ACESSIBILIDADE
"Faz muito anos que eu não venho ao Cinema Olympia, nem me recordo mais da última vez que vim. Hoje é um retorno que faço a esse espaço que acho maravilhoso e traz muitas boas lembranças. Lembro-me de quando eu era mocinha que vinha aqui para passear, para namorar. Ah! era muito bacana", relembrou a médica Maria Lúcia Rosa, de 81 anos, enquanto aguardava o filme começar.
Maria Lúcia Rosa foi uma das dezenas de pessoas que participaram da sessão especial inclusiva e de acessibilidade, realizada pela Prefeitura de Belém, em parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca, no Cinema Olympia, na tarde desta quinta-feira, 30.
Inclusão - O objetivo da sessão foi promover inclusão social e garantir o acesso à cultura de pessoas com dificuldades de acessibilidade.
"Essa sessão é muito importante para nós e para o público que não tem acesso a esse tipo de programação, então, hoje, o Cinema Olympia está fazendo o papel dele, que o é dar acesso às pessoas neste espaço. Nós temos muitas parcerias e estamos programando mais sessões, como essa, para esse tipo de público. Penso que nós temos que ter esses momentos com esse público, ações como essa que os tragam para essa cultura", explicou a gerente do cinema Olympia, Nazaré Moraes.
Filme - O filme exibido foi o romance "Ande Comigo", que foi dublado com descrição de cena e libras garantindo a acessibilidade ao público. O longa conta a história de um militar enviado ao Oriente Médio, que perde as duas pernas, após pisar em uma mina e acaba em um centro de reabilitação. Enquanto sonha em retornar à guerra, vive um grande conflito pessoal e acaba se aproximando de uma bailarina que o ajuda na recuperação.
"É importante que os cinemas tenham meios de incluir determinados tipos de público que têm dificuldades de acesso às salas, por algum tipo de deficiência ou limitação. Quando você tem um filme que tem linguagem descritiva, áudio descritivo, libras, você permite que o público que tem dificuldade possa chegar até aqui", disse o responsável pela programação do cinema, Marco Antônio Moreira.
Ismael de Olinda Silva, de 15 anos, é portador de deficiência intelectual moderada e tem um grau de epilepsia. Desde a morte do pai, há seis anos, ele veio do município de Tomé-Açu e mora no Abrigo Especial Calabriano, localizado na avenida Senador Lemos. Essa foi a primeira visita do Ismael ao Cinema Olympia, espaço que o deixou encantando e muito feliz.
"Essa é a primeira vez que venho aqui, eu achei muito bacana e legal, porque a tela é grande. Esse tipo de iniciativa é muito legal, muito divertida, eu acho muito importante. Estou me sentindo muito feliz", contou o estudante.
Um século de história - Um símbolo de entretenimento e da própria história da cidade de Belém, o Cine Olympia, atualmente com 107 anos de existência, é o espaço mais antigo do gênero, no Brasil, ainda em atividade no mesmo local, que continua a fazer a alegria de todas as idades, por conta da exibição diversificada e gratuita.
Com a influência da arquitetura art déco e da belle époque, o Olympia foi inaugurado em 24 de abril de 1912, durante o governo de Antônio Lemos, pelos empresários Carlos Teixeira e Antônio Martins, donos do Grande Hotel e do Palace Theatre.
O Olympia é considerado o cinema mais antigo em funcionamento no País, considerando que sempre esteve no mesmo lugar e não parou as suas atividades por muito tempo.
Titularidade - A Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), administra o Cine Olympia, firmado em um contrato de locação, assumido em 2006, com o grupo Luiz Severiano Ribeiro, antigo proprietário do local. E trabalhou para a obtenção da titularidade, a fim de avançar na gestão, por meio de atividades, possibilidades de parcerias e obras que garantam o bom funcionamento do prédio e da administração em geral.
Entidades que trabalham com o público com dificuldades de acessibilidade estiveram presentes na sessão especial de inclusão, entre elas a ABRAz, Clube da Melhor Idade do Palacete Bolonha, Casa do Idoso da Prefeitura de Belém, Associação Paraense de Pessoas com Deficiência (APPD), entre outras.