Saúde e bem-estar



Foto: freepic
A segunda-feira é popularmente conhecida como o dia da preguiça. Mas, de acordo com a Associação Mundial de Medicina do Sono (World Association of Sleep Medicine), esta segunda, especialmente, é considerada o Dia Mundial do Sono. Para a Associação Brasileira do Sono (ABS), a semana toda, de 13 a 19 de março, vai ser dedicada para a informação e conscientização sobre esta parte importante da fisiologia humana.
Acontece que o Brasil está entre os três países que dormem menos no mundo, entre 4h e 6h por noite, segundo estudo publicado na Revista Science Advanced (2016), quando o recomendado seria entre 6h e 9h, para um adulto saudável, de acordo com a ABS.
Além da baixa quantidade, o brasileiro também apresenta baixa qualidade do sono: cerca de 58% das pessoas sofrem com a interrupção do sono pelo menos uma noite por semana, e todas as faixas etárias apresentam insônia moderada ou severa, aponta a pesquisa do Radar Dasa da Saúde (2018), em parceria com o Instituto Ipsos, que compilou dados do IBGE, do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os números são preocupantes, uma vez que a má qualidade do sono afeta negativamente o bem-estar e a rotina da população. Para o neurologista do Hapvida, Rafael Camelo, “a má qualidade do sono pode causar alguns problemas como o ganho de peso, hipertensão, ansiedade, queda cognitiva, fadiga, estresse e falta de concentração, por exemplo”.
Vários fatores podem colaborar com este problema, como as condições físicas e ambientais (temperatura, ruídos), psicológicas (ansiedade, psicose), e alguns distúrbios próprios do sono, como a insônia e o sonambulismo. Para o médico, existem também problemas de saúde que impedem um sono tranquilo. “Os transtornos respiratórios (apneia do sono e roncos), as dores crônicas e a ansiedade são as principais causas de queda na qualidade do sono”, explica o neurologista.
A relação entre idade e sono também é relevante. Segundo o especialista, “os extremos da vida guardam as maiores desproporções”: enquanto um bebê pode dormir até 18h por dia, pessoas idosas têm o sono mais curto, com duração entre 5 e 7h. Contudo, um estudo encomendado pela Royal Philips (2019) aponta que alguns hábitos têm diminuído o tempo de descanso do brasileiro, como ficar até tarde assistindo televisão, vendo filmes e acessando redes sociais.
Neste cenário, muitas pessoas acabam dormindo mais tarde, mas continuam tendo que acordar cedo no outro dia, por razões como estudo e trabalho, e deixam para ‘repor o sono’ em dias de folga, como o fim de semana, por exemplo. Quanto a isto, o neurologista chama atenção: “O sono perdido não pode ser recuperado, não da forma como pensamos. Claro que um dia no qual dormimos um pouco mais nos sentimos mais revigorados, mas não quer dizer que as noites sem sono deixaram de nos causar males”.
Para as pessoas que diariamente precisam acordar cedo, a recomendação do médico é simples: “é preciso tentar dormir mais cedo, e primar pela qualidade do sono, evitando fatores que possam atrapalhá-lo ou interrompê-lo”. Para isso, existem alguns hábitos que podem colaborar para uma noite mais tranquila. O neurologista elenca alguns: “evitar iluminação no quarto, evitar ruídos, não comer muito ou ingerir muito líquido à noite, não consumir café ou estimulantes à noite, não fazer atividade física próximo da hora de dormir, desligar ou silenciar telefones e aparelhos eletrônicos”. Seguir esta rotina de cuidados pode melhorar consideravelmente a qualidade do sono, mas, o médico adverte: “caso mesmo assim o sono não tenha qualidade, a pessoa se sinta cansada, fadigada, sonolenta durante o dia, é necessário investigar junto a um especialista”.