Justiça
A prisão do policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, apontado nas investigações como suspeito dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, repercutiu no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, durante a Sessão Ordinária desta terça-feira (12.03) Os deputados se manifestaram sobre a prisão do sargento aposentado da PM, ocorrida durante a madrugada, no Condomínio da Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O condomínio é o mesmo no qual mora o presidente Jair Bolsonaro. Outro preso na operação Lume foi o policial Élcio de Queiroz (46), acusado de ser o motorista do carro Cobalt que conduziu o executor dos tiros.
A primeira a se manifestar foi a deputada Marinor Brito, líder do PSOL, a mesma legenda a qual a vereadora assassinada pertencia e militava. “Foi um dia de muita emoção, estou com a mesma sensação de quando recebi a informação do assassinato da vereadora Mariele, que foi minha companheira de partido”, falou.
A deputada relatou ainda detalhes das investigações realizadas por policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro. “É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, disse sobre a denúncia oferecida. "A nota do MP descreve como “barbárie” e “golpe ao Estado Democrático de Direito” o assassinato cometido na noite do dia 14 de março do ano passado’, reproduziu a líder do PSOL.
“Aguardamos ainda que as investigações possam esclarecer quem foram os mandantes do crime e a motivação”, argumentou Marinor. Mas ela manifestou ainda a sua apreensão na medida em que os nomes dos envolvidos têm relação com o presidente da República. “O Ronnie Lessa, o assassino indicado, chegou a ser homenageado pelo filho do Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro”, registrou. Pelas investigações, a vereadora Marielle estava sendo monitorada há pelo menos três meses pelo acusado do assassinato.
O deputado Toni Cunha (PTB), que é delegado da Policia Federal, parabenizou as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro. “Trabalhou bem porque as policias costumam ser cobradas, principalmente quando são crimes de morte. E quando atinge pessoas de prestígio político, é ainda mais grave porque acaba sendo um atentado à democracia e aos poderes constituídos”, pontuou. Ele defendeu ainda os procedimentos da polícia que foi criticada pela suposta demora na apuração. “É que cada investigação tem o seu tempo, tem sua hora, não podermos comparar. A ação foi eficaz, até porque quantos crimes de morte não ficam impunes neste país?”, pontuou o delegado.
A professora Nilce (PRB), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALEPA, também fez questão de registrar a necessidade da população brasileira ter conhecimento sobre as circunstâncias, motivações e os personagens envolvidos nesta trama que redundou na morte da Marielle, ocorrido no mês de março, emblemático para as mulheres.
Para a deputada, o caso ainda não está concluso, até porque ainda precisa ser elucidado quem é o mandante, ou mandantes, do assassinato da vereadora. “A elucidação do caso é necessária, não porque a Marielle era uma vereadora, mas por ela ser uma cidadã, uma mulher negra, que sempre lutou pelos direitos humanos de sua comunidade”, ressaltou.