SUSTENTABILIDADE





Foto: Débora Lehmann/IPÊ
As discussões sobre a conservação da biodiversidade amazônica movimentaram a Reserva Extrativista do Cazumbá-Iracema, no Acre, no último final de semana. A RESEX foi a sétima unidade de conservação a sediar a temporada 2022 dos Encontro dos Saberes. A iniciativa, promovida pelo Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB), do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reuniu cerca de 60 participantes.
“A RESEX do Cazumbá-Iracema possui um histórico de organização e envolvimento com o projeto MPB que já dura 8 anos. Este é o segundo Encontro dos Saberes que realizamos aqui e a nossa percepção é que a comunidade tem se apropriado do projeto de monitoramento da melhor forma possível. E é nesse momento de troca de conhecimentos, onde todos são chamados para discutir sobre os resultados do monitoramento, que percebemos a importância desses espaços de diálogo e escuta ativa para o fortalecimento dos arranjos locais e a conservação da floresta”, destaca Débora Lehmann, coordenadora técnica do projeto MPB.
Além dos moradores da RESEX, o evento também reuniu pesquisadores do IPÊ e de instituições parceiras como a UFAC e SOS Amazônia, gestores da unidade de conservação, analistas ambientais do ICMBio e representantes do conselho da unidade, oriundos das secretarias de educação e de meio ambiente do município de Sena Madureira, território que abriga a UC. Segundo a coordenadora, o encontro cumpriu o seu objetivo ao funcionar como um espaço de diálogo entre diferentes atores sociais a respeito das experiências de cada um sobre o monitoramento, a conservação da biodiversidade local e o uso das informações na gestão da UC.
“Esse encontro tem um significado muito importante para a nossa comunidade, pois esse trabalho de monitoramento participativo empodera os extrativistas e nos ajuda a entender melhor sobre a manutenção da nossa biodiversidade. Essa ideia de juntar o saber tradicional dos moradores da RESEX com o conhecimento técnico dos pesquisadores é fundamental para esse empoderamento. Afinal, a preservação da nossa floresta e, consequentemente, do nosso modo de vida, depende desse entendimento sobre a importância da sustentabilidade”, afirma o líder comunitário, Aldeci Cerqueira Maia, conhecido como Nenzinho.
Localizada as margens do rio Caeté e dispondo de uma área de mais de 750 mil hectares, a RESEX do Cazumbá-Iracema é referência em governança local de unidades de conservação no Brasil. Em 2014 a RESEX iniciou a parceria com projeto MPB, através do monitoramento participativo da castanha-da-amazônia. Ao longo dos anos, novos alvos de monitoramento participativo foram inseridos como os de mamíferos, aves, borboletas e plantas, que compõe o monitoramento do protocolo florestal.

Encontrinho
Além do evento aberto a toda comunidade, realizado no dia 30, a unidade de conservação também sediou no dia anterior uma reunião menor, denominada de “Encontrinho dos Saberes”. O espaço serviu com um alinhamento entre a gestão local do ICMBio (NGI Sena Madureira), os monitores locais e pesquisadores sobre os resultados das análises dos dados e as experiências de cada ator envolvido. No encontro maior, os moradores acompanharam de perto os resultados sobre o monitoramento participativo de castanha-da-amazônia, mamíferos, aves, borboletas e plantas e debateram sobre as informações coletadas em oito anos de projeto.
Para Ilnaiara Sousa, pesquisadora local do IPÊ, o evento fecha um importante ciclo iniciado há 8 anos. “O monitoramento participativo trouxe importantes resultados para a Resex. Além do protocolo florestal básico, a unidade também realizou o protocolo complementar da castanha. As informações coletadas a partir do projeto foram essenciais para a gente compreender a dinâmica local em relação a produção do fruto, a qualidade das árvores, a cadeia produtiva, e tantos outros aspectos. E o resultado disso só foi possível graças a participação efetiva da comunidade. Por isso, a sensação que temos ao final do projeto é de dever cumprido e ao mesmo tempo da certeza de que o monitoramento participativo precisa e deve continuar”.
Troca de Saberes
Desde o início do projeto MPB, em 2014, o Instituto de Pesquisas Ecológicas já realizou 14 Encontros dos Saberes presenciais e dois grandes seminários envolvendo diversos parceiros da instituição como lideranças locais, gestores do ICMBio, monitores e pesquisadores de diversas instituições.
Este ano estão previstos 10 encontros presencias nas unidades de conservação onde o IPÊ atua. Os próximos eventos serão realizados na RESEX Rio Unini e no Parque Nacional do Jaú, no Amazonas e no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá. O Projeto MPB conta com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - USAID e da Fundação Beth Moore.
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