Maus tratos



Foto: Divulgação
Um dia depois que a Polícia Civil do Pará localizou o homem que foi filmado espancando um cachorro com um pedaço de pau, em Belém, outro caso de crueldade foi propagada pela internet e pelas TVs. Aconteceu no Rio de Janeiro, quando mãe e filha foram espancadas, ao tentar defender um cão na Barra da Tijuca. Os casos são cada vez mais frequentes em todas as cidades do Brasil. A Delegacia do Meio Ambiente recebe em média 100 denúncias por mês envolvendo agressões e casos de abandono de cães, gatos e outros bichos.
No caso de Belém, o homem identificado como Alan Gonzaga Souza Lopes foi filmado quando espancava um cachorro que teria urinado nas rodas do seu automóvel, um Renault de cor preta, placas NTB 0770, que estava estacionado em frente da casa do agressor, na Avenida Ceará, bairro de Canudos. Depois de um primeiro contato telefônico com a Delegacia do Meio Ambiente, Alan se entregou ao diretor da Dema, delegado Waldir Freire, e disse que temia represálias por causa da repercussão do vídeo em que foi flagrado agredindo o cachorro.
O vídeo mostra a crueldade do agressor, que espancou o animal com um pedaço de pau. Nas imagens é possível ver o homem atacando o animal com pauladas e, após alguns golpes, uma pessoa tenta intervir na agressão. Em seguida, o agressor pega o animal com a mão e atira o cachorro para o meio da rua. De acordo com o assessor de imprensa da Polícia Civil, Walrimar Santos, o animal sobreviveu, mas ficou com fraturas nas costelas e teve um dos olhos vazado.
“As investigações sobre a agressão tiveram início logo após a equipe policial da Dema tomar conhecimento do vídeo, mesmo sem a existência de boletim de ocorrência”, diz comunicado da assessoria, informando também que Alan Garcia Lopes vai responder processo criminal por maus tratos a animal previsto na Lei de Crimes Ambientais.
PARA LÁ E PARA CÁ
O caso ocorrido no último domingo (28) na Barra da Tijuca, em que mãe e filha foram agredidas por defender um animal, somente nesta quarta-feira ganhou maior repercussão na TV aberta e nas redes sociais, sendo tratado em matéria do programa Mais Você, de Ana Maria Braga, e em telejornais matinais de diversas emissoras. As mulheres estavam em um bar, na Zona Oeste do Rio, quando notaram que um homem, sentado a uma mesa próxima, enforcava com a coleira um dos dois cães que acompanhavam o grupo de seis pessoas. Uma das mulheres agredidas chamou atenção do homem, pedindo-lhe que parasse de fazer aquilo pois estava machucando o animal.
Duas mulheres e o homem que maltratava o cachorro partiram pra cima de mãe e filha. “Uma delas veio para cima de mim. Foi quando a minha filha levantou para me defender. O homem empurrou a minha filha e ela pegou no cabelo, me deu um tapa e começou o puxão de cabelo para lá e para cá. Enquanto isso, o cara estava batendo na minha filha e a outra mulher também começou a bater”, afirmou a mãe agredida, que preferiu não se identificar.
A filha levou socos e até pontapés na cabeça e chegou a desmaiar. Os agressores pagaram a conta e fugiram, segundo matérias publicadas no site Metrópoles e no G1. "Ver a minha filha sendo linchada no chão e não poder fazer nada porque as outras duas mulheres estavam me segurando, e ver a mulher dando joelhada na cabeça dela e outro cara mordendo o braço da minha filha, é uma imagem que eu nunca vou esquecer", disse a mãe.
CORRIQUEIRO
Fatos como estes infelizmente se tornaram corriqueiros em todas as cidades do Brasil. De acordo com o veterinário da Delegacia de Meio Ambiente, Edelvan Soares, são recebidas em média 100 denúncias por mês relativas a abandono ou maus tratos de cães, gatos e outros animais na região metropolitana de Belém. Cabe ao veterinário emitir o parecer técnico para que a denúncia seja registrada na Dema. Os casos são investigados e os acusados intimados a responder ao processo em liberdade, mas podem ser detidos em casos de reincidência.
Somente no mês de julho, várias denúncias foram veiculadas pelo site Olhar Animal, que mantém noticiário ativo sobre o tema na internet, com casos relatados em todo o Brasil. No Pará, uma mulher foi multada em R$ 3 mil na última segunda-feira (29), em Santarém, porque mantinha um cão amarrado, com fome, com sede e, segundo vizinhos, ela o espancava diariamente. Em Marabá, no dia 17, um homem foi autuado por maus tratos depois que o cachorro de que era o tutor foi encontrado debilitado e acabou falecendo mesmo após o resgate. O animal passara dias seguidos amarrado e sem receber água ou comida. Um dia antes (16), em Belém, um falso veterinário foi preso por manter dezenas de animais em situação de maus tratos em um pet shop da região metropolitana de Belém. Mais de 30 animais foram resgatados, entre eles 11 cães e 20 gatos.
PENA MAIS DURA
Tramita na Câmara Federal projeto de autoria do deputado Fred Costa estabelecendo pena de reclusão para quem praticar abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. A iniciativa altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, estabelecendo se for aprovado a pena de reclusão de um a quatro anos, mais multa. O projeto está em comissão especial, aguardando parecer sobre requerimentos anexados à proposição do deputado Fred Costa, e ainda não tem data prevista para ir a votação definitiva.