Prejuízo à vista
A Federação das Indústrias do Estado do Pará recebeu com preocupação a notícia de que a Latam cancelou seis voos entre o Rio de Janeiro e Belém. “Não recebemos comunicado oficial. Como todo o restante da sociedade, soubemos pela mídia”, disse o presidente da Fiepa, José Conrado.
Para o mercado, a notícia tem o efeito de um acidente grave anunciado, diante da divulgação, na semana passada, de investimentos do governo federal para incrementar o turismo doméstico.
A Federação teme que a redução do número de voos diretos implique também, aumento do custo do transporte de cargas e encareça os produtos paraenses exportados via aérea.
O cancelamento de voos diretos com destino a Belém não é fato novo. No passado, a capital paraense era destino, inclusive, de voos vindos da Europa dos Estados Unidos. Depois de muitas demandas, idas e vindas, promessas e repromessas, hoje Belém tem três voos diretos da TAP (Air Portugal) para Lisboa.
Conrado lembra que durante muitas décadas Belém dispôs de voos diretos até o Estado do Rio de Janeiro. “Utilizados não só para transportes de passageiros, mas também de cargas”. Ele acredita que o custo das empresas paraenses que utilizam esse serviço para escoar a produção “poderá ficar prejudicado, tanto no custo quanto no prazo de entrega”.
A Fiepa promete cobrar da Latam uma explicação sobre as “necessidades comerciais” que justificaram a suspensão dos voos. ”Vamos cobrar, juntamente com as outras entidades de classe, uma justificativa da companhia aérea”.
A Federação “espera que outras companhias possam suprir essa ausência (dos voos), até porque temos conhecimento que esses voos para o Rio de Janeiro saíam daqui todos lotados e voltavam lotados”, disse Conrado. O presidente conclui que a decisão da LATAM “é ruim também para o potencial de investimentos no Estado, pois o investidor quer ter disponibilidade de ir e voltar no mesmo dia”.
A notícia chega como um acidente aéreo de proporções e efeitos ainda incalculáveis, mas previsíveis. E se contrapõe ao anúncio do Sebrae, na semana passada, de investimentos nacionais no setor de turismo com o objetivo de fomentar rotas turísticas domésticas, incluindo destinos do Norte do país. “Se por um lado há investimento (anunciado), por outro, a perda dessas seis frequências causa prejuízo ao turismo da região” – disse o presidente da Federação das Indústrias.
Na última sexta-feira (31), a Latam emitiu um comunicado informando que os voos diretos entre Belém e Rio de Janeiro, e vice-versa, serão suspensos a partir de primeiro de agosto. A empresa justificou “necessidades comerciais”.
Foram cancelados os seguintes voos na rota Val de cães (Belém) / Galeão (Rio de Janeiro): LA3421 e LA3364. E na rota Galeão - Belém, os voos LA3420 e LA3363. Esses voos já estão com as vendas canceladas. Os voos remanescentes farão escalas em Brasília ou em Guarulhos (São Paulo). Em ambos os casos haverá troca de avião. Dependendo do voo, as viagens demorarão entre 11horas e 7 horas.
O passageiro embarcado em Belém às 20h25m, no voo LA 4500, chegará ao Rio de Janeiro às 7h:25m. O voo LA 3747, que decolará de Belém às três da madrugada, chegará às 6h:45m em Guarulhos, mas o passageiro só embarcará para o Rio de Janeiro às 12h:50m, com pouso no Galeão programado para 14h. Haja paciência: 11 horas de voo.
Veja o comunicado da LATAM, divulgado na sexta-feira:
“A Latam Airlines Brasil informa que estão suspensas as seis frequências semanais da rota Belém - Rio de Janeiro/Galeão em voos programados a partir de 1º de agosto de 2019. Os passageiros afetados pelas suspensões já estão sendo informados para que possam reprogramar os seus itinerários.
A Latam reforça que segue atenta às necessidades dos clientes para iniciar, ampliar ou adequar as suas operações, e os voos são constantemente avaliados conforme a demanda de cada região. Belém e região continuam contando com voos da Latam para o Rio de Janeiro (Galeão e Santos Dumont) por meio de conexões em Brasília, Fortaleza e São Paulo/Guarulhos.