QUEIJO DO MARAJÓ
O queijo do Marajó, iguaria apreciada e premiada nacional e internacionalmente, está sendo servido nas escolas da rede municipal de ensino de Soure, na Ilha do Marajó. O alimento é avaliado por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará), por meio de um certificado que atesta sua qualidade. Com o registro, é possível comercializar o produto em todo o Estado e até mesmo participar de concursos pelo mundo afora.
A certificação, contudo, depende de um trabalho de inspeção que é solicitado junto à Agência. No caso, a categoria é em nível artesanal, quando a fabricação diária não ultrapassa os mil litros de leite para dar origem a alimentos sólidos. A fiscalização é feita por técnicos que orientam os produtores através de visitas técnicas in loco e palestras. Com isso, a produção segue as normas previstas em lei e o consumidor final recebe um alimento de qualidade.
Feito o pedido, técnicos efetuam vistorias onde o queijo é produzido e dão o parecer sobre as condições de higiene, conservação e armazenamento. Com tudo aprovado, a Agência emite um certificado de qualidade. "A certificação é importante para o reconhecimento do Estado e, por ser um produto artesanal, leva em consideração a produção da agricultura familiar, gerando emprego, renda e garantindo alimentos seguros à população”, informa a gerente de Produtos Artesanais Animal da Adepará, Glaucy Carreira.
Com a base do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), pela primeira vez na história do Arquipélago do Marajó agricultores do município-pólo, Soure, estão tendo a oportunidade de fornecer o famoso queijo de búfala regional para a merenda escolar, para que seus próprios filhos consumam, em toda a rede educacional municipal, uma iguaria reconhecida internacionalmente.
O edital-piloto da Prefeitura, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), foi assinado com a Associação dos Agricultores Familiares dos Campos do Marajó (AAFCAM), atualmente com 26 associados, e vige este semestre: é meia tonelada de queijo tipo creme, alguns subtipos até premiados, sob um contrato de cerca de R$ 25 mil no total.
O preço pago é competitivo em relação ao mercado convencional e garante renda sem a dependência da flutuação dos turistas, principais compradores. A Associação foi constituída no começo deste ano, sob a orientação da Emater.
Para Bruna Silva (conhecida como “Bruna Peua”, marca de queijo da família), presidente da AAFCAM, a eficácia da organização social transformou a cadeia produtiva, mesmo com o desafio de ela, mulher e jovem, ter assumido esse precursor papel de liderança.
“Éramos produtores avulsos, cada um acreditando que ‘desenvolvimento sustentável’ deveria se dispor como sacrifício individual de cada família. A Associação é uma reunião de forças, porque abre espaço para acesso a tecnologias e mercados diferenciados e, por conseguinte, melhoria dos produtos”, diz.
Para a presidente da Emater, Cleide Amorim, primeira e única presidente da Emater em 54 anos de existência do Órgão, Bruna Peua, de 28 anos, quarta geração de produtores de queijo, representa não só o trabalho de extensão rural da Emater, no sentido de mobilizar, conscientizar e trocar conhecimento, mas também o resultado de políticas públicas integradas do Governo do Estado que promovem a juventude e a mulher rurais, em um meio opressor e resistente.
“É um desafio da Amazônia também: valorizar a mulher, a estrutura justa e equilibrada da família rural, e estimular a sucessão, a fixação do jovem no campo: um jovem líder, com instrução, capacitado, que tenha uma vida melhor do que a dos pais, progressivamente, porque a evolução de um indivíduo, no fim, é a evolução da comunidade inteira”.
O chefe do escritório local da Emater em Soure, o técnico em pesca Fernando Moura, explica que “a ideia é que, em 2020, a quantidade já dobre. Estamos negociando a viabilidade de contratos anuais ou periódicos e a inserção imediata de mais agricultores no conjunto de fornecedores”.
A opção do queijo de búfala na merenda escolar acompanhou a inserção de outros alimentos da tradição amazônica: açaí e peixe (de piscicultura).
O cardápio da merenda nas escolas municipais de Soure é composto por itens da agricultura familiar, incluindo o queijo do Marajó. O projeto é da Prefeitura Municipal, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Objetivos – Já o trabalho de certificação feito pela Adepará está casado com um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), relacionado à segurança alimentar e melhoria da nutrição. O ODS 02 está inserido em uma agenda internacional que visa, dentre outros benefícios, dobrar a renda de pequenos produtores de alimentos, a exemplo dos agricultores familiares, através de uma série de oportunidades de agregação de valor na cadeia produtiva.
Serviço: mais informações sobre a certificação podem ser obtidas no escritório da Adepará de seu município ou pelo telefone (91) 3210-1144, junto à Gerência de Produtos Artesanais de Origem Animal.
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