Setembro Amarelo

Campanha alerta para o suicídio que vitima 12 mil pessoas ao ano só no Brasil

O ser humano tem dificuldades para superar totalmente as dores e as perdas impostas pela vida. Se falar de sentimentos desagradáveis que provocam emoções tristes é difícil, imagine falar de morte. E o assunto fica ainda mais difícil de ser abordado quando ele é o ato de tirar a própria vida.

O suicídio é uma tragédia que mais provoca a morte de pessoas em todo o mundo, atingindo 850 mil ao ano. De acordo com informações da Organização  Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa a oitava posição como o país que mais comete suicídio. Só em 2016, foram registrados 12 mil suicídios entre os brasileiros, uma média de mil por mês e 33 por dia. No Pará, o município de Tailândia, é o que possui maior número de registros da região Norte entre as cidades com pouco mais de 50 mil habitantes. Segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, o coeficiente por mortalidade provocada por suicídio na cidade representa 13,8% para um grupo de 79.297 habitantes (Censo IBGE de 2010).

As estatísticas mostram o estado alarmante para o problema que tem origem, muitas vezes, na depressão. Cerca de 90% dos suicídios estão relacionados a doenças mentais como depressão, comportamento bipolar e abuso de álcool e outras drogas. A esquizofrenia também é considerada um fator de risco. A depressão e o suicídio são considerados problemas de saúde pública. Para cada suicídio, existem entre 10 e 20 tentativas. A população masculina comete até quatro vezes mais suicídio. Já entre as mulheres, as tentativas são três vezes maiores. A boa notícia é que com o tratamento adequado em tempo hábil, os sintomas podem ser tratados com ajuda de profissionais especializados como psicólogos, psiquiatras e médicos.

ALEPA - O Departamento de Bem Estar Social (DEBS), da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) conta com nove psicólogos preparados para realizar atendimentos gratuitos à população em casos de depressão. A procura por tratamento com esse diagnóstico representa uma das maiores demandas entre os profissionais. O serviço é ofertado aos servidores e aos familiares e à comunidade em geral, por meio de agendamento via gabinetes.

ALERTA - Para a psicóloga Helena Paz, que trabalha há 28 anos no Debs, os conflitos familiares, problemas de relacionamentos conjugais, crise econômica e o envolvimento com drogas, estão entre os principais fatores que podem desencadear um sentimento de tristeza e até a fase mais grave: a depressão.

“Toda perda causa uma dor, mas antes da depressão vem os traumas, as dores e as perdas que em muitos casos não são superados. A crise econômica é um dos problemas que fragiliza as pessoas e as famílias sofrem ao verem  seu patrimônio arruinado e isso prejudica o emocional do indivíduo. É importante observar a alteração no comportamento da pessoa. Se era alegre e de repente passa a se isolar, isso já um sinal de alerta”, orienta.

Ela acrescenta que “ a pessoa pode até falar que vai cometer um ato de suicídio, em alguns casos  falam até em tom de brincadeira, mas essa forma de brincar é um alerta de pedido de socorro por não saber pedir ajuda”.

A aproximação da família em casos de suspeitas de depressão é fundamental para evitar tragédias como o suicídio. “Nesse caso, a família precisa se aproximar da pessoa. É sempre bom conversar, por mais que haja resistência é fundamental insistir. Senão conseguir, busque ajuda de amigos mais próximos da pessoa, parentes e até apoio na religião que contribui muito. Às vezes as pessoas emitem sinais e estão pedindo socorro, mas por falta de conhecimento e de observação, muitos não estão atentos a mudança de comportamento”, esclarece a psicóloga.  

A depressão - se não for trabalhada em tempo hábil - provoca distúrbios e prejuízos na área social, familiar, emocional, ocupacional e outras atividades. Um dos principais sinais é o isolamento e a incapacidade de concentração  para realizar as tarefas. Para o deprimido, tudo passa a não ter mais sentido. Viver não é mais interessante.     

REALIDADE - Os abusos físicos e psicológicos sofridos na infância foram alguns fatores que contribuíram para que Robson A., de 32 anos de idade, desenvolvesse a depressão.  “Vivo uma crise existencial. Durante toda a minha vida não consigo me manter em emprego. Já passei por mais de dez empresas e ainda não consigo fazer cursos. Começo e não termino. Descobri há cinco anos que sou portador do vírus HIV e a situação piorou com as crises da doença. Hoje, vivo desempregado e sem forças para buscar um trabalho; não tenho amigos e a minha família acha que é frescura e não me dá apoio. Mas estou pensando em buscar apoio na religião”, relata.       

SETEMBRO AMARELO - Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o tema e alertar sobre os sintomas e as formas de prevenção, foi criado em 2014, no Brasil, o movimento Setembro Amarelo. A campanha é desenvolvida pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). A ação nesse período é uma referência ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, comemorado anualmente no dia 10 de setembro. Nesse período, várias instituições públicas e privadas iluminam os estabelecimentos com luz e usam decoração na cor amarela como alerta para a conscientização do problema.

PREVENÇÃO  - Com 37 anos de atuação no Pará, o Centro de Valorização da Vida (CVV), vem ajudando de forma voluntária na prevenção e a salvar vidas de pessoas que  enfrentam  instabilidade emocional, com sério risco de vida e desejo de cometer suicídio. O atendimento ocorre por meio de contato telefônico pelo número 141, que funciona 24 horas e também via chat, Skype, e-mail e de forma presencial. O CVV, fundado em São Paulo em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973.

No Pará, em média 500 pessoas recebem orientação mensalmente. O serviço é gratuito e conta com o apoio de 25 voluntários treinados pela própria entidade que garante o total sigilo da identidade da pessoa. A instituição também mantém uma unidade de atendimento na cidade de Santarém, no oeste paraense. 

 

SINTOMAS - Ansiedade, angústia, fraqueza, falta de interesse social, desânimo, tristeza, sentimento de medo, pensamentos negativos, pensamentos constantes sobre morte, insônia ou excesso de sono, falta de apetite ou vontade de comer exageradamente.  

Sintomas físicos - Dores de barriga, má digestão, azia, flatulência, diarreia e dores de cabeça.

Orientações para prevenir a doença:

- Procurar se divertir mais;

- Fazer atividades de artes ou esportivas;

- Ver a vida de forma mais positiva;

- Estar mais próximo das pessoas amigas;

- Compartilhar os sentimentos com alguém de confiança;

- Buscar um estilo de vida saudável;

- Procurar seguir uma religião;.

- Ler livros de auto ajuda;

 

Serviço/ CVV:

Site: www.cvv.org.br

Belém: (91) 3223-0074 

Santarém:  (93) 3522-0500


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