Fórum Mundial
De 18 a 20 de outubro Belém se torna a capital da Bioeconomia no mundo. A capital paraense sedia o Fórum Mundial de Bioeconomia, evento que ocorre desde 2018, mas que pela primeira vez sai de Ruka, na Finlândia, sua cidade natal. Pesquisadores, especialistas, empreendedores e autoridades, brasileiras e internacionais, compõem a programação do Fórum, que dará um olhar todo especial para a bioeconomia na Amazônia, segmento fundamental para a manutenção da floresta em pé. O evento estará concentrado no galpão 3 da Estação das Docas.
O conceito de bioeconomia reúne diferentes visões e abrangências, que influenciam o investimento e políticas públicas que podem, efetivamente, gerar renda e desenvolvimento sustentável, de acordo com a realidade da Amazônia. Considerada a cidade porta de entrada para a Amazônia, Belém foi escolhida para sediar o evento que pela primeira vez saiu da fria Finlândia para se encontrar no calor tropical do Norte brasileiro.
“Penso que, primeiramente, vocês devem se orgulhar da sua natureza. Eu fico muito contente de ver que vocês estão vivendo em equilíbrio com a natureza. Penso que há uma boa plataforma para construírem em cima disso, várias opções que vocês estão buscando do ponto de vista de sustentabilidade. Vocês devem também se orgulhar dos esforços que estão fazendo, da industrialização na bioeconomia, desses produtos e insumos da Amazônia”, disse Jukka Kantola, fundador do Fórum.
O Fórum chega em um momento oportuno a Belém. Hoje o Pará demonstra um novo fôlego em termos de políticas socioambientais, que credenciam o segundo maior Estado da Federação a assumir uma posição de liderança no combate a degradação dos recursos naturais e efeitos das mudanças climáticas, sempre colocando a população no centro do debate da sociobiodiversidade.
“É imprescindível que o potencial dessa agenda seja conciliado à urgência de desenvolvimento social e humano. E que o estado do Pará possa alcançar a visão a que se propõe ao construir uma estratégia estadual de bioeconomia para ser referência na Amazônia, no Brasil e no mundo, promovendo mais credibilidade e segurança e assim atrair investimentos, produção e negócios, aliados ao desenvolvimento socioeconômico, mantendo a floresta tropical amazônica e transformando positivamente a vida das pessoas”, ressalta o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) Mauro O’de Almeida.
E em um evento deste porte, os atores que movimentam a diversificada bioeconomia local terão um espaço de destaque. São 28 expositores confirmados no marketplace físico montado no espaço do evento, de segmentos como gêneros alimentícios, artesanatos, extratos naturais, cosméticos, agroindústria, entre outros.
As cores da Bioeconomia invadem a capital paraense
O colorido da bioeconomia amazônica vem se espalhando por Belém. A oportunidade de sair do frio para o calor é usada pela organização do evento como a chance de mostrar que a bioeconomia está presente no nosso cotidiano de diversas formas. O próprio sinal de boas vindas utilizado na identidade visual é prova disso: os Abridores de Letras, que normalmente pintam os nomes dos barcos amazônicos que transportam a bioeconomia da Amazônia pelos rios, foram aplicadas em inglês e escrevem a palavra “Welcome” para acolher os participantes estrangeiros do Fórum.
Alguns prédios públicos da capital paraense ganharão uma decoração especial no que foi batizado de Semana Púrpura: desde o dia 18, quando o evento se inicia, monumentos restarão “tingidos” por esta cor, sinalizando o acontecimento do Fórum Mundial de Bioeconomia. Esta é uma inovação que vai estrear em Belém e deve ser importada às próximas cidades sede do Fórum, em uma estratégia global de reconhecimento da Semana de Bioeconomia.
Para popularizar o termo “bioeconomia” e educar a população sobre seu conceito e importância, o Fórum Mundial de Bioeconomia buscou parceiros imprescindíveis: os professores. Foi criada a programação virtual “O que é?”, um fórum de discussão entre jovens para uma espécie de brainstorm sobre a bioeconomia. “O que é?” conta com o apoio da plataforma virtual Zoom, com distribuição de acessos para professores e diretores da rede estadual de ensino.
O lançamento será com um evento ao vivo, com participação do titular da Semas, Mauro O’ de Almeida, com dois painéis: um sobre “Conhecimento de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais e a Bioeconomia”, onde falam um Prof. Indígena, um Extrativista e um Quilombola e o segundo sobre o tema “Bioeconomia e Negócios Sustentáveis”, onde falam Prof. Gilberto Luís Sousa da Silva e seu aluno Washington sobre a experiência deles e a startup Unaí.
Além disso, será lançado, no mesmo dia em que o evento terá início, um concurso de redação para os alunos da rede estadual do 7°, 8° e 9° ano. O concurso será lançado na abertura do Fórum, com a leitura da redação de uma aluna convidada como embaixadora do projeto.
E para quem ficou curioso com os elementos da marca desenvolvida para a edição de Belém do FMB, o evento disponibilizou no hotsite https://www.forumbioeconomia.com.br cinco minidocs, de até 3 minutos, contando as histórias destes personagens e seus papeis nas cadeias produtivas da bioeconomia da Amazônia.
Fórum Mundial de Bioeconomia (WCBEF)
Como falar em sustentabilidade ambiental, em contenção das queimadas e redução da emissão dos gases de efeito estufa sem falar em bioeconomia?
O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo, com mais de 42 mil espécies distribuídas em diferentes biomas. A bioeconomia movimenta no Brasil cerca de US$ 326 bilhões por ano, segundo o BNDES. É um número representativo, mas com potencial para crescer muito mais. E com um grande desafio, dadas as exigências cada vez maiores dos principais mercados do mundo por produtos de base sustentável.
No plano de recuperação econômica previsto pela UE para o pós-pandemia, os 27 países-membros devem obrigatoriamente investir em produtos e práticas bioeconômicas para ter acesso aos fundos de financiamento. Na União Europeia, a bioeconomia já superou a cifra de 2,1 trilhões de euros, um crescimento de 25% em uma década.
Cada país costuma ter sua própria definição do que é bioeconomia. No conceito geral, a bioeconomia pode ser caracterizada como um conjunto de atividades nas quais os blocos de construção básicos para materiais, produtos químicos e energia são derivados de recursos biológicos renováveis.
Este ano, o Brasil vai sediar o Fórum Mundial de Bioeconomia. Pela primeira vez, o evento ocorre fora da sua cidade de origem, Ruka, na Finlândia. Será em outubro, em Belém (PA), cidade considerada porta de entrada para a Amazônia.
Mais sobre o Fórum Mundial de Bioeconomia (WCBEF)
O WCBEF é um think tank que fornece uma plataforma às principais partes interessadas da Bioeconomia Circular, seja no compartilhamento de ideias ou na promoção de inovações responsáveis, de base biológica, para substituir indústrias, produtos e serviços de base não renovável. Dessa forma, há uma contribuição direta para alcançar uma economia mais sustentável, mitigando os efeitos das alterações climáticas.
Um pouco mais sobre a bioeconomia no mundo e no Brasil
No Brasil, os bioprodutos mais conhecidos são o etanol e o biodiesel. Mas há uma enorme gama de outros exemplos, como fibras de celulose aplicadas a têxteis, polímeros, bioplásticos etc. A bioeconomia alcança também produtos farmacêuticos, vacinas e enzimas industriais.
Além da base tecnológica, a bioecomomia tem um papel inclusivo e de mobilidade social. No Pará, por exemplo, a indústria do açaí se torna cada vez mais relevante. O Estado produz 95% do açaí brasileiro e possui quase 50 empresas, que comercializam o fruto para outros estados, o que representa mais de 1,2 milhão de toneladas do produto. Esse montante chega a injetar na economia paraense algo em torno de 1,5 bilhão de dólares ao ano, de acordo com o Sindicado das Indústrias de Frutas e Derivados (SINDFRUTAS).
Há diversos outros casos, como o fio de borracha natural (aplicado à indústria da moda e do design), o chocolate produzido a partir do cacau selvagem colhido diretamente na mata, e indústrias de ponta, como a de celulose, novos materiais aplicados à construção civil e startups que unem a tecnologia à natureza.
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