Marajó

Cooperativa agroextrativista comemora a primeira comercialização de açaí com certificado de manejo

A produção é feita por 56 famílias da Resex Mapuá. No total serão comercializadas 252 toneladas do fruto.

Presidente da cooperativa de produtores agroextrativistas dos rios Aramã e Mapuá (Coama), no município de Breves, região do Marajó, Janari Gonçalves comemora a venda do primeiro lote de açaí certificado da cooperativa, realizada na última sexta-feira, 06/08. A organização, formada por 56 famílias cooperadas, conseguiu fechar negócio com uma fábrica do estado de São Paulo e comercializou cerca de 40 toneladas de açaí certificado de manejo.

 “Essa conquista é muito importante para a nossa comunidade. Pois, além de movimentar a economia local, ela qualifica a produção do fruto e, principalmente, ajuda a quebrar a mediação com o atravessador, que sempre foi um grande problema pra gente”, afirma Janari.

O sentimento de conquista do gestor comunitário também é compartilhado pela produtora de açaí Michele Marques. Liderança da Reserva Extrativista Mapuá, ela afirma que a comercialização do fruto via cooperativa era um sonho dos moradores, e que agora, graças ao apoio do Instituto Floresta Tropical (IFT), se tornou realidade. “Já estamos nessa luta há muito tempo porque a gente acredita que organização social é fundamental para o fortalecimento da nossa comunidade”. 

A primeira venda da cooperativa é resultado de uma parceria dos moradores da Resex com o projeto Florestas Comunitárias do IFT, que através de oficinas de qualificação, promoveu diversas orientações aos comunitários como capacitações técnicas sobre cooperativismo e associativismo, cadeia de valor do açaí, segurança do trabalho e técnicas de manejo adequado na produção e armazenamento do fruto. 

“Isso é um marco histórico para o território e precisa ser celebrado. Porque o primeiro grande desafio foi instituir e manter regularizada a cooperativa em si. O território precisava ter o seu empreendimento comunitário e a cooperativa nada mais é do que empresa da comunidade. Isso regulariza e fortalece a produção dessas famílias”, destaca a engenheira florestal Amanda Quaresma, consultora da empresa Caruanas, responsável pelas oficinas direcionadas para a cadeia de valor do açaí, promovidas pelo IFT. 

“Além da cooperativa da Resex Mapuá, outras associações de moradores de Unidades de Conservação do Pará têm aproveitado a safra do açaí para assumir o protagonismo na comercialização do fruto nesse período. E isso só é possível graças a essas oficinas de qualificação e, sobretudo, a organização social dessas comunidades”, explica Marcelo Galdino, coordenador do projeto Florestas Comunitárias do IFT. 


Pará é responsável por 95% da produção nacional de açaí 

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de açaí no Pará ocupa cerca de 200 mil hectares de área. O estado é responsável por 95% da produção nacional. Em 2020, o açaí teve um bom posicionamento em termos de exportação, fato aguardado também para este ano. Essa posição, segundo o órgão, pode ser explicada pela conquista de novos mercados e pela ascensão do consumo pelo mundo.

A primeira etapa da comercialização da Coama atende às exigências de um contrato firmado com a empresa Bravo Açaí. No total serão comercializadas 252 toneladas do fruto, que serão divididas em seis etapas semanais de venda. 


Tags

açaí Amazônia cooperativismo desenvolvimento florestal economia paraense IFT Manejo Florestal Marajó