Consciência ambiental

Salomão Habib reforça a valorização da Amazônia

Aprender sobre a Amazônia desde cedo é essencial para despertar a cidadania

A Amazônia, uma das maiores riquezas naturais do Brasil e do mundo, é um tema fundamental que deve ser tratado e discutido nas escolas desde as primeiras séries, para estimular a cidadania dos alunos, o respeito, a consciência ambiental, a noção de pertencimento. A Amazônia é importante para proteção contra incêndios, por possuir recursos hídricos, por servir de moradia a povos indígenas, para serviços ecológicos, estudos, ecoturismo, agricultura, entre outros.

Salomão Habib, professor e músico que trabalha com arte e educação há mais de 30 anos, afirma que desde muito tempo, nas escolas, o homem do campo é estereotipado e ridicularizado, como se fosse apenas o “caipira”, o “bobão”, o “esfarrapado”. Segundo ele, essa foi uma ideia imposta pelos colonizadores e burgueses com o objetivo de colocar aquela classe como inferior. “Isso não é algo educativo para as crianças aprenderem. Em vez de se louvar o homem do campo, pela inteligência que ele tem, pelas tradições culturais que ele tem, pela importância social dele, você ridiculariza. Infelizmente, ainda existe isso nas escolas hoje”, comentou o professor.

O que Salomão procura fazer nas escolas é um trabalho de valorização cultural da Amazônia e do homem do campo. “Nós devemos ter orgulho dos ribeirinhos. São eles que sabem o tempo do açaí, a tábua das marés, a piracema dos peixes, os períodos de paralisação da pesca, subir num coqueiro, tirar o açaí maduro, colher, tratar… Isso demanda uma inteligência que nós, que somos da cidade, não temos e eles têm. Eles são tão importantes socialmente quanto a gente”, explicou.

Saber ensinar isso para a criança, segundo Salomão, faz a criança sair de barco, avistar a casa de um ribeirinho e dizer “olha, aí mora um ribeirinho, que apanha açaí, que faz reflorestamento, que entende de maré”, ou seja, a criança vai associar aquela pessoa a alguém como ela, que tem as próprias especificidades.

Salomão contextualiza o trabalho dele em sala de aula com referências paraenses e amazônicas, como os pontos turísticos, a cultura, a gastronomia,  os rios, os animais, os indígenas, as lendas, os idiomas e os ritmos musicais, para fazer com que os alunos enxerguem a própria regionalidade. “Por exemplo, no ano passado nós tivemos o projeto ‘Perequeté e os amigos na Amazônia’, que conta a história de um menino que entende muito de maré, é muito inteligente, filho da Dona Dadá, uma mãe solo que cria cinco filhos, ele é o mais velho. O avô dele é o Raimundo, que entende tudo de medicina natural e de ervas”, afirmou.

Para 2022, Salomão tem dois projetos autorais: no primeiro semestre, “Esperança, a menina que descobriu o mar”; e no segundo, “Florestania”. Ambos ensinam sobre a Amazônia por meio de músicas educativas que falam sobre preservação, meio-ambiente, povos, origens, etc. “As crianças começaram a perceber a importância da questão regional a partir da ótica dos personagens amazônicos. Hoje em dia, muitos alunos meus até ensinam e repreendem os pais com os conhecimentos adquiridos sobre meio-ambiente. Eles adoram as músicas, cantam com muita emoção”, concluiu o músico.


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