Habitação
Já se notam as mudanças ao longo da estrada que integra a Rota Turística Belém-Bragança, programa do Governo do Estado que tem como objetivo o desenvolvimento econômico da região. São visíveis as obras de novas habitações para as mais de 200 famílias que foram beneficiadas com o Cheque Moradia este ano. As novas casas passam a substituir as antigas, de taipa, possibilitando mais qualidade de vida e conforto para a população do interior do Estado, que se instalou ao longo do trecho que compreende os municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Isabel do Pará, Castanhal, São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua, Peixe Boi, Tracuateua, Capanema e Bragança.
Com isso, o Estado pretende destacar os atrativos dessas localidades, com sinalização turística, melhoria da habitação, promoção e divulgação da rota, além de informações divulgadas em aplicativos móveis, que servirão para estimular e motivar as pessoas a conhecerem o trecho, como explica o secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes. “A ideia é que o fluxo que passa pela BR-316 possa ser desviado para os atrativos dos municípios. A política pública do Governo do Estado em habitação, por meio do Cheque Moradia, é uma dentre várias medidas que se somam a este processo que estamos construindo a muitas mãos. O turismo é um setor que agrega valor na maioria das demais atividades produtivas, e abrirá inúmeras oportunidades aos municípios que compõem a rota. Trata-se, na realidade, de desenvolver um trabalho sob o princípio da economia e da mobilidade das pessoas”, afirma.
Ainda segundo o titular da Setur, o projeto já conta com a parceria do empresariado, movimentando a economia local. “Esse é um processo que passa pela organização do Estado, mas fundamentalmente do empresário e do cidadão, no que possa significar desenvolvimento, a partir de uma estratégia, trazendo cada vez mais impactos positivos para a economia local. A rota, em pouco mais de um ano, já tem uma série de ações desenvolvidas. No passado, a Estrada de Ferro Belém-Bragança uniu e gerou desenvolvimento para essa região do Pará, e estamos trabalhando de forma integrada para produzir um novo ciclo de desenvolvimento para esses municípios”, complementa o secretário.
A colaboração do empresariado é confirmada pelo secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Adnan Demachki. “Estimulamos essa parceria. Já apresentamos o projeto para as empresas. Criamos uma espécie de ‘cardápio da Rota’, e as empresas que estão ao longo dela demonstraram interesse em participar. A contrapartida é a natural divulgação da marca da empresa ao longo do percurso”, relata o secretário, destacando a doação de cimento por parte de indústria situada no município de Capanema, para as famílias beneficiadas com o Cheque Moradia.
“É uma empresa que faz parte do programa de incentivo à produção do Pará e está localizada em um dos municípios da rota (Capanema). A partir de apresentação do trabalho que o Governo do Estado está empreendendo em prol do desenvolvimento dos municípios da Rota Belém-Bragança, ela aceitou ser parceira, doando parte do cimento necessário à melhoria das casas ao longo desse trecho”, informa Adnan Demachki.
Moradias – As famílias selecionadas pelo Programa Cheque Moradia, coordenado pela Companhia de Habitação do Pará (Cohab), moram na faixa de domínio de 30 metros das rodovias paraenses, em casas de madeira ou taipa (barro e madeira), ao longo da Rota Turística Belém-Bragança. São famílias de baixa renda e que se enquadram nos critérios de seleção do programa habitacional.
Mais que um projeto de desenvolvimento do Estado, ele passa a ser para essas famílias a realização do sonho da casa própria, com melhor estrutura e mais conforto. É o caso de Ana Lúcia Tiago da Silva Rosa, 55 anos, que mora no km 194 da BR-308. “Estou realizando o meu sonho. Tinha intenção de construir uma casa de alvenaria, mas só depois da aposentadoria. Agora, já fico imaginando como vou arrumar minha casa nova”, declarou, ao lembrar que o sonho está prestes a se tornar realidade.
Para Gracinete da Silva Pinheiro, que mora há 33 anos no bairro de Bacuri Prata, localizado também no km 194 da Rodovia Belém-Bragança, a nova moradia tem um valor inigualável. Ela mora atualmente na casa da irmã, feita de barro, com quatro cômodos. A nova residência, que está sendo construída, terá quarto, cozinha, banheiro, sala e pátio. “Para quem não tinha nada, isso é bom demais”, reforça.
Diana do Socorro Silva também é moradora da comunidade Bacuri Prata, e não esconde a satisfação. “Minha maior vontade era ter minha casa própria. Não conhecia esse programa, mas acreditei e estou conseguindo construir seguindo as orientações do projeto da Cohab”, diz, confirmando a disponibilidade dos técnicos da Companhia de Habitação, que prestam apoio e tiram as dúvidas sobre as obras.
Raimunda Batista, 70 anos, não tem como expressar a alegria. “Esse foi um auxílio muito grande que ganhamos. Muita gente pensou que não era de verdade, mas eu confiei e me inscrevi. Agora minha casa está sendo construída, graças a esse programa abençoado”, frisou. A filha dela, Ivone Nunes, também se emociona ao falar da casa nova que está construindo na Vila Terreirão, município de Nova Timboteua. “Moro aqui há 30 anos, e a gente vivia praticamente isolado. Agora temos a pavimentação da PA e isso melhorou muito. Minha casa era uma parte de madeira e a outra de barro, mas estava caindo tudo. Eu tinha vergonha de trazer alguém na minha casa, e como a gente trabalha na roça, não teríamos condições de fazer uma casa de alvenaria, mas estamos fazendo tudo conforme as instruções da Cohab”, finalizou.
Trem - A Estrada de Ferro Belém-Bragança (EFB) esteve em atividade de 1883 a 1965. Ao longo dela, surgiram colônias agrícolas que destinavam a produção ao mercado ou porto de Belém. A ferrovia foi desativada há cerca de 50 anos, mas até 1965 foi fundamental para o escoamento da produção da região nordeste do Estado, inclusive a de borracha. Com o passar dos anos, as colônias agrícolas evoluíram à categoria de municípios, com exceção de Belém, Capanema e Bragança, que já tinham esse status. A rota, partindo de Castanhal, passa por São Francisco do Pará, Igarapé-Açu, Nova Timboteua, Peixe-Boi, Tracuateua, Capanema, até chegar a Bragança.
O grande atrativo da rota é a ponte de ferro sobre o rio Livramento, entre Nova Timboteua e Igarapé-Açu, que está bem preservada. Até pouco tempo, a ponte ainda conservava os trilhos de ferro e o assoalho de madeira. Atualmente, ela está asfaltada e com a pintura revitalizada. Muitas pessoas das redondezas aproveitam para tomar banho nas águas escuras e geladas do rio Livramento. Bem próximo à ponte fica uma antiga caixa d’água que abastecia o trem, instalada a uma altura de 4,5 metros.
A Rota Turística foi estabelecida a partir de 2014, com a recuperação das PAs 320 e 242, o que permitiu o desvio do fluxo de veículos que até então só passavam pela BR-316 para um novo itinerário, a partir de Castanhal, que atravessa oito municípios do polo turístico Amazônia Atlântica, reduzindo o tempo de deslocamento dos motoristas em até 40 quilômetros e garantindo uma viagem tranquila por vias asfaltadas e sinalizadas. (Colaborou Dedé Mesquita, da Ascon Arcon)
