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Propaganda de prefeitura. Quem é o marqueteiro ideal?

Por Glauco Lima (glauco@hineo.com.br)

O município é onde o ser humano tem mais relações com o poder público. Nesse caso, com a Prefeitura Municipal.

As relações vão desde o pré-natal até o funeral.

Prefeitura é responsável por atendimento médico, creche, merenda escolar, limpeza urbana, mobilidade humana, estímulo para geração de trabalho, por tudo na vida das pessoas e até mesmo depois da vida, já que as Prefeituras também respondem por serviços funerários e pelos cemitérios públicos.

Por isso, mesmo antes do surgimento da internet, das redes sociais na web e dos aplicativos de mensagem, fazer comunicação já era uma atividade fim e não apenas uma atividade meio para as gestões públicas municipais.

O surgimento da chamada comunicação digital provocou logo de saída uma sensação animada nas prefeituras e gestores, onde parecia que iria ficar mais fácil e gratuito fazer propaganda e publicizar os atos e obras do governo.

A sensação era de ter surgido mais um meio próprio, onde seria rápido divulgar e prestar contas do que está sendo feito na cidade. Mas o desenvolvimento da dita mídia online mostrou uma complexidade enorme, apesar de algumas facilidades terem se confirmado.

Comunicar pelos meios digitais exige mais trabalho, mais enfrentamento político-eleitoral, mais inteligência, mais esforços, mais gente e maior produção, para que os resultados sejam além dos que já eram oferecidos pela boa e velha televisão, o rádio e o panfleto.

As big techs, ou tech giants, donas das principais plataformas de redes sociais na web,  são controladas por poucas empresas transnacionais, corporações que visam lucros cada vez maiores e impõe dificuldades para os anunciantes,  para assim venderem caro as facilidades.

É evidente que o impulsionamento pago em redes sociais web e mecanismos de busca na internet, dos bons conteúdos da prefeitura, amplia o alcance e cria um engajamento valioso, que antes não se tinha na mídia de massa.

Além disso existe o fantástico recurso das métricas em cima do lance, permitindo reforçar ou corrigir ações táticas e melhorar a performance do investimento publicitário. Mas sempre existe a limitação de se estar falando com a já famosa bolha.

Mesmo mais ampliada pelo tráfego pago, ainda é bolha, correndo-se ainda o risco de ser invasivo, já que embora pago, o algoritmo entrega a propaganda para pessoas que demonstram algum interesse por política, governo ou temas correlatos, o que não é garantia de que vão receber bem a propaganda de administrações públicas.

Ou seja, segue a questão: como dialogar com gente fora do aquário? Como fazer a comunicação da Prefeitura ser relevante para todos os munícipes? Como ser percebido como algo útil e não apenas como alguém que quer só vangloriar dos seus feitos e proezas?

É aí que entram cada vez mais os chamados aplicativos de mensagem, que deixaram de ser meio de comunicação pessoal e se tornaram meios de comunicação social. Sem deixarem de ser pessoais.

Por isso, quando uma prefeitura consegue permissão do cidadão para dialogar por whatsapp, telegram, sms ou rcs, essa instituição deixa de ser uma fria e distante organização governamental para ser um contato pessoal e íntimo da pessoa.

Dessa forma, na comunicação de governo no século 21, a grande arte é capturar contatos novos fora da bolha, conseguir permissão para conversar com eles e fazer uma comunicação que seja prestadora de serviços para a pessoa, que ajude a resolver os problemas dela, que a leve para soluções efetivas.

Uma Prefeitura, por menor que seja o município, presta dezenas e as vezes centenas de serviços ao cidadão. E hoje, quase todos os moradores de um município, independente de serem do bairro nobre ou da periferia, todos vivem no celular.

Trabalhar para que o acesso aos serviços públicos esteja nesse aparelho, acessível, descomplicado e encaminhando para resoluções dos problemas das pessoas, como já fazem muitas empresas do mundo privado, é a grande realização a ser buscada não só pela comunicação, mas por todos os órgãos de uma gestão.

Criar uma espécie de poupador de tempo e de gastos na mão do cidadão, fazendo de cada celular uma agência de serviços.

Isso é possível e é urgente.

Trabalhar cada vez mais para isso, torna a gestão mais inclusiva, constrói grande obra sem precisar construir prédios, reduz filas e esperas, diminui desperdícios de dinheiro e cria um imenso banco de informações geradas por esse relacionamento.

A Prefeitura fica conhecendo profundamente as razões das carências, das dificuldades, da evasão escolar, da desistência da consulta na unidade de saúde, da redução da arrecadação, pode minerar esses dados, perceber micro e macrotendências e assim não só melhorar sua comunicação, mas fazer políticas púbicas mais conectadas com a vida real do ser humano.

Para ser ter uma ideia de como isso é totalmente viável, municípios como Recife, já transversalizam a tecnologia para todas as áreas de atendimento ao cidadão. A capital de Pernambuco já conta com mais de 55% da sua carta de serviços digitalizados.

Isso significa mais de 250 serviços públicos facilmente nas mãos das pessoas, 24 horas por dia, sete dias por semana, com algo em torno de 45 mil acessos diários via conectaZap.

Ao se aproximar da pessoa prestando serviços, ajudando a resolver uma bronca, a Prefeitura tem muito mais chances de conseguir a permissão exigida pela lei, para entregar outros conteúdos para essa pessoa. Conteúdos educativos, informáticos, de esclarecimento, desmontadoras de mentiras, de fake news e que prestem contas com o contribuinte.

E essa comunicação mais direta, não corre o risco de ser vista como gasto com propaganda pela propaganda, crítica recorrente aos esforços de publicidade dos governos.

Ao receberem esses conteúdos, essas pessoas se tornam organicamente  ativistas favoráveis da Prefeitura, disseminando seja nas suas relações online (grupo família do whats app) ou nas relações offline ( bate papo da fila de banco) , as versões, realizações, esclarecimentos, desmonte de teorias da conspiração, ou seja, sendo divulgadores do trabalho, da vacina, do ensino público, das mudanças no trânsito, sem serem cabos eleitorais, filiados ao partido ou qualquer condição que torne suspeito o posicionamento.

Milhares de pessoas anônimas no dia a dia, influenciadores naturais, ajudando a gestão a construir uma narrativa, a propagar e dar publicidade aos bons esforços do governo.

A comunicação de muitos para muitos, ao invés apenas da comunicação chapa-branca.

Esse é o caminho para conseguir o melhor publicitário para a Prefeitura, a amplificação da propaganda boca a boca, agora com a força da comunicação zap a zap.

Fazer transformação digital da comunicação e da própria forma de governar.

Usar os recursos da tecnologia, da automação, para humanizar, se relacionar, cuidar melhor de gente e fazer do governo um efetivo promotor de bem-estar social.

E bem-estar pessoal!

Esse é a forma de conseguir o propagandista ideal para a gestão: o povo!


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