Círio 2021
O ano de 2021 será mais um ano atípico para os fiéis de Nossa Senhora de Nazaré. Devido à pandemia da Covid-19, pelo segundo ano consecutivo o Círio de Nazaré não será realizado em sua forma tradicional. Porém, mesmo sem as procissões oficiais, o publicitário Hugo Tomkiwitz refez o trajeto da Trasladação na manhã desta segunda-feira, dia 4 de outubro, como forma de agradecimento à Rainha dos paraenses por ter se restabelecido de um quadro de depressão.
O publicitário transformou sua devoção à Santa em um momento de resgate da cultura do povo paraense. Ele saiu da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré e foi até a Catedral da Sé, registrando elementos culturais que remetem à festa do Círio. O trajeto contou com a participação e apresentação de artistas locais que encenaram momentos em locais que marcam a romaria.
O trajeto iniciou com a apresentação da cantora Luu Sousa, que se apresentou em frente a Basílica. Logo em seguida foram feitas imagens na Avenida Nazaré com os barquinhos de miriti que ornam o lago do Tribunal de Contas do Estado, no conhecido Largo do Redondo. Ao chegar na Avenida Presidente Vargas, o registro foi começou a ser feito no túnel de mangueiras até chegar ao Bar do Parque, onde o ator Sid Manequim executou uma performance em alusão à Festa da Chiquita, que tradicionalmente ocorre após a passagem da Trasladação.
Continuando com a caminhada rumo à Sé, o publicitário resgatou o Arrastão do Círio, homenagem feita à Nossa Senhora de Nazaré. Ao chegar na Praça dos Estivadores, integrantes do grupo Arraial do Pavulagem fizeram uma apresentação relembrando músicas, danças e adereços da cultura popular utilizados no cortejo, que ocorre tradicionalmente na véspera do Círio.
Já no complexo do Ver-o-Peso, foi a vez de, primeiramente, registrar o setor de ervas e cheiros do Pará. Quando o publicitário chegou na Pedra do Peixe, pôde apreciar e interagir com a apresentação de carimbó do Grupo Parananin.
A partir de então, Hugo e os dançarinos encenaram uma mini procissão utilizando uma corda cênica, que simboliza a força da união, até a frente da Catedral de Belém, onde foram recebidos pela imagem de Nossa Senhora de Nazaré. A chegada à Igreja da Sé, com a imagem do publicitário com Santa nas mãos, foi um momento de satisfação para Hugo, pois conseguiu realizar a tão sonhada homenagem à Nazinha.
Segundo Hugo, refazer o percurso da procissão é uma forma de gratidão a Nossa Senhora de Nazaré, bem como reviver momentos da romaria que sempre estiveram presentes na sua vida. "A trasladação é uma procissão que sempre marcou a minha vida, pois desde criança eu venho saudar a nossa mãezinha. E hoje eu resolvi reproduzir e documentar esse trajeto para agradecer à Virgem pela cura da depressão, que passei no início deste ano”, contou o publicitário.
Para desenvolver esse projeto de gratidão à Maria, Hugo contou com o apoio de diversos profissionais, que junto com ele recriaram um pouco dos elementos culturais, artísticos, históricos, geográficos e arquitetônicos que compõem a Trasladação. “Quando decidi refazer essa procissão recebi o incentivo de diversas pessoas e agradeço imensamente a participação de todos que aceitaram fazer parte desse momento”, disse o publicitário.
A quadra nazarena sempre atrai pessoas do Brasil e do mundo, e não foi diferente com a cirurgiã dentista, Alaíde Valadão, que veio de Luziânia, Goiás, para passar uma semana em Belém e se deparou com a homenagem do publicitário à padroeira dos paraenses. “Nossa senhora nos ensina o amor, humildade e obediência a Deus. É muito bonito esse gesto do Hugo, de propagar a fé nesse momento de pandemia, onde muitas pessoas estão enfrentando ansiedade, pânico, depressão, devido a incerteza que estamos vivendo no mundo. Mas temos a certeza que ela nos leva a seu filho Jesus sempre, e é lindo ver a transformação que nossa senhora fez na vida dele”, disse Alaíde.
Para Sayron Lima, filmmaker, fazer parte dessa homenagem é muito gratificante. “Mesmo estando a trabalho não tem como não se emocionar com o milagre que Nossa Senhora realizou na vida do Hugo. Pois somente através da fé a Deus e à Virgem ele conseguiu retomar a sua vida”, contou Sayron.
“Participar deste momento representando o Arraial do Pavulagem, com o tradicional chapéu de fitas que faz referência às manifestações culturais dos interiores do Pará, com os adereços cênicos feitos de materiais reciclados e com as matracas, instrumentos musicais que nos remetem à origem do Boi-Bumbá, é uma honra, pois será um registro para posteridade”, disse Hugo Almeida, integrante do Arraial.