FISCALIZAÇÃO, EDUCAÇÃO E PREVENÇÃO


Foto: Ascom Semob
Reduzir os índices de acidentes de trânsito e, assim, salvar vidas. Esse foi o mote do Encontro Intersetorial do Projeto Vida no Trânsito, que ocorreu nesta quarta-feira, 22, na sede da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Reunindo representantes de órgãos e entidades diretamente ligados ao setor, o evento fez parte da programação da Semana Nacional do Trânsito, que contempla ações nos âmbitos estadual e municipal. Entre os debates, uma certeza: é preciso, cada vez mais, integrar ações para evitar as ocorrências.
Os dados sobre os sinistros ainda preocupam as autoridades. Segundo informações do Projeto Vida no Trânsito e do Sistema de Mortalidade Local, a partir dos registros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192), Corpo de Bombeiros e Pronto Socorro Municipal do Guamá, Belém registrou, no ano passado, mesmo em um ano marcado por restrições por conta da pandemia, 3.892 acidentes de trânsito, aumento de 39,36% em relação ao ano anterior.
Educação no trânsito – Em 2020, a capital registrou 64 mortes decorrentes de acidentes de trânsito. O domingo à noite é o período com maior número de ocorrências. Sobre o perfil das vítimas, a maioria (cerca de 70%) é do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 29 anos. Os dados fazem parte de um banco que está sistematizando informações para traçar um perfil epidemiológico que possa embasar políticas públicas de prevenção, que é um dos pilares da ação, segundo a coordenadora da Referência Técnica de Morbimortalidade por Acidentes e Violências da Sesma, Maísa Gomes.
“A Sesma tem a responsabilidade de trabalhar a prevenção e o atendimento. Queremos evitar os acidentes, mas se eles ocorrerem, queremos estar prontos para receber essas vítimas, com resolutividade, nos hospitais, na urgência e emergência. Nosso propósito maior, no entanto, é diminuir o número de ocorrências, e isso é possível somente com prevenção. E na prevenção temos que trabalhar com diversos eixos, que envolvem da fiscalização e educação à infraestrutura das vias”, disse.
Segundo a coordenadora, o encontro intersetorial é um passo importante para que os órgãos envolvidos discutam um plano de ação local que vise a redução desses acidentes e o número de vítimas, que acabam ocupando leitos das urgências e emergências da rede pública. Ela lembrou que entre os fatores de risco causadores dos sinistros estão o consumo de álcool e a velocidade excessiva, que também podem ser trabalhados na educação.
Comunicação é aliada – Para o coordenador de Operação e Fiscalização de Trânsito da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), Elias Jardim, a comunicação é uma grande aliada na disseminação dessas informações junto ao grande público. Além disso, a integração entre os órgãos possibilita alcançar, cada vez mais, as pessoas. “Hoje trabalhamos em rede para minimizar nossas limitações de pessoal. Chegamos mais perto da população com informação, seja nos canais oficiais disponíveis, seja com as campanhas de conscientização”, asseverou.
O coordenador lembrou, ainda, que Belém viveu um crescimento urbano expressivo nas últimas duas décadas, o que aumenta o desafio de gerir o trânsito. Quando a Semob – na época Ctbel – assumiu a gestão do trânsito da capital, em 1997, havia 117 mil veículos em circulação pelas ruas da cidade. “Hoje temos quase 500 mil somente em Belém e 700 mil na região metropolitana. E as vias, por sua vez, não cresceram na mesma proporção”, comparou, lembrando a importância do Projeto Vida no Trânsito. “Ele nos deixa mais próximos enquanto instituições envolvidas na questão. É essencial fortalecer o núcleo para dar esse suporte à comunidade. O projeto é a esperança de um trânsito melhor e mais humano”, resumiu.
O técnico Carlos Valente, representante do Departamento de Trânsito do Estado (Detran) no encontro, lembrou que o trânsito, hoje, é mais uma questão de saúde pública do que de segurança, o que se dá em função dos elevados índices de mortalidade ocasionados, na maioria, pelo comportamento inadequado do ser humano. “Um evento como esse mostra que precisamos, mais do que nunca, trabalhar de maneira integrada e somando esforços. Por mais que as ações estatais sejam importantes, se não houver uma sensibilização individual de que eu também sou responsável pela mudança dessa mudança desse cenário, os sinistros continuarão crescendo. A Sesma está de parabéns por, mais um ano, fomentar esse debate”, concluiu.
União – O Projeto Vida no Trânsito é uma iniciativa brasileira voltada para a vigilância e prevenção de lesões e mortes no trânsito e promoção da saúde, em resposta aos desafios da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Década de Ações pela Segurança no Trânsito 2011–2020.
Tem como foco das ações a intervenção em dois fatores de risco priorizados no Brasil: dirigir após o consumo de bebida alcoólica e velocidade excessiva e/ou inadequada, além de outros fatores ou grupos de vítimas identificados localmente a partir das análises dos dados, notadamente de acidentes de transporte terrestre envolvendo motociclistas.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, em uma articulação interministerial e parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Projeto Vida no Trânsito foi lançado em 2010 como parte da iniciativa internacional denominada Road Safety in Ten Countries (algo como Segurança viária em dez países, na tradução livre), sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS).