O que é isso, companheiro?
Imagina se a Esplanada dos Ministérios fosse uma espécie de Seleção Brasileira. Só seriam convocados para entrar no Planalto os craques de cada posição. A bolsa de especulações entraria em ebulição. Palpite de tudo quanto e canto.
Perfil técnico, perfil político, cota dos partidos aliados... Imposição do PT, delírio do Lira, dedo do Lula. Sei lá: ordem da Janja...
Independentemente do critério, pelo menos uma escolha seria praticamente certa nessa lista: Izolda Cela no Ministério da Educação.
Se você não a conhece, pergunte ao pessoal do ramo. Ou ao povo do Ceará. Em 20 anos de vida pública, atuando como gestora da educação, Izolda foi protagonista dos maiores avanços no ensino cearense – e brasileiro.
Em 2007, apenas 39,9% dos estudantes terminavam o 2º ano do ensino fundamental sabendo ler e escrever. Em 2019, foram 92,7%. O Ceará conquistou o melhor Ideb do Brasil entre alunos do 9º ano e o 3º melhor no 5º ano. Tem 79 escolas entre as 100 melhores no ensino fundamental. Na avaliação de diretores e professores, tem sete escolas entre as dez melhores.
Isso explica por que o presidente eleito convocou Izolda Cela, sim, é claro, para ser a ministra da Educação.
O que não dá pra entender, nem desenhando, é por que diabos Lula mudou de ideia. E chamou o senador eleito Camilo Santana para o lugar dela. No tabuleiro da transição, Izolda dormiu ministra e acordou secretária. Foi rebaixada antes da nomeação.
É o gambito do Lula: diferente do xadrez, ele sacrifica a rainha para fortalecer o bispo!
É claro que o engenheiro agrônomo, ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana tem seu valor. Mas não é a melhor escolha para a pasta da Educação quando se tem Izolda. Ela não apenas é do ramo: é craque.
Em um país marcado pelo governo trágico do Capitão, que teve quatro ministros da Educação, um pior do que o outro, Lula abre mão de uma profissional de ponta, que há 20 anos vara governos municipais e estaduais comandando a educação cearense.
Neste mesmo Brasil, que amarga a última posição em qualidade de ensino no ranking de 63 países, Lula desconsidera a mulher que conduziu o Ceará ao topo do ranking nacional da educação e chamou a atenção da ONU.
Exatamente neste patropi, cujo presidente é reconhecidamente misógino, coleciona agressões a mulheres e tem apenas uma ministra na equipe, Lula abre mão de fortalecer a representatividade feminina no Poder Executivo, deixando de fora a primeira mulher a se tornar governadora do Ceará, com case de sucesso na educação.
Por quê?!
Porque é mulher? Porque não é do PT?
Não faz sentido, para quem se elegeu defendendo diversidade e prometendo um governo de coalizão.
Pra não dizer que não falei de flores, é como se, domingo que vem, na final da Copa do Mundo, o técnico Scaloni barrasse o Messi na seleção da Argentina. Ou o Deschamps deixasse no banco o Mbappé.
Pior ainda. É como se, numa decisão por pênaltis, o técnico da Seleção Brasileira chamasse o inexperiente Rodrygo pra cobrar primeiro, tendo um Neymar à disposição.
Bem, isso a gente já viu, né? Dá merda.
Mesmo assim, na seleção do Ministério, Lula repete a boçalidade de Tite e esquece a velha lição de Neném Prancha:
“Pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube.”