MEIO AMBIENTE







Foto: Hugo Tomkiwitz
Desde 2015 Belém detém o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). E com isso, houve um aumento de empreendimentos gastronômicos atraindo muitos visitantes na ilha do Combu, área de proteção ambiental no entorno da parte continental da cidade.
Acompanhando esse crescimento e atento ao descarte irregular de resíduos na região, o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM) deu início nesta segunda-feira, 9, ao curso de capacitação em Gestão de Resíduos Sólidos para moradores, barqueiros e profissionais do ramo da gastronomia. A ação segue até esta quarta-feira, 11, na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Sebastião Quaresma, localizada na ilha.
“Com o desenvolvimento econômico da gastronomia nas ilhas constatamos um aumento considerável de resíduos sólidos provenientes dos restaurantes e de residentes. Por isso, a atual gestão teve a iniciativa de criar uma ação integrada com diversas secretarias para orientar moradores, donos de restaurantes e visitantes sobre a corresponsabilidade deles com meio ambiente. Daí surgiu a necessidade desta formação", explica Martha Falcosk, titular do GGIM.
Fazem parte da ação integrada a Coordenaria Municipal de Turismo de Belém (Belemtur), Secretarias Municipais de Saneamento (Sesan), Educação (Semec), Saúde (Sesma), Meio Ambiente (Semma), Urbanismo (Seurb) e Economia (Secon). A ação conta com a parceria da Associação dos Moradores, Empreendedores e Barqueiros da ilha do Combu (Asmebi), e das Cooperativas de Transportes Escolar e Alternativo da Ilha do Combu e Adjacentes (Coopertrans), Mista da Ilha do Combu (Coopmic) e dos Catadores de Materiais Recicláveis (Concaves).
Programação – Ao longo dos três dias de atividades serão abordados temas como "A importância da gestão e planejamento de políticas públicas"; " Gestão ambiental com ênfase em resíduos sólidos: orgânicos e recicláveis "; "Higienização e proteção individual e coletiva nas etapas de gerenciamento de resíduos sólidos da ilha do Combu"; "Doença de chagas, leishmaniose e malária no contexto local"; "Arboviroses urbanas"; "Profilaxia e controle da raiva"; e “Manipulação de alimentos”.
De acordo com José Soares, coordenador da Coleta Seletiva da Sesan, a coleta na ilha era muito dispersa, uma vez que os barqueiros deixavam resíduos em vários pontos do continente. “Hoje a coleta será recebida no porto da cooperativa Concaves. Estamos orientando os moradores, comerciantes e visitantes a maneira correta de fazer a separação dos resíduos, principalmente úmido e seco da coleta domiciliar, que vai direto para o aterro de Marituba e do que pode ser reciclado para ajudar os catadores da Concaves”, explicou o coordenador. Ele ressaltou assim será possível quantificar a produção de resíduos na ilha que hoje é estimada em 700 quilos por mês.
José Carlos Gadelha Pinheiro, coordenador de educação ambiental da Semma, relata que a atual gestão vem trabalhando muito com diversos projetos, como o “Pequeno Jardineiro”, nas escolas, e “Minha Rua, Meu Jardim” e “Gestão Compartilhar”, com as comunidades, conscientizando da importância da parceria do poder público com os munícipes.
“Para evitar os impactos do descarte equivocado de resíduos é preciso que as pessoas sejam nossas parceiras tanto em escolas, comunidades, quanto em áreas de proteção ambiental. A nossa parte enquanto gestão com o grupo de secretarias é promover capacitação e mostrar que o cuidado com os resíduos se reflete na saúde. Acredito muito nos munícipes que estão aqui”, disse.
Plano - A ação atraiu moradores antigos com Prazeres Quaresma dos Santos, de 52 anos, descendente de uma família que está desde 1914 na ilha. “Por se tratar de uma área de proteção ambiental, sem plano de manejo, ou seja, sem regulamentação do que se pode ou não pode fazer, é preocupante ver empreendimentos e novos moradores chegarem à ilha. Vi a evolução tanto para o bem, com a melhoria de vida de algumas pessoas, quanto para o mal, na questão ambiental com o descarte inadequado de óleo de frituras até garrafas de vidros e plásticos jogados no rio, sem contar os dejetos. Acho que a Prefeitura está dando um passo fundamental, porém os estabelecimentos ainda precisam vir mais. Alguns moradores já fazem há muito tempo a coleta, mas não é unanimidade”, disse Prazeres que espera um plano de manejo para cobrar mais. Ela já trabalha a cooperativa “Filhos do Sol”.
Novos moradores, como Maurício dos Santos Brito, há oito meses na ilha do Murucutum, também se interessou. Ele já é consciente da necessidade do descarte correto de resíduos. Maurício fechou restaurante dele em Belém por conta da pandemia de covid-19 e resolveu se reinventar com uma lanchonete que funciona como pizzaria, hamburgueria e pastelaria.
“Sempre cuidei do lixo do meu restaurante em Belém. Tinha parceria com cooperativas e aqui vim conhecer a cooperativa que pode receber o óleo que uso. Essa ação é importante porque a comunidade precisa de mais informação para destinar de forma correta esses resíduos. E assim no futuro os nossos netos vão poder ver o nosso trabalho maravilhoso de preservação”, contou satisfeito.
No último dia de atividades os participantes vão ser certificados pelo Fundo Ver-o-Sol.
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