Corte de Verba


Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
O ministro da Educação, Abraham Weintraub disse numa entrevista ao Estadão na manhã desta terça-feira (30) que as três universidades já punidas com o corte de 30% - Universidade de Brasília, Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal da Bahia - deveriam melhorar o desempenho acadêmico em vez de promoverem balbúrdia.
Os primeiros bloqueios foram anunciados, mas não devem parar por aí. Segundo o ministro, o mesmo rigor será usado na avaliação de outras universidades federais onde ocorram “festas inadequadas ao ambiente universitário, manifestações partidárias e eventos políticos”.
FORRÓ E SIRIRICA - Festas e até “gente pelada” fazem parte da história e da tradição do ambiente universitários em muitas escolas federais. Até mesmo na Universidade Federal do Pará, onde o chamado “Forró no Vadião” virou uma instituição acadêmica por longos anos, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes.
Em 1984, proibido pela censura de encenar a peça “Theastai Theatron” no Teatro Waldemar Henrique, o grupo de teatro Cena Aberta levou a peça para dentro do campus da UFPA. No espetáculo, com texto de Luiz Otávio Barata, a diretora e protagonista era a atriz e professora Zélia Amador de Deus, que interpretava uma cruz humana, exatamente como veio ao mundo: nua.
A UFPA, ao menos por enquanto, não está na lista das universidades que, segundo o ministro, promovem “bagunça e eventos ridículos”. Se vier a constar dessa lista, terá sérios problemas de manutenção pois já trabalha no limite.
A UFAP, no Amapá, também enfrentou problemas, anos atrás, quando realizou um simpósio sobre diversidade e gênero e incluiu na programação oficinas de “siririca” e “chuca”. A “siririca” é uma gíria para masturbação feminina e “chuca” significa a lavagem que antecede o sexo anal. A ideia dessas oficinas também surgiu numa universidade, a USP. As oficinas também foram feitas nas universidades federais de Minas Gerais e de Ouro Preto.
PROTESTO - A decisão do MEC de cortar verbas foi criticada pelo Conselho de Reitores e também por outras organizações. Nesta mesma terça-feira, o PSOL decidiu protocolar pedido para a Procuradoria-Geral da República apurar eventual prática de improbidade administrativa do ministro Weintraub. O PSOL também deve elaborar um projeto de decreto legislativo para suspender os cortes.
Um dos argumentos do MEC, além da “balbúrdia”, é o desempenho das federais em rankings internacionais. No entanto, segundo pesquisa publicada no UOL, a UnB e a UFBA tiveram as suas melhores avaliações no ranking da Times Higher Education, conceituada lista que mede qualidade do ensino superior mundial.