
Em Limoeiro do Ajuru os pescadores artesanais realizam todos os anos a Abertura da Pesca do Mapará, uma festividade que une preservação ambiental e cultura, e que agora será considerada Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Pará.
O reconhecimento como bem cultural ocorreu na última terça-feira, 12, após ser aprovado na Assembleia Legislativa (Alepa) o Projeto de Lei (PL) Nº 26/2017, de autoria do deputado estadual Carlos Bordalo (PT). Para o parlamentar a manifestação cultural expressa os laços de solidariedade das comunidades amazônicas.
“Todos os anos essas comunidades se reúnem em um momento memorável de cultura; porque cultura é atitude é comportamento, cultura são valores. Então essa abertura de pesca expressa valores extremamente positivos a serem cultivados e valorizados. É o valor da coletividade em detrimento do individualismo, o valor da preocupação coletiva pela preservação do que é o patrimônio de todos, porque rio, a piracema, que é reprodução da espécie, é o patrimônio de todos nós”, explana.
A lei reconhece a relevância do evento, que ocorre anualmente no município Limoeiro do Ajuru, localizado na região do Baixo Tocantins como um movimento cultural, sustentável e que gera renda para a população local.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os bens culturais de natureza imaterial se referem à práticas e domínios da vida social; se expressam em saberes, ofícios e modos de fazer sendo transmitidos de geração em geração; podendo ser recriado em função do ambiente, da interação com a natureza e com sua história, tecendo um sentimento de identidade e continuidade de práticas culturais coletivas.
Sustentabilidade
Para combater a pesca predatória do Mapará, os pescadores criaram regras chamadas de “Acordos de Pesca” organizadas pelas comunidades locais com o auxílio de órgãos públicos e organizações não governamentais. As regras foram criadas para o controle e manutenção das atividades pesqueiras em que todos os envolvidos se comprometem a utilizar a pesca de forma sustentável garantindo o período de defeso de quatro meses antes do evento para a reprodução dos cardumes.
Após esse período, entre os meses de novembro e fevereiro, o município realiza oficialmente a abertura da pesca do Mapará, iniciando as atividades da pesca autorizada. Além da pesca, a abertura apresenta programação cultural atraindo milhares de pessoas entre pescadores, moradores e visitantes.
Nas primeira horas da manhã, dezenas de pescadores lançam suas redes no rio Tocantins sob o olhar atento da comunidade local. Todos os anos, no último dia de fevereiro, moradores se reúnem para planejar a abertura da pesca que ocorre no dia seguinte. São toneladas de peixe capturados neste dia, sendo parte destinada aos pescadores e o restante ao mercado municipal.
A pesca na região do baixo Tocantins gera renda e garante segurança alimentar às comunidades ribeirinhas. Por sua importância a atividade está intrinsecamente ligada a cultura popular daquela região. A atitude responsável das pessoas é a garantia de que a reprodução das espécies seja feita com sustentabilidade e para que a captura do pescado seja assegurada no presente, mas preservada para gerações futuras.