A força do açaí
Um grupo de 22 produtores de açaí está reunido em Castanhal com o objetivo de discutir questões da cadeia do açaí no Estado. São agricultores e industriais que pretendem organizar uma instituição que se encarregará de organizar os produtores, incentivar pesquisas, criar relacionamentos com governos e buscar soluções para incrementar todas as etapas de produção, industrialização e comerecialização.
Nazareno Alves, pioneiro do incremento do açaí como produto gastronômico típico do Pará, lidera o movimento. Não à toa, a reunião aconteceu em Castanhal: o município tem o maior parque industrial do açaí, incluindo fábricas processadoras de polpa e produção do pó de açaí.
“O açaí virou ouro, principalmente no plano internacional. O incremento da produção é uma tendência”, disse o agrônomo Antônio Carlos Macedo, supervisor regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Castanhal. A afirmação reforça os objetivos dos produtores em criar a instituição. O também agrônomo Job Palheta Júnior, representante da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), disse que a organização dos produtores confere ao setor poder de negociação e reivindicação perante os parceiros oficiais e privados, entre eles a a prefeitura de Castanhal e o Banco da Amazônia, cujos repressntantes participaram do evento.
Segundo a Emater, indepedndente do tamanho das áreas plantadas, o açaí irrigado já é uma cultura consagrada em todos os municípios da região nordeste do Pará. A agrônoma Márcia Tagore, técnica da Sedap, e produtora de açaí, informou aos produtores que a Secretaria está elaborando um projeto para definir o “terroir” do açaí (características regionais). Ela integra o Fórum Estadual de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas, um programa federal que concede certificações; o cacau foi o primeiro produto agrícola paraense que recebeu o certificado no âmbito do Estado. O açaí será o segundo a receber o certificado, depois que se concluírem os estudos.
Job Palheta Junior, técnico da Sedap, disse que o governo, por meio de um convênio com a Empresa Brasileira de Desenvolvimento e Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vai investir, nos próximos quatro anos mais R$ 600 mil em pesquisa, por meio do programa Pró-açaí, que recebeu, do governo anterior, R$ 400 mil.
A pesquisa produziu a variedade chamada “Açaí pai d’égua”, popularmente chamado de “chumbinho”, que garante uma entressafra em terra firme. Vários empreendedores já estão produzindo essa variedade.
Várias questões da cadeia preocupam os produtores. “Enfrentamos problemas de energia para garantir a irrigação, questões ambientais e aspectos sanitários”, disse Márcia Tagore. Num espectro mais amplo, o empresário Alfredo Eduardo Acosta, diretor do Sindicato das Indústrias de Frutas do Estado do Pará disse que o açaí tem que ser entendido como uma commodity e não apenas como simples produto da natureza. Ele advertiu que o açaí já é alvo de pesquisa genética na China, e que a Indonésia já está exportando a fruta - identidade do Pará. Ele acrescentou que o setor tem que se organizar, precisa de investimento em pesquisa. “O açaí irrigado exige investimento alto, mas é rentável”, disse em breve palestra.
Os produtores demonstraram muito interesse sobre informações técnicas e empresariais. Foram vários os depoimentos. Arcidio Ornela Filho, que cultiva 130 hectares de açaí irrigado em Capitão Poço, disse que a sua propriedade está aberta aos parceiros para conhecerem o que ele errou no empreendimento. Acrescentou que o Pará precisa defender o açaí como um produto único, a despeito de vários Estados já estarem produzindo a fruta.
Segundo o Sindicato das Indústrias de Frutas, estão cadastradas no Ministério da Agricultura cerca de cem indústrias processadoras, incluindo o açaí em pó. Na Vigilância Sanitária de Castanhal estão registradas 30 empresas processadoras e pontos de venda de polpa de açaí, entre outras frutas. O Secretário de Agricultura do município Francisco Carlos de Souza, presente no evento, informou que o município fornece assistência técnicas aos produtores e distribui sementes.
O evento foi idealizado por Nazareno Alves, que cultiva 50 hectares de açaí em Igarapé Açu. Ele é proprietário da rede de restaurantes Point do Açaí, em Belém Nazareno é empenhado na divulgação do açaí pelo mundo. Ao final, foram encaminhadas indicações de formalização de uma associação, com formato de cooperativa.
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