ECONOMIA



Foto: Oswaldo Forte
Para discutir novas propostas e impulsionar o segmento pesqueiro da capital paraense, a Secretaria Municipal de Economia (Secon) promoveu nesta sexta-feira, 23, o seminário “A pesca no município de Belém” para trabalhadores e representantes da categoria. O evento contou com a parceria do Sindicato das Indústrias de Pesca (Sinpesca) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), onde foi realizado o encontro.
O economista Rosivaldo Batista, titular da Secon, explica que a economia municipal vai além das feiras, mercados, comércio e prestadores de serviços, impulsionando outros setores. “Temos 39 ilhas importantes, como Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba e nelas começamos a traçar uma política de criação de peixes. Fizemos um levantamento dos trabalhadores e demos desde 2019 assistência técnica e fizemos a distribuição de alevinos de tambaqui e de ração. Este seminário, além de falar da aquicultura e da piscicultura, também pretende falar da pesca como um setor importante para o Brasil, o Pará e para o município de Belém. Temos grandes mercados que comercializam os peixes e não adianta mudar só a infraestrutura, temos que mudar o capital humano. O consumo de pescado em Belém é alto”, destacou.
“Vamos deixar esta semente plantada de que não se pode esquecer da importância do desenvolvimento econômico sustentável das ilhas para impulsionar o setor”, disse Rosivaldo Batista.
Estratégia – Para impulsionar o setor, a Secon vem trabalhando quatro estratégias de comercialização do pescado em Belém: incentivo à aquicultura nas ilhas, com a distribuição de 20 mil alevinos e a construção de tanques; reforma em mercados e feiras; lançamento da revista “O pescado na grande Belém” e de livro sobre sazonalidade do preço do pescado; e fomento a entrepostos de pesca, melhorando a comercialização na Pedra do Peixe, no Ver-o-Peso, e implantando entreposto rodoviário na avenida Arthur Bernardes e na ponte do Cajueiro.
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (Cepnor) deu sua contribuição, no seminário, discorrendo sobre o setor pesqueiro no Pará e explicando o projeto do livro “Espécies da Costa do Norte”.
Com uma participação expressiva de representantes do setor, a realização do seminário traz esperança para trabalhadores que há anos lutam por uma política efetiva para o pescado local. Daniel Matos, de 52 anos, presidente da Associação de Balanceiros do Ver-o-Peso (Asbalan) conta que são mais de 20 anos lutando para que o setor tenha mais apoio do poder público. “Espero que o seminário ajude a avançar neste debate sobre uma política voltada para todos os trabalhadores do setor, desde o pescador até o comerciante e o empresário, para garantir um futuro melhor”, disse Daniel. Ele também lembra que é importante incentivar o consumo do pescado desde criança, assim como manter a tradição de uma profissão que passa por gerações. Hoje, 50% ainda mantém o ofício na família.
Panorama – Conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioenonômicos (Dieese) de 2018, Belém produziu cerca de 5 toneladas de pescado por meio da piscicultura, principalmente os de água doce, como o tambaqui. Em 2019, o Ministério da Economia registrou 1.668 toneladas destinadas à exportação de pirarucu e tambaqui, lucrando 25 milhões de dólares.
O consumo humano do pescado equivale a 21,96 kg per capita anual. Na Semana Santa chega-se a consumir 300 toneladas. O sistema de comercialização do pescado em Belém aponta que as redes de supermercados atingiram por mês, em 2019, 325 toneladas do produto in natura e 199 toneladas do congelado. Esses estabelecimentos compram na Pedra do Peixe, principal ponto de abastecimento, responsável por 70% da comercialização do pescado, onde é desembarcado o produto que abastece feiras, mercados e supermercados.
A Pedra do Peixe movimenta 35 mil toneladas de pescado e mobiliza 695 trabalhadores, entre balanceiros, viradores, carregadores, fileteiros e agentes informais. Diariamente passam 123 veículos no local para serem abastecidos do pescado que chega de Icoaraci e Mosqueiro, de municípios do interior do estado e estados vizinhos. Também há o abastecimento na ponte do Cajueiro, em Mosqueiro, e no trapiche de Icoaraci.