O prefeito Edmilson Rodrigues e o secretário municipal de Habitação, Rodrigo Moraes, coordenaram a visita técnica realizada por uma comitiva de representantes de vários órgãos municipais às obras do conjunto habitacional do Paracuri II, no Distrito de Icoaraci, nesta segunda-feira, 17.

Mesmo inacabado e com obras paralisadas há quase dez anos, o local teve os apartamentos invadidos há cinco anos e, atualmente, pelo menos 300 famílias sobrevivem nos imóveis de forma precária, sem abastecimento de água, de energia elétrica ou qualquer suporte de saneamento.

Na visita, o prefeito e os gestores municipais conversaram com os moradores, entraram nos imóveis e identificaram as necessidades mais urgentes vivenciadas pelas famílias na estrutura inacabada que vem se deteriorando, com o abandono e a ação do tempo. Alguns blocos já oferecem riscos, segundo laudo elaborado pela Defesa Civil Municipal e relatos feitos pelos próprios moradores.

“Ir ao Paracuri e conversar com as pessoas que ocuparam o conjunto ainda não concluído é uma forma de firmar o compromisso de envidar todos os esforços para a conclusão dos blocos, garantir moradia digna e ao mesmo tempo a retomada das obras de macrodrenagem”, explicou Edmilson Rodrigues. 

O prefeito ressaltou, que é uma obrigação do gestor prezar pelo bom uso do dinheiro público e ao mesmo tempo respeitar os cidadãos que estão em situação de muito sofrimento, devido ao desvio de recursos e paralisação das obras. 

Marilda Silva, de 28 anos, desempregada e mãe de quatro filhos, é uma das pessoas que ocupa o residencial. Ela diz não ter condições de comprar um imóvel ou pagar aluguel em outro lugar. “Mal a gente consegue o que comer, já com muita dificuldade”, argumenta Marilda. Ela afirma que tem medo da estrutura do prédio desabar, pois está com muitas rachaduras. "Quando chove a gente já fica na porta, com medo de cair”, assegura.

“Nós queremos concluir essa obra, porque é parte de um investimento necessário para melhorar a vida das famílias. Aqui vai ser um condomínio popular, mas tem que ter dignidade, dormir em segurança”, assegurou o prefeito aos moradores.

Ele destacou que a equipe municipalse dispôs a identificar e planejar soluções para os problemas, não só de moradia, mas de saneamento, saúde e, também sociais, que se avolumaram no local, resultado de mais de uma década de abandono.

Risco – As obras dos conjuntos habitacionais Paracuri I e Paracuri II foram contratadas em 2008, destinadas a atender 328 famílias de baixa renda, cadastradas pela Secretaria Municipal de Habitação(Sehab). O projeto dos residenciais prevê também macrodrenagem e outras intervenções de saneamento e urbanização do entorno, num investimento de R$ 68 milhões.

No dia 3 de maio, engenheiros da Caixa Econômica Federal, financiadora e executora das obras, visitaram as obras abandonadas para avaliar a situação. Segundo o banco, já foram aplicados R$ 43 milhões no projeto e o contrato está ameaçado de ser encerrado e o recurso restante perdido pela demora e pelo descaso dos últimos anos.

Garantir a obra – Com a visita técnica realizada pela equipe da prefeitura, o prefeito Edmilson Rodrigues e o secretário municipal de Habitação, Rodrigo Moraes, pretendem chegar a uma ação conjunta e integrada do Município, de forma a garantir um acordo para retomar e avançar com o projeto de moradia e urbanização da área com a Caixa, além de garantir assistência às famílias que vivem em situação de extrema vulnerabilidade no local.

“A partir do comando do prefeito Edmilson Rodrigues de envolver a Sehab, a Sesan, a Seurb, a Funpapa, vários órgãos, para garantir que a gente possa encontrar juntos, uma solução para as famílias que há mais de 10 anos esperam a sua casa e para as famílias que há mais de cinco anos estão ocupando esse espaço. Nós não vamos tratar habitação como um caso de polícia, nós precisamos tratar habitação como um direito”, afirma Rodrigo Moraes.

Após a visita,  o prefeito Edmilson Rodrigues definiu a criação de um grupo de trabalho para elaborar um plano de ação, envolvendo  diferentes áreas como saúde, assistência social e saneamento. 

“Sabemos que ainda temos muitos problemas pra enfrentar em nosso distrito, mas a gente tem compromisso com a população de melhorar a vida do nosso povo do distrito levando dignidade, direito à moradia, saúde,saneamento e segurança. Nós vamos continuar o atendimento na área, com o nosso serviço de limpeza, serviços de roçagem, mediando e articulando tudo o que for necessário para que, de fato, tenhamos uma Icoaraci bem cuidada”, ressalta a agente distrital Ellana Silva.  

Laudo da Defesa Civil Municipal – Atendendo pedido da Sehab, engenheiros da Defesa Civil Municipal realizaram uma vistoria técnica nos residenciais Paracuri I e Paracuri II, dia 19 de abril. A equipe percorreu os blocos de apartamentos e entrou em algumas moradias. Os técnicos verificaram a existência de infiltrações, rachaduras e estruturas de sustentação expostas no local. Diante do caráter de urgência, o laudo já foi concluído e apontou riscos na estrutura dos prédios.

Para a desempregada Valéria Silva da Silva, 30 anos, que trabalhava como babá e perdeu o emprego durante a pandemia, a presença do prefeito e dos gestores municipais trouxe esperança para a comunidade, onde ela vive com a filha bebê, apenas do dinheiro recebido do Programa Bolsa Família. “Eu tenho fé que a gente vai sair daqui, que as coisas vão melhorar. A gente só quer viver em segurança”, contou.

Cadastro Social – Durante a visita, a equipe da prefeitura identificou que famílias em extrema vulnerabilidade. Na próxima semana uma equipe do Centro de Referência em Atendimento Social (CRAS) de Icoaraci deve iniciar o levantamento social das famílias dos residenciais e verificar quem já é assistido por programas sociais e quem pode ser inserido. “Vamos ver quem está no CADÚnico, quem não está, quem se enquadra, questão de documentação e outros aspectos”, informou o presidente da Fundação Papa João XXIII  (Funpapa), Alfredo Costa.