DIGNIDADE PELA EDUCAÇÃO





Foto: Divulgação - Ascom Semec
A Prefeitura instituiu em 2021 o programa Alfabetiza Belém, que une vários parceiros na missão de alfabetizar mais de 11 mil pessoas até final de 2024, para que a capital paraense supere o analfabetismo. Entre os parceiros está o Movimento Sem Terra (MST), que promoveu de sexta-feira, 25, a domingo, 27, mais uma formação para 26 alfabetizadores e quatro coordenadores pedagógicos.
Os formandos vão atuar nos distritos administrativos do Guamá, Outeiro e Mosqueiro nas 26 turmas, com um total de 420 pessoas inscritas. O encontro ocorreu na pousada Point da Ilha, na praia do Vai Quem Quer, na Ilha de Cotijuba.
A Coordenação Política Pedagógica do MST proporcionou aos alfabetizadores uma imersão à metodologia do ‘Sim, eu posso!’, do Insitituto Pedagógico Latino Americano e Caribenho de Cuba (Iplac), aliado ao Círculo de Cultura da pedagogia freiriana, adotada pelo movimento no Brasil.
Metodologia
‘Sim, eu posso!' é um programa que ajudou a alfabetizar milhares de pessoas no Brasil e em vários países do mundo.
Para o MST, a importância é "gigante", por acreditar na potência e força que o programa de alfabetização tem e movimentar sonhos de muitos jovens, adultos e idosos, que, por algum motivo, não se alfabetizaram.
"Então, o MST está cumprindo com uma de suas missões enquanto movimento social, que é de educar, levar dignidade àqueles que sonham com ela por tanto tempo", afirmou Lennon Xavier, da coordenação da formação do MST. "É um prazer enorme fazer parte da campanha de alfabetização em Belém”.
Formação
O encontro contou com a palestra de Elitiel Guedes, formador do MST, do Maranhão, que trouxe a sua experiência na metodologia do ‘Sim, eu posso!’, e de como colocar em prática em Belém.
O método tem como suporte tecnológico videoaulas no formato de uma ‘novela’, para mostrar uma realidade semelhante à dos educandos como forma de motivá-los a aprender a ler e escrever.
Um dos elementos fundamentais que compõem a dinâmica deste processo de alfabetização é a contextualização pelo educador dos materiais utilizados, visando a propiciar reflexão, análise lógica, comunicação e ajuda mútua, a partir da realidade histórica e sociocultural de onde o trabalho é desenvolvido.
O suporte audiovisual também é um elemento motivador aos educandos que ficam na expectativa de como será a próxima videoaula.
Alfabetizadores
Alessandra Ferreira Assunção, de 45 anos, é licenciada em Educação do Campo, com ênfase em Ciências Humanas e Sociais. Ela é uma das alfabetizadoras que atuará em Mosqueiro.
“A formação proporciona um conhecimento diferenciado a respeito da educação", diz Alessandra. "A minha expectativa é fazer a diferença. Vou ter a liberdade de conversar com os alunos, recitar poesia e planejar as aulas conforme o perfil da turma. É diferente da educação formal”, diz a alfabetizadora, que reside no assentamento Paulo Fonteles, em Mosqueiro, e busca ter um olhar de educadora popular para a sua comunidade, carente de educação e respeito.
Alfabetiza Belém
O programa tem como proposta alfabetizar qualquer pessoa acima de 15 anos, incluindo pessoas em situação de rua, trabalhadoras e trabalhadores e pessoas privadas da liberdade, em delegacias e presídios.
Maique dos Santos Martins, de 30 anos, é pedagogo e atuará na delegacia de Mosqueiro. Com experiência em educação popular, adquirida desde a faculdade em grupos de pesquisa, e como voluntário em cursinhos populares como o Emancipa, Maique conta que não conhecia ainda o método ‘Sim, eu posso!’, mas ficou interessado em participar porque é parte do que acredita como educação.
“A formação do ‘Sim, eu posso!” sai completamente da forma histórica de educação", aponta Maique. "É um diferencial que configura um processo humanizado. Pessoalmente, distante dos filtros técnicos da academia, noto a riqueza de saberes. Se cada escola tivesse um pouco de ‘Sim, eu posso!’ conquistaríamos um novo horizonte na educação.É um desafio e estou disposto a enfrentar”, destaca Maique.
Integração
“É muito importante para o programa Alfabetiza Belém (que busca a emancipação do ser social transformador de sua realidade, a partir da consciência de classe) ter o Movimento Sem Terra (MST) como parceiro. Eles têm uma vasta experiência reconhecida na educação popular de jovens, adultos e idosos", afirma o coordenador do Alfabetiza Belém, Fernando Augusto Cardoso Júnior.
Segundo ele, o método cubano "Sim, eu posso!" apresenta uma ideia libertadora educacional, com atividades que vão da psicomotriciadade ao reconhecimento das primeiras letras e palavras, chegando ao processo de consolidação da leitura e escrita.