Alternativas



Foto: ASCOM SECTI
Técnicos de prefeituras municipais paraenses fizeram nesta quinta-feira (27) visita técnica à Ilha Grande, em Belém, e à Ilha do Maracujá, no Acará, para conhecer duas tecnologias sociais voltadas ao abastecimento de água em regiões ribeirinhas do Estado. A visita marcou o término da oficina “Tecnologias sociais de abastecimento de água na Amazônia”, que abriu a programação oficial do II Fórum Paraense de Tecnologias Sociais, promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com a Rede Paraense de Tecnologias Sociais (RTS-PA), nas últimas terça (25) e quarta-feira (26).
A oficina teve a parceria do Fórum do Desenvolvimento Sustentável das Ilhas e do Centro de Estudos e Aplicações em Logística e Meio Ambiente (Cealma), cujas representantes proferiram palestra sobre educação ambiental, ressaltando a importância da água para a vida. No decorrer da capacitação, os participantes puderam conhecer a legislação acerca do controle da qualidade da água, o funcionamento das tecnologias sociais abordadas, a montagem delas e as análises necessárias para garantir a potabilidade necessária.
“A gente não imaginava a abrangência de informações que a oficina teria acerca da questão da água em nosso Estado. Entramos em contato com projetos novos e perfeitamente aplicáveis à realidade amazônica”, afirmou a coordenadora de educação ambiental da Prefeitura de Santana do Araguaia, Telma do Nascimento.
A visita técnica se iniciou na Ilha Grande, onde está instalado, desde 2011, o sistema de captação de água de chuva idealizado pelo grupo de pesquisa Aproveitamento de Água da Chuva na Amazônia, Saneamento e Meio Ambiente da UFPA (Gpac-Amazônia), integrante da RTS-PA. “A lógica do sistema é reunir o máximo de material de baixo custo e de fácil manutenção. Há uma série de etapas para a instalação dele, desde a avaliação do terreno até a educação ambiental que deve ser feita para que os beneficiários entendam a importância de se ter uma água de qualidade”, explicou o professor e coordenador do Gpac, Ronaldo Mendes.
“Mesmo com o sistema, já chegou a faltar água aqui na Ilha quando há períodos de pouca chuva, mas ter essa alternativa ajuda muito as famílias daqui, principalmente na diminuição de doenças causadas pelo consumo de água poluída e na questão financeira, já que íamos comprar água em Belém para atender as nossas necessidades”, afirmou a moradora da ilha Zeliete Ferreira.
Purificação – Depois da Ilha Grande, os técnicos visitaram a Ilha do Maracujá, onde está instalada a tecnologia Salta-z, desenvolvida pela Superintendência Estadual da Fundação Nacional de Saúde no Pará (Funasa/ Suest-PA). A tecnologia consiste em um sistema de coleta da água do rio, que é conduzida por meio de canos até um reservatório elevado, onde ocorre um processo de floculação para concentrar as impurezas primárias da água e viabilizar o respectivo descarte. Um percentual de cloro é inserido na água captada que, antes de ser consumida, passa por um processo de filtração de excelência, feito por minerais com estrutura porosa, denominados zeólitos.
“Esse sistema é ideal para comunidades que têm energia elétrica para garantir o funcionamento da bomba responsável por puxar a água do rio. Os minerais usados na tecnologia são facilmente encontrados na capital e custam, em média, R$ 600. Pode parecer caro, mas a durabilidade deles é de oito anos e o sistema pode atender diversas famílias. Nesta ilha cerca de 20 famílias usufruem da água captada pelo sistema”, explicou o biólogo da Unidade Regional de Controle da Qualidade de Água da Funasa, Leonardo Lima Ribeira.
Durante a oficina, as participantes foram estimulados a elaborar e executar projetos voltados às regiões rurais e ribeirinhas dos seus municípios que envolvam o uso das tecnologias sociais apresentadas na capacitação. “São alternativas fundamentais e urgentes na minha região. Irei convocar os demais secretários municipais para que agilizar o processo de implantação desses sistemas nas diversas regiões ribeirinhas do nosso município”, afirmou o secretário-adjunto da Secretária de Gestão e Planejamento do município de Novo Repartimento, Márcio Roberto.