Diversidade digital
O Brasil tem, segundo o último Censo do IBGE, realizado em 2010, mais de 9,5 milhões de cidadãos que se identificam como LGBTI+ (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgênero Intersex). Para a Associação Brasileira de LGBTI+, este número já chega perto de 20 milhões, o que representa 10% da população estimada do Brasil em 2018.
A jornada dessas pessoas, no enfrentamento da intolerância e da violência, ganha maior efetividade quando elas assumem seu lugar de fala. No mundo dominado por novas tecnologias, não há como negar que os emojis também são uma forma de expressão. A Google percebeu isso e acaba de lançar novo pacote das “caretinhas”, buscando alternativas para incluir novas identidades de gênero.
Não é de hoje que as empresas de comunicação e tecnologia percebem que a exclusão é um péssimo negócio. De acordo com dados da Associação Brasileira de Turismo para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgênero Intersex, este segmento da população já movimenta R$ 150 bilhões por ano no país. Uma cifra que se multiplica em escala geométrica nos Estados Unidos, chegando a US$ 835 bi. É o chamado “pink money”.
Os maiores empreendedores do mundo já têm noção da obrigação de respeitar essas comunidades. Algumas corporações, mais do que respeitá-las, percebem que se trata de um público segmentado com necessidades próprias, que pode, sim, ser atendido pelo mercado, sem estereótipos.
No Brasil, 36% dos cidadãos que se identificam como LGBTI+ pertencem à classe A, segundo pesquisa da inSearch Tendências e Estudos de Mercado, e 47% à classe B. São indivíduos e casais com grande potencial de consumo que, muitas vezes, retraem seu alto poder de compra porque são inibidos por preconceitos.
Os emojis encontram terreno fértil nas redes sociais e, na opinião do Google, podem ajudar a promover a inclusão de gênero - e bons negócios. Desde que eles sejam representativos de todos os segmentos da sociedade. A nova aposta da empresa é um desenho mais ambíguo, que não seja referência nem de masculino nem de feminino, mas de um novo tempo.
Há o emoji de um nadador, que em vez de sunga ou maiô veste um traje de mergulho. Há o vampiro com penteado estiloso e acessórios no pescoço. Como também tem zumbis, gênios da lâmpada e atletas de diferentes modalidades esportivas com três ou mais opções de gênero em vez de duas. A ideia é abandonar referências tipicamente masculinas ou femininas e mergulhar no amplo acervo de possibilidades.
“Gênero é uma questão complicada”, afirmou Jennifer Daniel, designer do Google e da Unicode Consortium, para a revista Fast Company, primeira publicação a dar a notícia, já replicada no Brasil pelo portal G1. “Comunicar gênero com uma única imagem é uma tarefa impossível. É uma construção. É algo que existe de forma dinâmica em um espectro. Eu, pessoalmente, não acho que haja uma única solução visual, mas acredito que evitar essas questões é a abordagem errada. É preciso encará-las de frente para entendê-las”, disse.

