Empoderamento

Foi por meio da ferramenta instagram que a nutricionista, gastrônoma, empreendedora, e mãe, Brenda Vasconcelos, de 27 anos, descobriu, de forma muito intuitiva que, poderia utilizar o espaço digital como seu lugar de fala. E foi mostrando o seu cotidiano dividido entre maternidade e seu negócio direcionado a venda de bolos e doces, que ela começou a encorajar outras mulheres.
De forma orgânica e criando um relacionamento único, dividindo o mesmo propósito com outras mulheres na rede social, o grupo ganhou forma, migrou para o whatssap e logo o contato passou a ser presencial. Todas as quintas elas se reúnem para trocar conhecimento e discutir ideias que possam aprimorar o seu negócio.
“A ideia surgiu quando eu convidei uma amiga para tomar um vinho em casa. E, na semana seguinte, eu já convidei outras amigas. Como sempre acabo postando que estou cozinhando e recebendo pessoas, muitas mulheres acabaram manifestando interesse em participar. Foi tudo muito natural”, conta Brenda.
Atualmente o grupo de whatssap conta com mais de 90 mulheres que atuam em diversos setores: mulheres do lar, empreendedoras de vários segmentos e advogadas. Um universo múltiplo, com um objetivo principal: encorajar mulheres. E a partir dessa ligação, elas criaram uma rede de apoio e também de fomento de negócios, consumindo os produtos e divulgando os serviços que cada participante oferece.
“Logo em seguida, o número de mulheres aumentou e, consequentemente, o número de serviços também. Mulheres que não conheciam todas sentadas na mesma mesa. Começamos a trocar experiências e conhecer os serviços de cada uma. Nesse momento percebemos a necessidade de incentivar o empreendedorismo feminino”, explica ainda a jovem mãe.
De acordo com a idealizadora do projeto, o “Por Elas” tem como objetivo mostrar a força que cada mulher carrega em si, e que juntas, essa força fica ainda mais potencializada. Conciliar a maternidade com a vida profissional é um dos maiores desafios seja para mãe que é solo ou não. A maternidade traz consigo culpa, dedicação e foco, dessa forma muitas mulheres acabam se deixando de lado e esquecendo de se priorizar e cuidar de si, um ato fundamental, afinal, para cuidar bem do filho é preciso antes estar bem consigo mesma.
“A ideia para o futuro é continuar encorajando essas mulheres e trazê-las para perto. Temos um grupo muito diverso. Hoje, os nossos encontros acontecem de forma presencial e cada semana na casa de uma parceira diferente. Donas de salão de beleza, restaurantes, artesãs, médicas, vendedoras de roupas e acessórios, todas juntas com o intuito de prosperar ainda mais”, finaliza Brenda Vasconcelos.
Dados
De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae e divulgada pela Agência Brasil, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), mostrou que após recuar para um total de 8,6 milhões, em 2020, o número de mulheres à frente de um negócio no país fechou o quarto trimestre de 2021, em 10,1 milhões.
O estudo aponta ainda que, apesar dessa evolução, o número de mulheres empreendedoras no universo de donas de negócio no Brasil, ainda está abaixo da melhor marca registrada durante 2019 - correspondente a 34,8%.
Sofrimento invisível
Mais de 8,6 milhões de mulheres deixaram o mercado formal de trabalho com o início da pandemia, causada pela Covid-19, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro desse universo feminino, as mães solos, que somam mais de 11,5 milhões no Brasil, passaram não somente a enfrentar mais riscos e dificuldades financeiras em decorrência da pandemia, como também sofrem uma sobrecarga mental e um maior acúmulo de tarefas devido ao fechamento de escolas e creches.