BELÉM VACINADA





Foto: Joyce Ferreira / Comus
“Vim tomar a vacina porque sei que ela salva vidas. Não só a minha, mas a dos meus parentes”. Assim Maria Vitória Guajajara, 8 anos, resumiu a hora de receber a vacina contra a covid-19. Ela fez parte de um grupo de crianças de 5 a 11 anos que foi tomar, nesta sexta-feira, 18, no Shopping Pátio Belém, a primeira dose do imunizante.
Parceria da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) com o Instituto Nossa Voz, a ação faz parte da estratégia da Prefeitura de Belém de ampliar a vacinação junto ao público infantil.
Até agora, das 140 mil crianças que devem ser vacinadas em Belém, 65 mil (47%) já receberam a primeira dose em pouco mais de um mês. O resultado deixa Belém no ranking das capitais que mais vacinaram crianças contra a covid no país.
Direito - A luta pela vacinação dos povos indígenas é nacional. Segundo a coordenadora do Instituto Nossa Voz, Nice Tupinambá, com o projeto Vacina Parente, a intenção é provocar a consciência sobre a importância do ato se vacinar entre as comunidades, estimulando a busca pela vacina nos territórios. Desde o início da pandemia, segundo o instituto, mais de mil indígenas perderam a vida para o coronavírus.
“Essa ação com as crianças, que estamos chamando de Vacina Parentinho, também é uma forma de combatermos o negacionismo e as fake news, que acabaram prejudicando a vacinação pediátrica no Brasil. A ciência já comprovou a importância de imunizar os menores na cadeia de proteção contra a covid”, disse Nice Tupinambás. Segundo ela, a vacinação envolveu crianças de quatro etnias: Tembé, Guajajara, Tupinambá e Paliku.
Proteção - Consciência não falta para a servidora pública Ytahy Guajajara, que levou os três filhos, Pedro, Cássia e José, para tomar a vacina nesta tarde. Ela acredita que a atitude ajuda a dar o exemplo a outros indígenas e pais sobre a importância de vacinar as crianças.
“Queremos retomar nossa rotina com mais segurança e saúde, não só na cidade, mas também nas aldeias, onde muitos rituais pararam e muita gente adoeceu por causa da covid”, declarou a servidora pública.
A professora Alaíde Bento levou a filha, Àmàna Guajajara, 10 anos, para se vacinar. Ela não tem dúvida sobre os benefícios que a ciência traz para a saúde coletiva.
“A vacinação da minha filha é um momento muito especial, porque em casa todo mundo pegou covid. Perdi meu pai para essa doença em 2020 e não quero mais perder ninguém. Além de que, vacinada, ela poderá voltar às aulas presenciais”, afirmou.
Inclusão - O diretor do Departamento de Vigilância à Saúde da Sesma, Cláudio Salgado, ressaltou que a vacinação de crianças indígenas é uma das ações de saúde da Prefeitura de Belém voltadas às populações tradicionais.
“Os indígenas residentes na capital têm acesso à vacina de maneira irrestrita. E ficamos felizes em constatar o interesse desses pais que decidem trazer os filhos para se vacinar. É uma camada da sociedade que precisa e deve ser imunizada”, avaliou o diretor Cláudio Salgado.
Nova etapa - A partir de segunda-feira, 21, a Sesma inicia uma nova etapa da campanha de vacinação pediátrica contra a covid-19, com a aplicação da segunda dose nas crianças nascidas de 2010 a 2016 (com 6 anos completos), que receberam a primeira dose com a vacina da coronavac. Os locais e horários de vacinação serão divulgados ainda no fim de semana.