DIREITOS HUMANOS

Nesta quinta-feira (21) é celebrado o Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa. Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), os números de denúncias de casos relacionados à intolerância religiosa aumentaram 41,2% no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019.
De acordo com o secretário Extraordinário de Cidadania e Direitos Humanos, Max Costa, o aumento de denúncias dos casos de intolerância religiosa ocorre em uma conjuntura da violência e reprodução de todos os tipos de preconceitos. “Esses casos se manifestam também na ação de alguns grupos fundamentalistas, que criminalizam as religiões não ligadas ao Ocidente, em especial às de matrizes africanas”, ressalta.
Para o presidente da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), Michel Pinho, Belém tem a obrigação historicamente de combater a intolerância religiosa. “Devemos entender que a formação histórica da nossa religiosidade passa pela obrigatoriedade da aceitação, respeito e diálogo. As manifestações de origem eurocêntrica, seus cultos e liturgias estão ao lado, na sua importância e relevância, da religiosidade de outras matrizes, sejam elas indígenas, africanas ou islâmicas. Belém é uma cidade estabelecida através do exercício da fé, múltipla e democrática”, ressalta.
Mametu Nangetu coordena o Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e de Desenvolvimento Social, ela é fundadora do terreiro Manso Massumbando e destaca que o combate à intolerância religiosa tem que partir de todos. “O combate tem que vir por parte de todos, não somente da sociedade, mas das autoridades, como advogados, policiais, juízes que muitas vezes não validam nossas denúncias”, desabafa.
Líder religiosa Mametu Mangetu lamenta o aumento das denúncias de intolerância religiosa
Eleita a Mulher do Axé do Brasil, em 2019, Mametu Nangetu não perde as esperanças para que a intolerância chegue ao fim. “Eu tenho muita esperança na gestão do nosso prefeito Edmilson Rodrigues. Tenho esperança de que nossa luta um dia tenha fim, e esse fim chegue através da educação e que através da educação, ganhemos respeito”, ressalta.
O dia 21 de janeiro foi escolhido como o Dia Nacional ao Combate à Intolerância Religiosa, em homenagem à mãe de santo Gildásia dos Santos e Santos, Mãe Gilda, vítima fatal da intolerância religiosa no ano de 2000, em Salvador (BA).
A intolerância religiosa não atinge somente as pessoas de religiões de matriz africana, os povos indígenas também sofrem desse preconceito que atinge toda a sociedade, além de outras religiões não ocidentais.
Ouvidora-geral de Belém, Márcia Kambeba, diz que é importante que a religião indígena seja respeitada. “Para os povos indígenas a intolerância religiosa se manifesta no momento que há desrespeito para com o sagrado de um povo", ressalta.
A gestão do prefeito de Belém Edmilson Rodrigues é histórica. Márcia Kambeba assumiu como ouvidora geral do Município, sendo a primeira indígena a fazer parte do primeiro escalão da Prefeitura de Belém. A Ouvidoria é mediadora da relação entre a população e a Prefeitura Municipal, buscando levar as demandas da sociedade para as demais secretarias.
O número para denunciar qualquer violação de direitos humanos, incluindo ações de intolerância religiosa, é o disk 100. Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia pelo serviço, que funciona diariamente, durante 24h, incluindo sábados, domingos e feriados.