Desastre ambiental
Nessa quinta-feira, 17, um incêndio de grandes proporções consumiu quase 80 hectares (equivalente a 80 campos de futebol) da fazenda Caroline, localizada na Colônia Progresso, em Paragominas, nordeste do Pará. A propriedade fica localizada na altura do quilômetro 110 da estrada da CAIP. Foram atingidas áreas de pasto, mata fechada e cercas. Ainda não é possível estimar o tamanho do prejuízo.
De acordo com Renato Cuiabá, que é casado com a filha de um dos donos da propriedade, a suspeita é de que se trate de um incêndio criminoso. “Acreditamos que alguém fez isso propositalmente. Outro problema é que, geralmente, são os proprietários das fazendas que fazem o trabalho para conter as chamas. Tentamos utilizar máquinas, tratores e funcionários para ajudar”, denunciou.
“O Corpo de Bombeiros muitas vezes parece ter medo de fogo e acontece esse tipo de coisa. Precisamos de uma brigada de incêndio gerida pelo poder público”, desabafou Renato. Ainda segundo ele, “muitas vezes o Corpo de Bombeiros nem chega para controlar as chamas”. “Eles chegam com quatro pessoas em um carro. Cinco anos atrás tivemos um problema até mais grave com a fazenda quase toda queimada. Morreram animais nossos e dos vizinhos e o corpo de bombeiros nem apareceu. Nos sentimos excluídos”, completou.
Além da suposta ineficiência do Corpo de Bombeiros de Paragominas no combate aos incêndios em regiões rurais, outra dificuldade para combater incidentes do tipo é o clima quente dessa época do ano, com a temperatura média girando em torno dos 33 graus e a sensação térmica chegando a 39 graus.
Outro problema é a ausência de brigadas de incêndio e de treinamentos voltados a bombeiros civis na região. Em uma breve consulta em sites especializados, o Rede Pará verificou pouca variedade de cursos que ofereçam treinamentos para futuros brigadistas que possam trabalhar no combate a incêndios em empresas ou fazendas.
O detalhe é que, no Brasil, cada estado deve possuir sua própria legislação quanto à formação brigadas de incêndio. No caso de empresas ou fazendas, o ideal é que os brigadistas estejam inseridos na rotina de trabalho do local onde eventualmente ocorra um incidente.
O número de brigadistas será estabelecido pela legislação específica de cada estado, ou seja, a empresa deve consultar o poder público, caso se faça necessária a instalação de uma brigada de incêndio. É importante salientar que os brigadistas precisam passar por uma rotina de treinamento de no mínimo 12 horas, com ao menos um terço desse tempo dedicado às atividades práticas. Além disso, o profissional atuante na formação da equipe brigadista deve se especializar em cuidados com higiene, segurança e medicina do trabalho - precisando ser cadastrado no Ministério do Trabalho.
Em se tratando das atividades com alto risco de incêndios, o profissional que formará os brigadistas deve ser formado em engenharia de segurança do trabalho ou possuir graduação em cursos superiores acrescidas de um curso de 100 horas para treinamento em primeiros socorros e outras 400 horas para a prevenção e combate direto a incêndios.
Nossa equipe entrou em contato com a equipe do Corpo de Bombeiros de Paragominas mas até o momento não obtivemos resposta sobre o caso.