Saúde e Prevenção

Oncologistas do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) apontam sinais que podem facilitar a identificação da neoplasia responsável por cerca de 3% dos casos de todos os tipos de cânceres pediátricos.
De acordo com a oncologista pediátrica do Hospital Octávio Lobo (Hoiol), Karoline Silva, o retinoblastoma é o tumor intraocular mais comum na infância. “Esse tipo de câncer está associado a mutações que ocorrem logo no início da vida e, às vezes, são herdadas dos nossos pais, principalmente quando ele ocorre da forma bilateral. Não existe uma predominância de sexo, mas é muito comum ocorrer até os dois anos, podendo ocorrer um pouco mais tarde, por volta dos cinco anos, sendo que as formas bilaterais são mais precoces", explica.
Ainda segundo a médica, as chances de cura chegam a 90%, quando esta neoplasia é diagnosticada precocemente. “Quando é feito o diagnóstico ainda nas fases iniciais, quando o câncer está restrito ao globo ocular, sem sinais de metástase", ressalta Karoline.
"O câncer infantil não pode ser prevenido, pois não está associado a hábitos de vida. Então, o único meio de a gente garantir maiores chances de cura para esses pacientes é fazendo o diagnóstico precoce. Até mesmo pelas próprias características da infância, que é um período de crescimento acelerado, ele também cresce muito rápido e é mais agressivo do que o câncer em adultos. Em contrapartida, o câncer infantil tem maior chance de cura, quando diagnosticado precocemente", ressalta a oncologista.
"A disseminação de informação clara, simples e que tem o impacto de atingir o maior número de pessoas possível é o que vai gerar o diagnóstico precoce não só do retinoblastoma como de outros cânceres infantis. Então, ao falarmos com toda a população, não só com profissionais de saúde, mas com qualquer pessoa que tenha contato com crianças, informar e instruir quais são os primeiros sinais que ela pode perceber e alertar os pais dessa criança a levar ao médico, pode ter um impacto na sobrevida e na preservação do globo ocular e da visão da criança", explicou a doutora Karoline.
Em apoio à campanha nacional "De Olho Nos Olhinhos", que visa à conscientização sobre o retinoblastoma, a também oncologista pediátrica do Hoiol, dra. Alayde Vieira, defende a importância do acompanhamento médico regular desde o nascimento. No Pará, a campanha é apoiada por profissionais da Associação Paraense de Oftalmologia, da Universidade Federal do Pará e do Hospital Infantil Octávio Lobo.
“O acompanhamento com o médico pediatra deve ser periódico. O Ministério da Saúde possui um calendário, que orienta sobre a criança frequentar a pediatria com maior regularidade nos 18 primeiros meses. E, a partir de então, deve-se retornar ao menos uma vez por ano. Infelizmente, o que nós vemos é uma dificuldade de acesso ou o desconhecimento de alguns profissionais da saúde sobre o câncer infantojuvenil. Temos ainda o medo da família quando ouve a palavra ‘câncer’ e entra em um estado de negação. Isso tudo corrobora para um atraso no diagnóstico”, explicou Alayde.
Um dos primeiros sinais que os pais podem observar é o ‘reflexo do olho do gato’, quando o olho fica esbranquiçado, que é o que chamamos de leucocoria. Então, ao fazer uma foto com flash, e observar uma mancha branca no olho, é bom ficar atento porque pode ser um sinal precoce de retinoblastoma.
“É fundamental que toda criança recém-nascida faça o Teste do Olhinho. O exame em si não diagnostica o retinoblastoma, mas ele pode apresentar suspeitas de que algo está diferente. E, ao repetir o exame aos seis meses de vida, ele pode auxiliar no primeiro alerta de que algo está errado com o olho da criança", enfatiza a médica Alayde Vieira.
Texto da Ascom Hoiol