Incentivo

“O esporte é uma porta aberta para a gente mostrar o nosso potencial, para nós, deficientes visuais, vencermos o preconceito”. Assim o estudante Renan Mendes Martins, 17 anos de idade e aluno do sétimo ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Jorge Lopes Raposo, do distrito de Icoaraci, portador de baixa visão, expressa a participação dele nas Paralimpíadas Escolares, que ocorreram de 24 a 27 de novembro, em São Paulo.
Na classificação final, o Pará conquistou o 11º lugar entre as unidades federativas, totalizando 36 medalhas. Renan integrou a equipe paraense de nove atletas na modalidade goalball, sendo quatro homens e cinco meninas. O Pará sagrou-se vice-campeão masculino e feminino na modalidade. Renan contou que costumava disputar competições de natação nas paralimpíadas, mas este ano resolveu inovar. “Sempre ouvi meus amigos falarem no goalball e aí fui aprender como se joga”, disse. Um novo desafio para quem já foi campeão de natação na competição.
Bem-humorado e comunicativo, o estudante contou que esse esporte foi desenvolvido para cidadãos portadores de deficiência visual, criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra Mundial que perderam a visão. No jogo atuam equipes cada uma com três jogadores (mais três reservas), sentados e com olhos vendados, com o objetivo de marcar gols com uma bola dotada de um guizo.
“Jogamos a final nas paralimpíadas contra a equipe da Paraíba, que era muito mais forte e com atletas com maior idade e ficamos em segundo lugar”, frisou Renan. A equipe paraense atuou na faixa de 14 a 17 anos. Filho de pai ferreiro separado da mãe, Renan pertence a uma família de sete irmãos. Ele mora na casa dos avós, em Icoaraci. Para conquistar resultados no esporte, o jovem não abre mão de ser uma pessoa determinada. Todos os dias, sai de casa por volta das 5h30 e vai treinar goaball no ginásio do Núcleo de Esporte e Lazer (NEL) da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no bairro do Umarizal, em Belém, a partir das 8 horas.
Após os treinamentos, por volta das 10 horas, o jovem segue para a Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo, com atendimento a portadores de deficiência visual. No fim da manhã, ele volta para Icoaraci, onde tem aula na Escola Jorge Lopes Raposo, no começo da tarde. Na escola, Renan tem o apoio da comunidade escolar, entre colegas estudantes e mais professores, gestores e funcionários, para seguir praticando esporte.
“Essa foi uma experiência muito boa, do goalball, porque serviu para ampliar o meu horizonte. Quando decidi disputar essa modalidade este ano eu queria mesmo era testar os meus limites, saber até onde eu poderia ir. E foi muito bom. Em 2015, quero disputar o goalball e a natação nas Paralimpíadas Escolares”, afirmou o estudante, que completa 18 anos no dia 5 de janeiro próximo. Ele pretende atuar como professor de Educação Física.