantora Patrícia Oliveira, em um palanque montado na Praça Matriz. “É um momento de muita emoção. O Círio sempre é um momento de comunhão. As pessoas se doam muito para isso. Recompensa você, através do seu trabalho e de sua arte, poder prestar essa homenagem a Nossa Senhora das Graças”, declarou a cantora lírica.
“Quando a gente vê os jornais, vê a televisão, o sentimento que a gente tem é que realmente o mundo, que todos os homens, precisam se reencontrar com seus valores mais profundos, que são a crença, a fraternidade, a solidariedade. Momentos como este, do Círio, terminam sendo uma parada nesse corre-corre, nessa vida do dia a dia atribulado, e permite a cada um fazer este exercício: o reencontro com a sua fé. É por isso que é sempre um momento muito especial, e é por isso que só tenho duas coisinhas a dizer: Feliz Círio! Que este momento recarregue as baterias para enfrentar o dia a dia e os desafios que todas as pessoas de bem têm para construir uma sociedade melhor”, ressaltou o governador Simão Jatene.
O Círio terminou pouco depois do meio-dia, com a benção do arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, na Igreja Matriz, aos milhares de fiéis, oriundos de Icoaraci e de ilhas próximas.