AÇÃO PEDAGÓGICA






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O projeto Mapeo ocorre na Sala de Informática Educativa da Fundação Escola Bosque (Funbosque), no distrito de Outeiro, em parceria com os professores Ana Guerreiro, Amanda Santos, Edinilza Costa, Jader Gama, Célio Costa e Antenor Carlos Trindade. As turmas que estão participando da ação são a I e II Totalidades, da modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) da Funbosque.
O projeto é um desdobramento pedagógico do processo que se iniciou em 2019, a partir da diagnose escolar realizada com estudantes matriculados naquele ano letivo. A diagnose teve como foco o levantamento dos pontos de interesses relacionados a temas afetos à realidade da comunidade escolar. E, deste modo, subsidiar a prática curricular de forma contextualizada e significativa. As questões que surgiram foram a problemática da água, na ilha de Caratateu, tanto do ponto de vista da escassez, como da qualidade que chega às torneiras.
Esse levantamento temático está inserido no processo de discussão da reorientação curricular, no âmbito da EjaiI, no período de 2019 - 2021, resultando na definição do Tema Gerador “Escassez e qualidade da água em Caratateua: ameaça à cidadania e ao bem viver”, o qual vem sendo o eixo norteador da prática escolar nesta modalidade de ensino.
Nesta direção, o projeto da informática educativa traz em sua transversalidade a problematização do tema gerador, por meio do eixo “cultura digital”, inserindo o uso do aplicativo Mapeo como um dos meios para ampliar os conhecimentos da comunidade sobre a problemática da água, em seu território, visando a construção de possibilidades e alternativas para o acesso e o consumo de água com qualidade potáve.
O Mapeo é uma tecnologia desenvolvida para que os povos indígenas realizem o automapeamento de seus territórios. É uma ferramenta acessível e gratuita. Por meio do aplicativo Mapeo as informações geram a possibilidade de a comunicação ser elaborada por vários sujeitos, conforme a vivência e os saberes produzidos localmente.
Por meio desse aplicativo se fez um mapa social dos poços desses alunos para ser discutido a qualidade da água na comunidade. Mapeo é o meio desse projeto, é a ferramenta que vai dar suporte a três viés do projeto: pedagógico, técnico e político.
Pedagógico - Por meio da cartografia os alunos vão poder explorar várias áreas de conhecimentos diversificadas e interligadas, como a linguagem, matemática, ciência, geografia,a história, e o letramento digital, chamamdo de multiletramento. As turmas iniciais das totalidades têm como característica em comum o processo de construção da leitura e da escrita.
Técnico - Os alunos passaram a ter acesso a uma ferramenta tecnológica digital, de informação e comunicação, pela qual vão poder agregar outros saberes, principalmente do ponto de vista da cidadania digital. É um tipo de ferramenta pela qual este aluno não vai se limitar em fazer apenas a cartografia social pra o estudo da água. Mas vai poder transitar por outros temas que dizem respeito ao território que eles vivem, como por exemplo, gerir os dados coletados para construir um roteiro de empreendimento turístico comunitário.
Político - O projeto possibilita construir um olhar geográfico diferente da comunidade. Quando se tem um entendimento comum sobre a situação do seu território, essas pessoas possuem melhores condições de lutar pelos seus direitos e de criar acordos comunitários para uso dos recursos naturais, além de lidar com conflitos sejam eles externos ou internos, entre outras possibilidades.
No decorrer do processo foram realizadas estratégias pedagógicas com essa finalidade, dentre as quais duas oficinas para os estudantes envolvidos. A primeira, para que pudessem aprender a utilizar o aplicativo Mapeo de forma didática e reflexiva. A segunda, em forma de experimentos referentes a análise básica da qualidade de água, com afirmou a professora de química Amanda Santos.
“A oficina falou da importância da qualidade da água para saúde da população. Sobre as técnicas de tratamento para tornar a água segura para o consumo. Os alunos aprenderam a realizar a coleta de forma adequada de água da torneira, para realização de análise. E também fizemos um teste da presença de cloreto e outro do pH das amostras coletadas por eles”.
Segundo a professora Ana Guerreiro, o processo dessa construção de voltar o olhar para território e fazer uma intervenção, visando uma mudança de realidade é relevante. "É um trabalho que tende a sair do muro da escola e do muro comunidade. Pois vai ter outras utilidades e impactos em vários segmentos da realidade desses alunos, dessa comunidade”.
Este é o propósito condutor do projeto Mapeo com as turmas das totalidades iniciais. É uma ação pedagógica que pensa o processo de construção do conhecimento, a partir da problemática geradora, centrado na relação de diálogo na comunicação e no debate. Ampliando, assim, o conhecimento dos membros da comunidade sobre a problemática da água, em seu território, visando a construção de possibilidades alternativas para o acesso e o consumo de água com qualidade potável em seu território.
“A educação é fundamental no processo político. E a gente consegui fazer o que é a missão da Funbosque, que é trabalhar ensino, pesquisa e extensão com o viés ambiental, é muito importante”, finalizou o professor Jader Gama.